Jóia de Moço disse:
Concordo com tudo, o Herrera não encaixa na equipa, ele é jogador de transições rápidas e de esticar o jogo no centro do terreno.
Como o Porto tenta jogar em posse de bola ele é o elemento mais fraco no meio campo, talvez noutras equipas ele revele o jogador que supostamente é, aqui muito dificilmente.
Mantenho a minha posição quanto ao Herrera, ele que continue a fazer mais e eu talvez mude de opinião.
Não encaixa na equipa, mas tem feito uma série de jogos bons e, mais do que isso, tem jogado muito mais vezes bem do que mal (tomara então que todos os jogadores não encaixassem). Isto para quem quiser ver e o problema é exactamente esse, mas já lá vamos.
Os críticos mais acérrimos do Herrera dizem que só joga bem quando a equipa também melhora - como se isto fosse uma anormalidade; que só joga bem em transições - não jogamos propriamente num modelo de transição puro e ele joga bem na mesma; que só joga bem quando alinha na posição onde melhor se encaixa - aí está mais uma aparente anormalidade, um jogador render mais a actuar no espaço que o potencia melhor, mas onde é que já se viu tal fenómeno?
Este êxtase à volta do mexicano depois do jogo de ontem é apenas e só uma reacção à má-fé com que este aqui é brindado semana após semana. Porque se no encontro de ontem ele encheu as medidas, em Alvalade tinha feito uma exibição parecida. A diferença é que aí o Patrício fez uma defesa fantástica e o Tello, ao contrário de ontem, falhou a grande oportunidade de que dispôs. E bastou isto, aliado a um mau resultado, para que o cristo voltasse a ser o Herrera e para que, pasme-se, houvesse quem dissesse que tinha sido o pior em campo.
Só que as pessoas não são burras. Podem-se deixar levar pelas emoções, e isso no futebol é recorrente, mas não são burras e ainda sabem parar para ver. E sabem, extrapolando agora um pouco, que têm uma equipa que deixa tudo em campo (o Herrera é um exemplo disto, mas há mais) e que tem uma qualidade e um valor insuspeitos. Não tem é tido arbitragens isentas e, além disso, conta com um treinador que tem os seus méritos, mas também evidencia uma grande atracção pelo abismo.
Mas voltando ao "patinho feio", mesmo para a exibição retumbante de ontem há argumentos de desdém. Diz-se que não jogou nada na primeira parte e falhou muitos passes (o tema de conversa preferido dos seus críticos, mesmo a seguir ao jogo em Lviv, em que foi o jogador com maior percentagem de acerto no passe). Eu não tenho as estatísticas, mas arrisco a afirmar que falhou mais passes no segundo tempo do que no primeiro. Se houve jogador do meio-campo em baixo na primeira metade foi o Olíver (que é um craque e que nos segundos 45 minutos voltou a demonstrá-lo). Só que o Olíver tem "Olíver" estampado nas costas da camisola e o Herrera tem "Herrera", o que faz toda a diferença para alguns.
O Herrera não é o melhor médio do mundo. Não será um Moutinho, nem um Lucho, mas é um bom jogador. Sobretudo, justificou as premissas para a sua contratação, independentemente do que de bom ou mau vier ainda a fazer. E isto é o que verdadeiramente dói a muita gente daqui: nem é o terem de admitir que ele não é um cepo, mas sim terem a prova à frente do nariz de que ele foi contratado porque demonstrava valor desportivo mais do que suficiente que justificasse a compra.
Concluindo, apetece-me cair em tentação e inverter um argumento demagógico tantas vezes aqui utilizado. Se o Hector se chamasse Heitor, tínhamos dezenas de comentários a elogiar, pelo menos, a bravura e a entrega de um futebolista que vai até à exaustão.