Como vou relacionar poder com direita se quem governou mais na minha vida foi um partido de centro-esquerda? Os poderosos são de quem lhes der mais benefícios - estes anos todos foram PS, PSD e CDS. Entretanto, o CDS foi substituído pelo Chega e podes acrescentar a IL. O PCP tem os seus próprios métodos de financiamento e o Bloco de Esquerda é uma incógnita.
Não sei. Diz-me tu. Eu mandei uma piadola com nomes de pessoas com prestigio e tu relacionaste poder com direita quando a minha intenção era relacionar poder com privilégio. Não é o que se acusa o Bloco de ser? Um conjunto de miúdos mimados e privilegiados que se chatearam com os papás e adoptaram a esquerda populista?
E eu não sou ingénuo, por favor. Estou farto de saber que o dinheiro não tem ideologia.
Não precisas de estar vivo durante x era para aferires as realidades dessa mesma era. A história, combinada com outras disciplinas, permite-me saber o quão ruinosos foram esses tempos para o nosso país.
O tempo pós-revolucionário deve ter sido um tempo maravilhoso, em que um partido de direita tinha Centro no nome, o Sá Carneiro fazia discursos inflamados, em que dizia que o objectivo do seu partido era a construção do caminho para uma sociedade socialista e figuras públicas, actualmente respeitadas, faziam parte de organizações terroristas que, inclusivamente, chegaram a assassinar figuras menores do clero. E eis-nos chegados, cinquenta anos depois, e o Cónego Melo tem uma estátua e um prestigiado parque de estacionamento em seu nome.
Podes usar todas as métricas que quiseres: o Vasco Gonçalves era de extrema-esquerda. E tu, com todo o respeito, és um pouco hipócrita para acusar-me disso, quando dizes que um integrante (ou ex-integrante, um «jovem turco») da ala esquerda do maior partido de centro-esquerda português tem SÓ (enfatizo o só!) ideias de direita.
Mais uma vez partes de um pressuposto errado e constróis uma narrativa em cima disso, que é difícil de desmontar.
Mas como já é para aí a quarta vez que falas nisso, sou obrigado a esclarecer que nunca disse que o jovem turco em causa SÓ tinha ideias de direita. Disse que não tinha ideias de esquerda.
Sobre o jovem turco: Mais do que ideias, que as levam o vento, enquanto político com responsabilidades governativas, esteve envolvido em polémicas com a extracção do lítio, sendo que uma pessoa de esquerda estaria com certeza do lado da população contra a especulação lucrativa das grandes empresas. Esteve envolvido em polémicas de corrupção, que inclusivamente levaram à queda do governo, e em negócios obscuros, mais uma vez em favor das grandes corporações. Por outro lado temos ("temos", como quem diz, têm eles) finalmente a ala esquerda do PS a tomar conta do partido e onde caralho está o Galambas? Praticamente sozinho a criticar o partido por causa do provável chumbo do IRS jovem, ignorando completamente uma das poucas ideias de esquerda que ainda subsistem neste período de capitalismo desenfreado, que é a progressividade dos impostos que incidem sobre o rendimento das pessoas.
Pá, o Galamba era muito edgy na rede social blogosfera há 10 anos atrás? isso interessa-me pouco. Na prática, é um merdas.
Tu deves achar que bebo da mesma cegueira ideológica, mas posso tranquilamente dizer que já votei à esquerda do PS. Não, não considero que qualquer pessoa à minha esquerda é de extrema-esquerda; o BE é um partido de extrema-esquerda, principalmente desde que a camarada Mortágua assumiu as rédeas. Metias um Pedro Filipe Soares, figura com a qual não simpatizo, e talvez a minha resposta seria diferente.
Partidos populistas extremistas residem nas minhas linhas vermelhas, motivo pelo qual NUNCA votarei nem no BE, nem no Chega, por exemplo.
Buéda simbólico é preferir comentar o facto da mulher de um ministro fazer-lhe a mala, sem qualquer contexto, acusando-o de machismo. Buéda simbólico é usar expressões como "direitolas" (e o mesmo raciocínio aplico a esquerdalha). Buéda simbólico é acusar pessoas de esquerda - e que o são conforme a opinião generalizada - de terem SÓ ideias de direita.
Além disso, estou a cagar-me se as pessoas, em abstrato, criticam o partido A, B ou C, independentemente de ter votado nele. Um político tem de ser cobrado, tem de ser julgado e tem de ser insultado se as circunstâncias assim o exigirem.
Quando uma pessoa vota num certo político, deve estar atenta e requerer tudo aquilo a que tem direito do mesmo; infelizmente, na sociedade atual (embora tal já se manifestasse antes, cada vez mais é assim), as pessoas são GADO de partidos - votam neles e defendem-nos com unhas e dentes. Não aceitam que os denominem de esquerdalhas, de extrema-esquerda, de direitolas ou de extrema-direita.
Portanto, a tua acusação de simbolismo é errónea por natureza. No máximo, acusa-me de ser um velho do Restelo, pois passo a vida a criticar tudo e todos na política - reitero, tudo e todos, votando ou não neles. Só "defendo" algo na política quando me parece extremamente injusto o que dizem ou fazem acerca desse tocante. E isso, meu caro amigo, faço inobstante da cor partidária.
Sou apenas um observador.
Desabafar faz bem.
Vale por muitos anos de terapia.
Eu gosto da camarada Mortágua, como gostava da camarada Martins, porque é mulher, e tem aquela característica muito própria de certos sectores da população (mulheres, homossexuais ou minorias étnicas), que é deixar o homem branco cis e heterossexual muito desconfortável ao ver a sua própria pila, outrora símbolo do poder, mirrar de uma forma inexplicável.
As Mortáguas a cantar "as fufas unidas, jamais serão vencidas" na Avenida da Liberdade? Não há nada mais sexy do que isso. Um gajo até se esquece daquele focinho de fuínhas.
Espero um dia ver-te no Barra Mar ou no Galeão para falarmos destas questões mais a fundo.
Eu agora mudei-me um pouco mais para sul. Vou mais ao Miradouro do que ao Barra Mar's (atenção ao apóstrofo s) e prefiro o Piano Bar ao Galeão.
Reconheces-me logo, sou o gajo de boina e viola, pin do Salvador Allende, a tocar Manu Chao e canções da revolução.