Não, tu é que não entendes as diferenças.
A diferença entre vender jogadores no pico da valorização ou guarda-los até ao último ano ou mesmo ao final do contrato.
A diferença entre vender jogadores atempadamente ou só quando a corda aperta o pescoço.
A diferença entre ter uma média de idade do 11 mais utilizado de 24 anos ou de 27.
Dos melhores jogadores da equipa poderem ser bem rentabilizados ou terem de ser vendidos os mais jovens porque os outros não rendem o suficiente para tapar o buraco.
Não é só isso.
Não se pode dizer que o clube sempre teve que vender os melhores jogadores, sempre teve orçamentos limitados e sempre teve jogadores que actuavam em clubes pequenos ignorando o contexto.
O FC Porto tinha uma política desportiva a um determinado momento em que era campeão ou garantia a presença na fase de grupos da Champions e vendia 1 ou 2 dos melhores jogadores da equipa assegurando sempre a contratação dos seus substitutos maioritariamente no mercado internacional e quase sempre com a ajuda de terceiros como empresários, grupos de empresários ou fundos de investimento. Os restantes retoques no plantel eram feitos com a contratação de jogadores que se iam destacando no campeonato português ou ou jovens meio que desconhecidos de campeonatos sul-americanos e por aí fora.
O FC Porto estava numa zona de conforto, mas o futebol como indústria foi mudando. As third-party ownerships (TPO) acabaram, o que foi um rombo para os grandes portugueses que os fez perder qualidade. Multimilionários começaram a comprar clubes de futebol por toda a parte e a inflaccionar os valores das transferências. A Premier League começou a distribuir valores astronómicos por todos os clubes com a centralização dos direitos de TV. Os destaques do Brasileirão em vez de 10 M€ passaram a custar 30 e 40M€ e a ser contratados por clubes médios e pequenos de Inglaterra ou a ir parar a clubes controlados por City, etc.
A política que o FC Porto seguia tornou-se obsoleta. Deixou de haver política. Passou a gerir-se conforme "o vento", porque não nos soubemos adaptar nem tínhamos pessoas competentes para levar a cabo uma nova política de contratações. Passamos a ganhar menos vezes. A ter que vender mais e como já não chegavamos mais aos Luchos, James, Lisandros, Andersons e Falcaos da vida viramo-nos mais para o mercado interno e para jogadores do empresário amigo do dirigente x que eram negociados pelo Pedro Pinho ou pelo Carlos Padrão em nome do Alexandre.
A partir do momento em que deixa de haver política e as coisas começam a ser geridas face ao momento. É natural que se perca o timing de venda, que não se façam os melhores negócios, que se mantem jogadores até terminarem o contrato e que não se contratem jogadores à altura dos que saíram.