Não é razoável crer que a Rússia aceitaria a expansão da NATO nas suas fronteiras.
Ninguém precisa da aprovação da Rússia para nada. Aliás, essa própria questão da "promessa ocidental" sobre a expansão da NATO é bastante controversa, ao ponto de personagens centrais - como Gorbachev - voltarem atrás sobre afirmações que fizeram a esse respeito.
Tal como os Estados Unidos não desejavam mísseis em Cuba ou não permitiram um qualquer pacto de Varsóvia que incluísse o México.
Hmm, estamos a comparar o auge da Guerra Fria com a conjuntura após a queda do muro de Berlim? Esquecemo-nos do projeto soviético na Europa aquando do fim da segunda guerra? De todo o modo, a crise dos mísseis em Cuba foi - utilizando linguagem típica dos americanos - "a major fuck-up" do JFK. Foi uma resposta claramente desadequada. O mundo mudou muito, no entanto.
De todo o modo, essa é uma desculpa utilizada pelo Sr. Putin para prosseguir os seus desejos imperialistas.
Podemos discutir se sim ou se não, se é justo ou injusto, se os países têm ou não liberdade para aderir a determinados sistemas de aliança...
A resposta é sim: têm a liberdade.
Tal como se exigiram condenações sem "mas" aquando da invasão russa e dos actos de terrorismo do Hamas, a limpeza étnica levada a cabo por Israel não merece a mais pequena tibieza. Mais de 40 mil mortos, um território arrasado, escassa ajuda humanitária... não é esta a altura de enquadramentos.
Não percebo essa questão das condenações "sem mas" da invasão russa. Não tivemos forças diversas a tentar justificá-la ou atenuá-la? Aliás, várias dessas forças não estão agora a exigir uma condenação "sem mas" da ação genocida de Israel?
As duas situações não se comparam. Na Ucrânia, temos um país que sempre foi vítima do imperialismo russo. Não existiu nenhuma ação violadora do Direito Internacional por parte da Ucrânia perante a Rússia.
Por outro lado, Israel e os representantes da Palestina possuem uma história periclitante, em que ambos os lados já assumiram em distintos momentos tanto a posição de vítima como de agressor.
Neste momento, parece-me inequívoco que Israel está a agir de forma desproporcional, podendo os seus atos ser tidos como genocidas. Só não sei o que é esperado dos restantes países; afinal, não é a verdade "a do poder"? É que, lendo a tua mensagem, afigura-se-me uma defesa das cedências da Ucrânia à Rússia, pois aquela não encontra respaldo nos seus aliados ocidentais. Não deve o mesmo, nesse sentido, ser aplicado ao conflito em Gaza? Atente-se que sou completamente contra qualquer cedência nos dois planos; a Ucrânia tem direito a conformar a sua rede de alianças e ao respeito da sua integridade territorial, enquanto a Palestina tem o direito de existir enquanto estado e de não sofrer a limpeza étnica levada a cabo por Israel.