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tocoolant

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7 Abril 2016
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Ao dia de hoje passa mais um ano que o 25 de Abril de 1974 derrubou o Estado Novo e abriu caminho para que a liberdade e a democracia fossem uma realidade em Portugal e fora dele.

Tenho 39 anos e já nasci depois do 25 de Abril. Não vivi na ditadura nem vivi na pele os males que esta infligiu ao povo até ao eclodir da revolução. No entanto fui criado por três pessoas (pai, mãe e avó) que passaram por ela. Os sentimentos são muitos fortes e atravessam o corpo. Estórias dum tempo em que a miséria rural era normalizada e até glorificada como um bem moral da nação. Onde por um par de trocos se "chibava" o vizinho para os calabouços e para um país que vivia num permanente estado de negação em relação à situação na guerra onde jovens eram atirados para a morte no ultramar. Onde gente saía em debanda para França e onde se receava aprovar nas escolas as notas dos pobres não fosse de repente haver gente demais a quererer ser doutor.

Cresci num ambiente em que Abril é visto quase de forma mágica. De fim do pesadelo e início do sonho. E como tal a minha obrigação moral é e será transmitir aquilo que não pode nem nunca poderá sair da memória colectiva do Povo português. Nisto tudo dei por mim numa troca de mensagens com um amigo a dizer o seguinte:

"A cada dia que passa eu sinto mais o peso dessa responsabilidade. Não podemos deixar que o 25 de Abril se transforme numa coisa amorfa como o 5 de Outubro. Que está no calendário mas que não tem um significado maior do que um amontoado de motes cujo o seu significado foi erodido pelo tempo.

Para muita gente significou o fim da guerra onde iriam ser empurrados para morrer, significou o facto de não estar numa esplanada com medo de falar e significou para uma geração inteira a possibilidade real de transformar o mundo (por muito infantil e megalómano que pareça) para algo que será conduzido pelos sonhos do povo e não pelos interesses do império.

É imperativo que Abril viva e que a memória e aquilo que foi continue a ser um símbolo de esperança. Aquilo que foi a luta e o sacrifício de tantos terá não só que viver na memória mas também nas emoções daqueles que vivem em liberdade 51 anos depois da revolução."

Dado o meu curto momento de inspiração não posso deixar de partilha-lo.

Abril sempre!
 
Vlk

Vlk

Tribuna Presidencial
3 Junho 2014
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Lisboa
Mas tu achas mesmo que as bandeiras da palestina apareceram ali por acaso? é evidente..foi tão preparado como os outros, tanto um como o outro foram para provocar..e eu que eu não gosto e admito é alguém achar normal no 25 de Abril irem para ali com bandeiras da palestina, é provocação clara e óbvia...
Explica-me, por favor, porque é que a provocação é obvia? Provocação a quem e de que forma?

Mesmo que não aches que é um genocídio, faz este exercício mental... se eu achar que lutar contra um genocídio faz igualmente parte da luta pela liberdade e pela democracia não posso associar as duas coisas? Posso estar enganado, mas não estou a provocar ninguém, estou a lutar pelo que acho justo.
 
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bluemonday

Tribuna
4 Maio 2024
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  • Reinaldo Teles
  • José Maria Pedroto
Ao dia de hoje passa mais um ano que o 25 de Abril de 1974 derrubou o Estado Novo e abriu caminho para que a liberdade e a democracia fossem uma realidade em Portugal e fora dele.

Tenho 39 anos e já nasci depois do 25 de Abril. Não vivi na ditadura nem vivi na pele os males que esta infligiu ao povo até ao eclodir da revolução. No entanto fui criado por três pessoas (pai, mãe e avó) que passaram por ela. Os sentimentos são muitos fortes e atravessam o corpo. Estórias dum tempo em que a miséria rural era normalizada e até glorificada como um bem moral da nação. Onde por um par de trocos se "chibava" o vizinho para os calabouços e para um país que vivia num permanente estado de negação em relação à situação na guerra onde jovens eram atirados para a morte no ultramar. Onde gente saía em debanda para França e onde se receava aprovar nas escolas as notas dos pobres não fosse de repente haver gente demais a quererer ser doutor.

Cresci num ambiente em que Abril é visto quase de forma mágica. De fim do pesadelo e início do sonho. E como tal a minha obrigação moral é e será transmitir aquilo que não pode nem nunca poderá sair da memória colectiva do Povo português. Nisto tudo dei por mim numa troca de mensagens com um amigo a dizer o seguinte:

"A cada dia que passa eu sinto mais o peso dessa responsabilidade. Não podemos deixar que o 25 de Abril se transforme numa coisa amorfa como o 5 de Outubro. Que está no calendário mas que não tem um significado maior do que um amontoado de motes cujo o seu significado foi erodido pelo tempo.

Para muita gente significou o fim da guerra onde iriam ser empurrados para morrer, significou o facto de não estar numa esplanada com medo de falar e significou para uma geração inteira a possibilidade real de transformar o mundo (por muito infantil e megalómano que pareça) para algo que será conduzido pelos sonhos do povo e não pelos interesses do império.

É imperativo que Abril viva e que a memória e aquilo que foi continue a ser um símbolo de esperança. Aquilo que foi a luta e o sacrifício de tantos terá não só que viver na memória mas também nas emoções daqueles que vivem em liberdade 51 anos depois da revolução."

Dado o meu curto momento de inspiração não posso deixar de partilha-lo.

Abril sempre!
Excelente reflexão.

Concordo contigo, e creio que já passou tempo suficiente para concluir que o 25 de abril nunca poderá ser um 5 de outubro.

O 5 de outubro resultou num regime que foi igual ou até pior que o regime que substituiu, o monárquico.

Quanto ao 25 de abril, é inegável (exceto para fachos) que Portugal se transformou num país completamente diferente, muito melhor em todos os sentidos. Mas também podemos (e devemos) ter a consciência de que abril ainda se está a cumprir. Infelizmente, vejo muita gente a perder essa noção, em parte devido aos péssimos políticos que governaram o país em algum momento.

51 anos é um período de tempo muito curto. Há muito por fazer.
 

Dragão D'Ouro

25 de Abril sempre 💙🌹
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Portoallez2

Tribuna Presidencial
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Explica-me, por favor, porque é que a provocação é obvia? Provocação a quem e de que forma?

Mesmo que não aches que é um genocídio, faz este exercício mental... se eu achar que lutar contra um genocídio faz igualmente parte da luta pela liberdade e pela democracia não posso associar as duas coisas? Posso estar enganado, mas não estou a provocar ninguém, estou a lutar pelo que acho justo.
Que eu saiba o 25 de Abril não é dia de celebração para a palestina..é desrespeitoso num dia como o de hoje sair com bandeiras da palestina e ir ali para o meio, parece mesmo ser para gozar e é óbvio de onde aquilo veio...foi propositado para provocar tal os como outros..
 
J

J | [Ka!s3r^].

Tribuna Presidencial
7 Abril 2012
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  • Alfredo Quintana
Não consigo perceber como é que levar na mão uma bandeira dum país tão legítimo como outro qualquer e que só não existe porque Israel não deixa (com o suporte essencial dos EUA), é posto no mesmo plano que vir para a rua cometer actos violentos, racistas e xenófobos. Se as bandeiras fossem do Ku Klux Klan ou do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, dava para entender... assim não dá.
Para mim, é um bocado como se se pusesse no mesmo plano, pessoas que saem à rua para fazer um inofensivo piquenique e pessoas que saem à rua para roubar, violar e matar.

O apelo à liberdade, próprio da data e da comemoração, ultrapassa a geografia da efeméride. Surgem mil e uma bandeiras e mensagens políticas no desfile pela Avenida da Liberdade. De partidos políticos, de organizações sociais, de sindicatos, de grupos minoritários, da Palestina... e é expectável que tal aconteça, pois as pessoas trazem para a marcha os seus próprios ideais, anseios e causas da liberdade. A Palestina é um problema de liberdade, antes de mais. Trata-se de uma ocupação ilegal, condenada sistematicamente pela comunidade internacional. Não surpreendem as manifestações de solidariedade, sobretudo neste momento. Mesmo que não se goste da expressão, não se pode forçar um determinado tipo de comemoração de Abril a milhares de pessoas, o que iria inclusive contra o espírito do próprio dia. É uma marcha política, não uma mera reunião festiva.
 

Vlk

Tribuna Presidencial
3 Junho 2014
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Que eu saiba o 25 de Abril não é dia de celebração para a palestina..é desrespeitoso num dia como o de hoje sair com bandeiras da palestina e ir ali para o meio, parece mesmo ser para gozar e é óbvio de onde aquilo veio...foi propositado para provocar tal os como outros..
Isto também foi uma provocação?

Não é celebrar, muito pelo contrário. É denunciar.
Mas se preferes seguir na tua de equiparação de uma coisa e outra em vez de racionalizar, força. Era uma argumentação simples....
 

Devenish

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  • Reinaldo Teles
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Se fossem muitas pessoas a levarem bandeiras da Palestina (ou Ucránia, Tibete, etc e aí entram povos que são alvo de carnificina) seria incoerente e deixava de ser uma comemoração do 25 de Abril e passava a ser uma coisa diferente.
Mas houve desacatos com essas pessoas que levavam essas bandeiras? Que eu saiba não portanto não tem significado.
Já a manifestação da extrema direita fascista que aliás foi proibida, e sendo proibida sabiam ao que iam, provocou desacatos não porque entoassem slogans mas porque tentaram passar para um lugar que estava proibido, tentaram agredir polícias e no fim agrediram manifestantes do 25 de Abril que na descida da Av. da Liberdade se cruzaram com eles. Mas conseguiram com isso principalmente com a detenção de dois líderes ser notícia e era isso que lhes interessava e conseguiram os objetivos pretendidos.
 

Portoallez2

Tribuna Presidencial
4 Setembro 2016
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Isto também foi uma provocação?

Não é celebrar, muito pelo contrário. É denunciar.
Mas se preferes seguir na tua de equiparação de uma coisa e outra em vez de racionalizar, força. Era uma argumentação simples....
Eish foste a 2022, num cenário politico diferente, com contornos diferentes...
 

Tiagotg999

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19 Maio 2016
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Vila Das Aves
Isso da bandeira da Palestina e "free palestine" são modinhas parvas, fica fixe no Instagram juntamente com roupas estranhas e lenços ao pescoço.

Que fique claro que a mensagem é de louvar, só não é necessário é usarem tudo o que é acontecimento ou evento para este tipo de mensagens.
 
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Ruben1893

Neste clube,é impossível pensar que não é possível
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  • Reinaldo Teles
  • Alfredo Quintana
  • Fernando "Bibota" Gomes
  • André Villas-Boas
Aquilo para os lados de Lisboa teve os bófias que costumam acompanhar os adeptos de futebol

Costumam ser tão fofinhos fora do futebol
 

Cheue

12 Maio 2016
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Isso dá bandeira da Palestina e "free palestine" são modinhas parvas, fica fixe no Instagram juntamente com roupas estranhas e lenços ao pescoço.

Que fique claro que a mensagem é de louvar, só não é necessário é usarem tudo o que é acontecimento ou evento para este tipo de mensagens.
exacto, acreditam no que estão a defender mas exageram ao ponto de se tornar apenas virtue signal e identidade de grupo.