Um resumo sucinto QB mas factual e histórico das populações da zona que hoje chamamos Israel e Palestina (e mais a vizinhança próxima).
Os registos antigos de presença na região, além dos ditos israelitas/hebreus são dos cananeus, os amoritas (povo proto-babilónico) os perizeus (um povo proto-histórico registado historicamente nas Cartas de Amarna),filisteus, nabateus,arameus, edomitas, fenícios...
A coisa manteve-se mais ou menos assente assim entre hebreus que eram a maioria e controlavam o território a sul de Acre até Beersheva, da costa ao Jordão entre esses pontos.
Os fenícios controlavam a zona que é hoje o Líbano e norte de Israel, mais ou menos de um pouco a norte de Beirute até Acre.
Os Filisteus organizados em cidades independentes controlavam Gaza, Ashkelon e Ashdod.
Os Edomitas eram senhores do sul do Negev e Petra.
Os Arameusestavam sobretudo estabelecidos em dois pontos, a este do Jordão.
Os Assírios ou caldeus, a norte na zona da atual Síria, exceptuando Damasco, que era dos Arameus penso.
Os Nabateus ocupavam o que estava a este do Negev.
E isto manteve-se assim até à chegada e durante o controlo Romano pré-era cristã.
A seguir à destruição do templo no ano 70 AD, o saque e arrasamento de Jerusalém e a expulsão dos judeus/deportação depois da revolta de Bar Kokhba.
As comunidades judaicas foram completamente arrasadas e despopuladas apenas sobrevivendo as pequenas comunidades das margens do Lago Tibérias (Mar da Galileia), dos Montes Golã e do Vale de Beit She'an.
Depois disto houve ocupação e colonização do território sob regência romana com pessoas vindas de vários locais do mundo romano, mas sobretudo do leste do mesmo, portanto digamos que gente helenizada do Império. Com o espalhar do cristianismo eram na sua grande maioria cristãos de diferentes origens mas cidadãos romanos.
A coisa manteve-se estável durante toda a duração do Império Romano como unidade e também após a queda do Império a ocidente e a continuidade do Império Bizantino a oriente (ao qual pertencia).
A grande mudança seguinte ocorre com a Expansão Muçulmana no Sec. 7AD onde as conquistas muçulmandas levam a um processo de arabização e islamização e também pela colonização, sobretudo vinda do Egipto, Península Arábica, Curdistão, Magrebe, Bósnia. durante o Império Otomano.
A população nestes tempos era bem menor do que fora durante o período da antiguidade, mas, por força da dita expansão, colonização e arabização era maioritariamente árabe e muçulmana, com minorias túrquicas e também presença de minorias cristãs, quer autoctones quer devido às cruzadas de tempos anteriores. Mantiveram-se as pequenas comunidades judaicas já referidas, mas mais pequenas ainda, e também os Samaritanos. Existia ainda uma pequena comunidade Arménia em Jerusalém (hoje não devem ser mais de 40/50, mas naquela altura ainda eram uns milhares)
Esta figura manteve-se sensivelmente até ao início do Sec. XX, até à queda do Império Otomano e a constituição dos Mandatos, no caso desta região específica o Mandato Britânico.
A História do local é rica em migrações, anexações, disputas.
Faz parte.
A História da Europa também é extremamente rica( não necessariamente distinta) e houve muita coisa que se calhar não se desenrolou da forma mais sábia.
Também faz parte.
A questão da Palestina é de elevada complexidade e um encadeamento de eventos mas as pessoas olham para o acontecimento contemporâneo e tendem erradamente a compartimentalizar as coisas.
A questão do direito ao território e como/quem o determinou é uma questão central.
Aquele sítio nunca foi auto determinado pelos habitantes locais.
Quem teve os direitos sobre o território é que sempre determinou o que acontecia lá.
E esses direitos foram conquistados pela força das armas/anexação.
Não é chique, não é woke mas foi como foi.
Não vamos negar a História só porque a luz da nossa compreensão actual, muitas das situações não se conseguem compreender.
Adiante...Otomanos levam na tromba dos ingleses.
Ingleses a mandar no local!
Nessa altura intensificou se o movimento dos judeus para o local, com todos os eventos que eu aqui descrevi( o ludibrirar ingles aos árabes e aos judeus, Acordo Sikes Picot, etc) a acirrar as tensões.
Depois há talvez a decisão, no meu entender mais decisiva para tudo isto.
Que é no pós WWII a criação dos 2 Estados.
Ninguém pode dizer que não era um solução equilibrada porque era.
E depois...fodasse ninguém no seu perfeito juízo recusa algo engendrado pelas potências recém vencedoras da WWII.
E curiosamente voltamos ao início da História quem ganha manda!
A falta de inteligência e de percepção situacional dos árabes em 1947 é algo que ainda hoje é lamentado por alguns schollars árabes que todos dizem todos que " Mesmo que na altura nos parecesse um acordo desvantajoso, deveríamos ter assinado".
Isto é unânime na comunidade secular árabe.
Os árabes acharam que conseguiriam destruir algo que as potências vencedoras da WWII determinaram.
E para isso encetaram 2 guerras.
Agora diz me:
Valeu a pena? Ganharam algo com isso?
Depois há 2 narrativas que temos de desconstruir.
1a narrativa é genocídio.
A minha questão é o que foram as tentativas de 1948 ou 1967?
2a narrativa é o Nethanyau é uma impersonação do mal.
Pah...o Nethanyau não é de todo flor que se cheire.Oportunista, tem uma visão muito particular histórica do local e é um orador perigoso mas um senhor chamado Al Huceimi que era o Mufti de Jerusalém( nomeado pelos Ingleses) é só o pai do fundamentalismo religioso e um Nazi Lover bem documentado.
Rezam as más línguas que foi ele que disse a Hitler para queimar os judeus( não está provado documentalmente).
Ora estamos a falar de um lider espiritual de um povo associado a lodo da Humanidade.
Portanto as coisas não são assim tão simples para se olhar para elas com tanta visão em túnel.