O onze-tipo do FC Porto em 2010/2011, vencedor de Liga Europa, Liga, Taça de Portugal, Supertaça e conduzido por André Villas-Boas, era este: Helton; Sapunaru, Rolando, Otamendi e Álvaro Pereira; Moutinho, Fernando e Bellushi; James, Falcao e Hulk. Quem, do atual plantel, entrava neste onze? Talvez Diogo Costa.
Dois anos depois, com Vítor Pereira e o golo de Kelvin, qual era o onze-tipo? Este: Helton; Danilo, Mangala, Otamendi e Alex Sandro; Moutinho, Fernando e Lucho; Varela, Jackson e James. Quem, do atual plantel, entrava? Talvez Diogo Costa.
Outros dois anos mais tarde, com Lopetegui, o onze-tipo era este: Fabiano; Danilo, Maicon, Marcano e Alex Sandro; Óliver, Casemiro e Herrera; Quaresma, Jackson e Brahimi. Quem, do atual plantel, entrava? Diogo Costa.
Três anos depois, no primeiro título de Conceição, qual era o onze-tipo? Este: Casillas; Ricardo Pereira, Felipe, Marcano e Alex Telles; Óliver, Danilo e Herrera; Corona, Marega e Brahimi. Quem, do atual plantel, entrava? Talvez (muito talvez neste talvez) Diogo Costa.
Em 2019/2020, no segundo título de Sérgio Conceição, o onze-tipo era este: Marchesín; Manafá, Pepe, Marcano e Alex Telles; Uribe, Danilo e Otávio; Corona, Soares e Luiz Diáz. Quem, do atual plantel, entraria? Talvez Diogo Costa. Que até ganhou a titularidade no final da época.
Por fim, no último título, ainda com Conceição, o onze-tipo era este: Diogo Costa; João Mário, Pepe, Mbemba e Zaidu; Vitinha, Uribe e Otávio; Evanilson, Taremi e Luis Diáz. Quem entrava? Diogo Costa, João Mário e Zaidu. Que continuam no plantel.
Tese: o plantel do FC Porto é cada vez mais frágil. Antítese: os outros plantéis, sim, eram fortíssimos. Síntese: o FC Porto vai para a terceira época sem ser campeão, algo que só por duas vezes aconteceu desde 1985.
Culpabilização, algo de que nós, portugueses, tanto gostamos? Não é de Vítor Bruno, como já se percebeu. A média pontual de Vítor Bruno era de 2,22 em 18 jornadas. Pós-VB, caiu para 1,43. O FC Porto marcava 2,28 golos por jogo e passou a marcar 1,14: metade. Sofria 0,78 golos por jogo e passou a sofrer 0,85. A culpa é de Martín Anselmi. Não, como se começa a perceber. É dos jogadores? Também não. Todas as pessoas dão apenas o que têm, não aquilo que não têm. É de Villas-Boas? Também não. Quem não tem dinheiro não compra lagosta. Compra carapau de gato. A culpa é de quem? De quem deixou as finanças do FC Porto neste estado. E esse, infelizmente, não está cá para se defender.
In ABOLA.PT