Queres que te faça um desenho tatico se nem tu nem eu temos competências para as perceber verdadeiramente? faz mais sentido falar do perfil. Prefiro o dele a alguém como o do Sporting, muito mais consevador e resultadista. É mais do mesmo.. resta saber o que fará sem o Sueco.
Mas sobre o que tenho visto do Anselmi aprecio que procure o jogo interior porque é por lá que se cria perigo e tão pouco temos extremos de qualidade para desoquilibrar nas linhas. Os laterais dão largura sim mas para esticar o adversário.
A saída a 3 não é nada de novo, é so mais uma forma de ganhar superioridade na fase inicial da transição ofensiva e é aí que está a chave no jogo atual.
Com este sistema mais ancorado no eixo, evitam-se varias coisas que por exemplo aconteciam no 442 do SC que eram correrias constantes do bloco para manter a coesao, a lateralizacao constante, a falta de linhas de passe interiores e por conseguinte bater bombo no Marega..
A vantagem deste jogo posicional é que jogadores como o Mora partem de zonas mais avançadas e desgastam-se menos, além de que se perdermos a bola os sectores estao mais proximos uns dos outros e em zonas centrais o que facilita a recuperação de bola e impede transiçoes rapidas do adversário. No 442 ou tens 11 jogadores disciplinados que nem cyborgs ou basta falhar um elemento que tens ali uma avenida central fácilmemte explorável.
Mas na prática não é nada disto que estamos a ver... jogadores perdem os duelos quase todos e quando assim é não importa se defendes alto ou baixo, em 442 ou 433.. Depois também não se consegue levar a bola para a frente com qualidadd para permitir que a equipa se instale devidamemte no meio campo adversário e, por conseguinte, tenha dominio do jogo.
Resumidamente, o Anselmi nunca poderá mudar muito a sua forma de jogar, porque para isso teria que ter uma filosofia completamente diferente ou, correria o risco de não ser carne nem peixe (como VB?)..
Essa tentativa de validar a ideia do Anselmi com base em “perfil” e não no que se vê no campo é exatamente o problema. É confundir intenções com competência. E não é por se dizer “prefiro o perfil do Anselmi ao do Borges” que isso ganha força.
Depois falas da valorização do “jogo interior” do Anselmi — mas onde é que isso se vê?
O que vês são jogadores a encostar à linha dos centrais sem progressão, médios sem coragem ou capacidade para jogar entrelinhas, e extremos a receber quase sempre mal posicionados, e muitas vezes sem apoio interior nem combinações.
A suposta procura do jogo interior não passa de uma ilusão: a bola não entra com critério, não há ocupação coordenada dos corredores centrais.
Isto não é intencionalidade mal executada — isto é modelo mal treinado.
Os laterais “dão largura para esticar o adversário”?
Esticam, esticam… e não fazem nada. Porque esticar o adversário sem ameaça vertical, sem um extremo que fixe por dentro, e sem um médio que ataque o espaço entre lateral e central adversário — é esticar por esticar.
É manter a posse longe da baliza. É posse estéril.
A seguir, vens com a ideia da “saída a 3” como chave do futebol atual.
Mas isso já não é novidade, não é chave infalível, e não resolve rigorosamente nada se não tiver uma sequência pensada para o que vem a seguir.
O Porto sai a 3 e... pára. Não atrai, não salta linhas, não fixa o bloco.
É um falso controlo que só serve para fazer passar o tempo até se perder a bola em zonas comprometidas.
Depois tentas explicar o sistema como sendo mais “ancorado no eixo”, contrastando com o 4-4-2 do Sérgio.
Ora, isso até podia funcionar se houvesse qualquer tipo de articulação entre setores — mas não há.
A equipa continua a correr, continua desequilibrada na perda, continua exposta na transição, e continua exposta de forma ridícula mesmo quando defende com mais unidades.
As tais “corridas do bloco” do 4-4-2 existiam porque a equipa pressionava e recuperava alto.
Agora, correm na mesma — só que a reagir tarde, sempre em desvantagem e com menos agressividade.
Falas do “Mora desgastar-se menos” porque parte de zonas mais avançadas. Mas o problema não é a zona onde parte.
É que não tem apoio, não tem quem o sirva — e muitas vezes, nem sequer tem espaço - quanto mais brilhar menos espaço terá.
E com este jogo morno, sem profundidade nem combinação, não é o desgaste físico que está em causa — é o desgaste mental de andar o jogo todo a correr para nada.
E esse argumento das “linhas juntas no centro” para impedir transições também cai sozinho.
Porque o problema do Porto atual não é onde está a perder a bola. É
como está a perder a bola.
Perde mal, perde previsível, perde com jogadores mal posicionados, sem reação à perda e sem coberturas.
Não há pressão coordenada. Não há encurtamento. Não há temporização.
E quando se perde assim — no 4-4-2, 4-3-3 ou 3-4-3 — qualquer modelo colapsa.
E depois há a cereja no topo: “o Anselmi não pode mudar, senão deixa de ser quem é”.
Mas o treinador do FC Porto não está aqui para ser fiel a si próprio. Está aqui para ser competente.
Quem não consegue adaptar-se ao grupo, ao momento e aos jogos não está a mostrar convicção — está a mostrar limitação.
Ser “carne nem peixe” como o Vítor Bruno foi o resultado de não ter uma ideia clara nem pulso.
Mas ser “carne teimosa” e não querer mudar quando tudo falha… é tão ou mais grave.
E sabes qual é a diferença entre o “perfil interessante” e o treinador que serve?
É que o perfil interessante vive no PowerPoint. O treinador que serve vive no relvado.
E o que se vê no relvado do FC Porto é uma equipa desconectada, mal preparada e mal liderada.
O futebol por mais que se dê voltas ainda vê-se no jogo. E aí, Anselmi está a falhar em toda a linha.