Concordo integralmente com o teu comentário. Sim a manutenção do Lucho pode dever-se mais a questão de oportunidade do que a uma estratégia premeditada. Mas intencional ou não a manutenção do Lucho deu a estabilidade para valorizar outros activos durante muitos anos. E mesmo que esse feliz acaso não tenha sido intencional a compreensão da importância de manter um jogador de craveira internacional a ligar o jogo deveria ter sido retida como uma "lição" pelo exemplo positivo e devia-se ter tentado replicar para o futuro o que até então tanto sucesso tinha dado. Descurar este ponto na construção de uma equipa e vender o Vitinha ao primeiro bom ano que fez foi um erro a meu ver.Manteve-se o Lucho, até o vender ao mesmo tempo que Licha e o Cissokho... e fomos buscar o Tomás Costa e o Belluschi (valeu aquele Outono/Inverno de 2010!) que floparam. Em 09/10 o terceiro lugar passa muito pelo túnel, mas também pela falta de alguém capaz de substituir o Lucho... visto Guarín, Tomás Costa e Belluschi não estarem à altura.
Mas também, era mais fácil manter um Lucho que um Quaresma, um Anderson, ou um Pepe. Porque não apareceu nenhum tubarão, e o jogador nem queria sair do Porto. De resto, as saídas fizeram sempre sentido cronologicamente falando.
O McCarthy, que não foi substituido, tinha vindo em 2003.
O Pepe em 2004... o Anderson foi inesperado e irrecusável na altura. Nem o puto iria ficar cá a bem.
O Bosingwa tinha vindo em 2003, o Quaresma em 2004.
O Lucho e o Licha eram cronologicamente os próximos no pipeline: tinham ambos chegado ao clube em 2005. O Cissokho foi aquela surpresa. E depois da situação do milan... o jogador não queria ficar... ou seria demasiado caro.
Depois sairam Meireles e Bruno Alves. Bruno Alves era das "escolas", mas só se estabilizou no clube em 06/07. O Meireles veio em 2004, mas também só começa a ganhar o lugar em 05/06 (já em 2006) e só se consolida em 06/07.
Portanto, não identifico aí uma estratégia de segurar o Lucho... vejo uma gestão dos jogadores de uma forma cronológica e a aproveitar negócios de ocasião e o pico de valorização do jogador... ou a última hipótese (pela idade) de fazer bom dinheiro pelo jogador.... precisamente o que deixamos de fazer bem, não só no tempo do SC, mas já um bocado antes. Porque desportivamente, teria sido melhor vender outro e manter o Lucho.
No caso do James e Moutinho foi semelhante. O Mónaco oferecia o valor da cláusula 45M, um grande ordenado... e o Mourinho estava a chegar ao ponto de ir fazer o contrato da carreira. Nunca iria aparecer um tubarão, porque falta-lhe altura e golo... o Mónaco na altura em termos de ordenado foi o resolver da sua situação financeira. E ele tinha custado 15M, por isso era altura de reaver o investimento.
E sim, sei o que dirão: "era inevitável", "o Porto tem que fazer dinheiro", "ele ainda ficava aqui contrariado", "ainda ficava aqui até terminar o contracto e saía a custo zero", etc... para todas estas afirmações eu teria as seguintes respostas (no caso do Vitinha):
- "era inevitável" - Sim, mas isso não impede que se possa adiar o inevitável e convencê-lo a ficar mais 2 ou 3 épocas com a promessa que depois disso o vendemos a um Liverpool ou a um Real Madrid..
- "o Porto tem que fazer dinheiro" - Pois tem, e a melhor maneira de fazer dinheiro é aguentar os jogadores que não vão desvalorizar no horizonte temporal de 2 ou 3 épocas e tirar o máximo proveito desportivo por via de receitas da Champions e porque como no futebol há interdependências quiçá ele valorize um avançado fruto das belas assistências que irá fazer.
- "ele ainda ficava aqui contrariado" - a subir o salário um bocadinho para lá dos limites do FC Porto, a prometer-lhe que passados dois anos tentaríamos enquadrar as preferências dele na nossa escolha de venda, convencendo-o que se ele cimentar o seu estatuto no Porto pode até ser menos arriscado do que se sentar num banco de um grande clube, etc. Estes e outros argumentos seriam possíveis... e para além do mais ele é portista
- "ainda ficava aqui até terminar o contracto e saía a custo zero" se se der um contracto de 3 ou 4 anos isso está mais ou menos acautelado e se a coisa começar a apertar é pagar-lhe um bocado mais e ver o argumentário acima...
Mas quando falo com a maioria dos portistas todos vêm isto com alguma fatalidade. Não há nada a fazer. É pegar em 45M e deixa-lo ir. Não, com arte e engenho penso que se poderia ter feito de outra forma tanto mais que o benfas vendeu um jogador pior que o Vitinha para o mesmo clube por mais dinheiro. Sim, é possível fazer melhor.