Misturaste tantos conceitos e discussões diferentes que já tivemos aqui. Nem sei por onde começar, portanto vou por 3 ideias-base:
1. Já falámos sobre as necessidades laborais que a imigração resolve. A menos que defendas acabar com a agricultura, construção civil e os serviços não qualificados, vais sempre ter remunerações abaixo da média e próximas do salário mínimo. Não vou bater novamente na tecla que é necessário aumentar as remunerações globais no país, deixei uma proposta de como o fazer no post que citaste.
2. Atrasos nas rendas existem, mas estão longe de ser uma maioria. No entanto, os contratos de arrendamento em Portugal precisam de uma revisão. Existem formas de agilização e de estabilização dos mesmos, como os sistemas de pontos e regimes de mediação obrigatória, mas também ajudava que os contratos não fossem anuais e renováveis. Isso existe por duas razões: não há vontade de investimento nos próprios imóveis, nem existe facilidade de despejo em casos de incumprimento ou outros de justa causa (que não existem de qualquer forma em contratos de curto prazo, porque a legislação não permite despejar menores, idosos, pessoas com deficiência, famílias de baixos rendimentos, etc).
3.Ninguém propôs obrigações. Desvias a atenção do principal problema que é existir património desaproveitado que é uma escolha pessoal com consequências financeiras, como seguro, limpeza ou IMI, e possíveis agravamentos do mesmo que estão a ser implementados por municípios. É uma escolha desvantajosa. Existem três opções: como segunda habitação (válida), vender (válida) ou desabitada só porque sim e a incorrer em prejuízo. Qual o objetivo da última?
PS: o IHRU lançou hoje um estudo sobre o tema.
Dos 723 mil fogos vagos em Portugal, 485 mil estão em condições de ser habitados, mas destes apenas cerca de metade estão no mercado para venda ou arrendamento.
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