Isso seria o ideal, mas não diria que é assim tão linear. Imaginando que fazes isso com todos os mais promissores de uma geração (vamos dizer com 12 atletas, para teres a certeza que todos ficam seguros e, dessa forma, correres risco zero), a cada renovação (e estás aqui a falar de 4 por atleta, que na prática só podem ser 3 porque não podem assinar aos 15 anos) tens de juntar o prémio de assinatura que pelo menos alguns (se não todos) vão exigir a cada contrato. Mais o aumento do salário, porque não vão aceitar renovar por mais um ano só porque sim. Estamos a falar em largos milhões por geração, ou seja, a cada ano estás a gastar milhões sendo que não é assim tão seguro que vão dar retorno. Podes sempre dizer que gastamos dinheiro em coisas bem piores, e eu concordo, mas isso não torna essa estratégia viável, porque o mais certo é dar igualmente prejuízo.
Para além disso, tens de contar com a vontade dos atletas/pais/agentes, sendo que deste trio, pelo menos para 2 deles o maior interesse aqui é financeiro. E se recusarem renovar e fores encostar cada atleta a cada um desses momentos de renovação, se calhar vais precisar de plantéis de 40 atletas nos Sub-17 e Sub-19, porque volta e meia vais ter uns 8/10 por geração encostados.
Não há soluções perfeitas para isto. Não desresponsabilizando ninguém, a verdade é que tudo isto foi escalando quando a PositioNumber se meteu nos escalões de formação e começou a levar para Itália aos 16 anos alguns dos jogadores com mais potencial em Portugal, sobretudo do clube do regime e do scp (a nós "tiraram" o João Serrão, que não deu em nada e que é demonstrativo do risco que se corre ao apostar tudo tão cedo). A partir daí os valores praticados por cá, para acompanhar o que ofereciam os clubes italianos, começou a escalar, juntando-se aos valores para os atletas os valores para os agentes. Para agravar ainda mais, tudo isto coincidiu com a quebra do pacto de não agressão entre os três grandes, que agora permite que qualquer agente facilmente consiga colocar um atleta dos grandes a leilão.
Nisto tudo, e fazendo a comparação entre os três grandes, nós somos quem está mais vulnerável, por vários motivos. Primeiro porque efectivamente somos quem gasta menos na Formação. Segundo porque somos quem tem as piores condições físicas. Terceiro porque nos falta uma estratégia clara para a Formação, que passe por pensar a médio/longo prazo e não pensar jogo a jogo, época a época (embora aqui acho que o mal é geral e não apenas nosso). Quarto, e este é um dos motivos dos ataques do scp, porque o responsável do Scouting da Formação deles foi nosso Director Geral da Formação durante vários anos. A juntar o facto de não ter saído a bem daqui, ainda tem a vantagem de ter relação directa com muitos dos pais dos nossos atletas. Para além dele, também o nosso anterior responsável do Scouting da Formação está igualmente no scp. Isto dá-lhes um acesso privilegiado aos nossos atletas e um conhecimento que lhes permite fazer uma abordagem muito mais assertiva, e na qual já existe uma base de confiança dos pais em relação a essas pessoas, o que é sempre facilitador numa negociação.
A nós caberá sermos competentes para saber responder na mesma moeda. Mas é com estratégia e não avulso. E é com convicção e confiança no que se está a fazer e com todos no mesmo barco, empenhados em que essa aposta resulte e não que dê barraca para poderem dizer "eu disse logo que era fraco". Não sei é se estamos preparados para isso.