Esqueci de mencionar aqui, mas hoje falei com um antigo colega de faculdade, que hodiernamente pertence ao PSD, integra o governo (gabinete de um ministro) e é uma das pessoas próximas do Montenegro. Eis algumas coisas que me disse sobre a campanha:
1. A AD recorreu não a uma, mas sim a duas empresas para as sondagens internas: a Consulmark (como o
@Teófilo Cubillas disse) e a Pitagórica. Essas sondagens internas dão uma vantagem de 3 p.p. à AD. Lembrei-me de partilhar isto porque a sondagem que partilhas é precisamente da Pitagórica, cujo dono é do PSD. Tenho de ser justo; se digo da Aximage, também tenho de dizer dessa, embora a Pitagórica seja em geral uma empresa mais fiável, não se coibindo de dar vantagens ao PS.
2. O Montenegro anda muito em baixo, devido aos casos que o envolvem e também a certos problemas pessoais que não especificou. A pessoa em questão conta com uma derrota dele no debate contra o PNS amanhã.
3. O PNS anda numa formação constante de media training com os maiores especialistas da área há um ano. Tem-se preparado consistentemente. No entanto, não tem propriamente mão no partido; recambiou a Leitão para Lisboa porque já estava a ver que tinha o lugar dele em risco. Não existe qualquer relação entre PNS e Montenegro, não se dão nem falam regularmente.
4. A pessoa partilhou comigo que existe um receio no círculo próximo do Montenegro de que saiam notícias desfavoráveis nos últimos dias de campanha. Subentendi que há casos piores do que os que saíram ao público.
5. O Ventura teve uma reunião com o Montenegro há um ano e tal, onde pediu um cargo no governo em troca de apoio parlamentar. O Montenegro disse que noutro contexto o colocaria lá, mas que o Ventura se extremou muito na forma como comunica e que o eleitorado do PSD não aceitaria uma coisa dessas. O Ventura amuou e cortou relações de vez com ele (relações essas que supostamente já não estavam nos seus melhores dias). Supostamente, o não é não surgiu após essa reunião. O Montenegro e o Ventura já foram grandes amigos há alguns anos, gostavam muito um do outro. Agora odeiam-se (o Ventura odeia-o mais do que odeia qualquer outro candidato de esquerda).
6. A IL quase de certeza integrará um governo da AD. Apenas na eventualidade de os resultados finais ficarem muito aquém do expectável é que tal não acontecerá.
7. O Montenegro tenta evitar o Marcelo ao máximo. Não apreciam a personalidade um do outro. O LM preferia particularmente o Paulo Portas para PR, mas considera que o Marques Mendes é mais fácil de domar, embora tenha medo de que seja um Marcelo 2.0. Preferiria até um Almirante, no entanto tem receio de que seja demasiado independente. O Marques Mendes é a escolha somente por razões políticas.
8. Ainda que tenha mão firme sobre o partido, duas alas do PSD estão preparadas para atacar o poder se o Montenegro não ganhar - a ala mais à esquerda e a ala passista. O Montenegro tem noção disso, já tendo elaborado um plano de continuidade caso não ganhe as eleições (Hugo Soares ou Leitão Amaro). O Passos Coelho contava com uma derrota em 2024 para se voltar a candidatar à liderança do PSD e ser PM em 2025 ou 2026.
Isto foi o que me transmitiu. Se é tudo verdade, não sei, mas o tipo é mesmo muito próximo do círculo de poder do PSD. Recusou ser deputado para integrar o gabinete de um ministro, onde ganha mais. Provavelmente será secretário de Estado se a AD voltar a ganhar.