E, no entanto, a saúde estava melhor no tempo do neoliberal Passos comparativamente com o do social-democrata Costa. Além disso, a educação melhorou com o neoliberal Passos comparativamente ao Socas, e voltou a piorar com o grande Costa.
Quem ler isto, até pode pensar que gosto do Passos ou do neoliberalismo. Não gosto. Mas definir a priori se as pessoas que acreditam nisso estão completamente erradas é um auto de fé. Tal como a crença das pessoas no governo da AD para mudar isso também não passa de um auto de fé.
Sei que, ao contrário de todas as expectativas, os serviços públicos estavam melhores aquando do governo do gajo mais à direita que este país já viu do que no tempo dos sociais-democratas.
Não me verás aqui defender o grande Costa em questões como a saúde ou a escola pública.
Mas não sei se estavam assim tão melhor e se isso não será uma visão romântica com mais de 10 anos de distanciamento.
Sei que o desinvestimento da escola e no SNS durante a troika foi o maior dos últimos 20 anos. E até podemos argumentar que foi essencialmente a cortar sectores ineficientes (como se o governo do Passos Coelho fosse o precursor do DOGE antes do próprio DOGE existir) mas acima de tudo incidiu na redução de profissionais de saúde, no corte do orçamento dos hospitais, em restrições à contratação de novos profissionais de saúde, no atraso em investimentos criticos em hospitais e equipamentos médicos, no congelamento da contratação de novos professores como o consequente aumento do número de alunos por turma, em cortes no financiamento de universidades e ensino politécnico, na redução do apoio social escolar, no fecho de escolas no interior etc etc. Achar que as coisas ficam melhor depois disto é que é um auto de fé.
Não é preciso ser profeta para perceber que o governo de Montenegro terá como missão principal gerir crises. No essencial, porém, irá dar continuidade à tendência dos últimos anos: a transferência progressiva de sectores fundamentais para a iniciativa privada porque os serviços públicos não são satisfatórios nem conseguem tratar de todos, com as consequências que isso tem para os portugueses no final do mês.