Eu torço sempre o nariz quando se fala em "criar emprego no interior para que as pessoas se fixem". A agricultura não é um objetivo para as novas gerações e o interior de Portugal não é propriamente cobiçado.E incentivar a pastorícia e a agricultura no interior, criando emprego e riqueza que faça as pessoas se fixarem ou deslocarem.
E tornar a limpeza das propriedades florestais menos onerosas, ou até rentáveis, e não um encargo insuportável para muita gente.
E criar redes amplas de aceiros/corta-matos, devidamente inspeccionados antes de cada verão, procedendo à limpeza necessária.
E criar um raio de 50 mts à volta de cada aldeia onde não fosse permitida florestação e apenas alguma agricultura de subsistência que não incluísse árvores de fruto, p.e.
E criar em cada aldeia um ou dois pontos de água: reservatório, tanque, poço, etc, consoante as possibilidades de cada freguesia/município, permitindo aos próprios habitantes, serem eles próprios os primeiros agentes de combate e defesa das suas casas e propriedades.
E, e, e...
Tens bons exemplos de gestão territorial na Europa Central, que demonstram não ser necessário ter assim tantos sobrecustos.
Passei o último ano a fazer viagens Hamburgo - Amesterdão, muitas vezes de comboio e é uma diferença radical para aquilo que estamos habituados em Portugal. O mundo rural, por estas bandas, obviamente com diferenças orográficas à parte, é de uma organização milimétrica, com agricultura controlada e altamente segmentada. Não os geres, apanhas multa.
Portugal terá sempre um risco maior de incêndios, devido às temperaturas tropicais e aos eventos extremos cada vez mais comuns causados pelas alterações climáticas. Mas começa pelo planeamento da própria agricultura em três pontos:
1. como queremos dividir o território;
2. o que queremos produzir;
3. quais os riscos e vantagens dessas decisões.
E não ter medo de revolucionar o setor, com mais mecanização.