Há quem acredite que os imigrantes ilegais em Portugal estão a viver à grande — com subsídios do Estado, casas pagas, massagens nos pés e talvez até um cartão especial para marisco aos domingos. E quem anda a espalhar esta história? Pois claro, o pessoal do Chega. Aqueles que, de tanto falarem em "subsídios aos ilegais", devem achar que o Estado português funciona como uma feira de Natal: chegas, pedes, recebes.
Vamos então explicar como realmente funciona este fabuloso sistema de apoio secreto aos imigrantes ilegais.
Tudo começa com uma funcionária da Segurança Social, sentada à secretária, a emitir cheques. Ela passa horas a passar papelinhos para pessoas reais, com nomes reais, NIF real, morada e contribuições feitas. Mas de repente — ZÁS! — tem uma epifania.
“Espera aí… esqueci-me dos ilegais! Que cabeça a minha! Os que não têm nome no sistema! Os que não estão registados! Como é que lhes vamos mandar os cheques?”
Fácil. Ela levanta-se, abre a janela, assobia três vezes e lá vêm mil pombos-correio, altamente treinados pela ala revolucionária da Segurança Social. Cada pombo leva um cheque em branco no bico, porque, claro, os imigrantes ilegais não têm nome no sistema, então têm de preencher eles mesmos:
Nome: o que quiserem.
Valor: o que lhes apetecer.
Assinatura? Para quê, se são ilegais e não existem oficialmente?
E lá vão os pombos a voar em formação, lindos, poéticos, uma coisa cinematográfica, rumo ao Martim Moniz, à Mouraria, ao Baixo Alentejo… a espalhar cheques pelo vento como se fossem bênçãos do Estado Social Oculto.
Os imigrantes, ao verem os pombos, correm em júbilo:
“Olha o nosso subsídio! Chegou o dia de escolher quanto queremos este mês!”
É ou não é bonito? Um sistema flexível, poético, quase mágico. Só falta um unicórnio da Segurança Social a supervisionar o processo e um drone a distribuir pastéis de nata.
Ironia à parte, a realidade é esta: os imigrantes ilegais não podem receber subsídios sociais, porque… são ilegais. Não estão registados, não têm número de beneficiário, não estão nos sistemas da Segurança Social. Ponto.
Quem recebe subsídios são imigrantes legais, que trabalharam, descontaram, e como qualquer trabalhador, têm direito a proteção no desemprego. É a lei. É a lógica. É o mínimo de justiça.
Mas, claro, é mais fácil gritar "subsídios aos ilegais!" do que fazer contas ou ler legislação. Afinal, o populismo vive disso mesmo: do disparate embrulhado em indignação patriótica.