a tia do Jonet é presidente do banco alimentar mas tem mentalidade de beta rica sem empatia...
Mesmo o conceito base do que o Banco Alimentar faz merece reflexão. Estar à porta de grandes superfícies a pedir donativos a pessoas que muitas vezes mal conseguem fazer as suas próprias compras — e, ao mesmo tempo, contribuir para o aumento dos lucros dessas mesmas superfícies — é no mínimo questionável. Curiosamente, na minha zona, nunca os vejo à porta das poucas mercearias tradicionais que ainda resistem. Porque não fazer essas campanhas directamente com as grandes superficies e ter uma porta aberta algures para que, quem quiser, possa contribuir em qualquer altura?
Quanto ao RSI e à relação com o trabalho, é importante lembrar que as pessoas não são meras ferramentas destinadas a produzir lucro. Pense-se, por exemplo, numa mãe com três filhos entre os 2 e os 10 anos, com baixas qualificações. Na melhor das hipóteses, conseguiria um emprego com salário mínimo, que lhe ocuparia pelo menos 10 horas por dia — e sem ninguém com quem deixar os filhos durante esse tempo. Não fará mais sentido, para a sociedade, garantir-lhe um rendimento para que possa estar em casa e cuidar das crianças, desde que cumpra certas condições, como assegurar a frequência escolar e o sucesso educativo? Isso seria igualmente bom para a pirâmide demográfica e para a falta de crianças no país.
Vivemos numa cultura fortemente marcada pelo individualismo, onde se aponta o dedo aos outros pelos nossos próprios fracassos e desilusões. Esquecemo-nos, muitas vezes, do que é viver em comunidade e de que não somos apenas instrumentos ao serviço do capitalismo.