Respeito a frustração, mas este tipo de resposta emocional e polarizada é que não ajuda em nada. Falar com cabeça fria não é ser "sabichão", é querer que o Porto volte ao seu verdadeiro caminho.
Falo por mim, mas acredito que muitos pensam o mesmo: ninguém aqui quer que o Porto perca (tirando umas viúvas ou infiltrados). A crítica não é ao Farioli como treinador, nem ao seu valor, mas sim ao critério da escolha. É a mesma lógica que levou ao Anselmi — treinadores jovens, com ideias de jogo muito bem definidas, que só funcionam com plantéis moldados para isso ou com grupos jovens e com vontade de aprender. O nosso plantel, com vícios antigos e jogadores que acham que já sabem tudo, com clara falta de humildade, não encaixa nesse perfil.
O Ajax do Farioli tem um contexto diferente é um clube com cultura de formação, mente aberta e tempo para implementar ideias, tanto é que queriam renovar com ele apesar da reta final e má campanha europeia. No Porto, com pressão imediata por resultados, arbitragens hostis, sem experiência na liga e sem conhecer a cultura do clube, isso raramente resulta.
A maioria dos adeptos queria alguém experiente, com estofo, que conhecesse bem a realidade do nosso campeonato, o que é o FC Porto e o que são os seus adeptos. Um verdadeiro disciplinador, com pulso firme, que saiba gerir egos difíceis e ambientes pesados.
E sim, desejo sorte ao Farioli — o critério da sua escolha, dentro dessa lógica de "ideia de jogo", é muito mais interessante do que o do VB ou do Anselmi, que eram ainda mais verdes. Se realmente vier (parece que sim, já que a RTP anunciou e já anda meio mundo a defendê-lo com unhas e dentes), estarei a torcer por ele como faço sempre com o Porto.
Mas não vamos fingir que não existe um problema estrutural no plantel: há jogadores que não querem evoluir e outros que simplesmente não têm qualidade técnica nem inteligência tática para aplicar o modelo de jogo que o Farioli exige — como se viu nos vídeos do Ajax. Imagina o Varela ou o Eustáquio a fazer aquelas construções curtas com critério… preferem é tocar bombo e meter a bola para a frente. E continuamos a cair no mesmo erro: dar a este plantel um treinador que, em vez de os potenciar, vem tentar reeducá-los para fazer coisas que eles não sabem — ou que não querem fazer. E como ainda não saíram, pelo menos, uns 12 jogadores deste grupo, não consigo estar otimista.
Criticar não é sabotar. É querer melhor. O verdadeiro portismo também é exigente.