Primeiro de tudo, não venhas com essas tretas de experiências pessoais porque a conversa é objetiva e não exige a invocação desse tipo de circunstâncias.
Sei que na Internet há esta coisa do anonimato e não nos vemos cara a cara, mas há que ponderar se o nosso interlocutor passou ou não por certas situações.
Por mero acaso, até estás a falar de alguém que foi "prejudicado" com a questão da IVG. Quando tinha 22 anos, tinha uma namorada e ela engravidou. Recomendei que mantivesse o bebé, dei-lhe todas as garantias de que teríamos condições, ainda que jovens, para ter um filho, embora apoiasse qualquer decisão que tomasse. Ela decidiu abortar, tive de fazer terapia e acabamos por seguir caminhos diferentes. Passado uns tempos, entendi perfeitamente a razão pela qual o fez, mas não precisava de entender, era um direito dela.
Se tivesse na posição dela, não teria abortado, porque eu, caso tivesse a chance de enfrentar algo do género, não seria a favor do aborto exceto em caso de violação, de malformação do feto ou de risco de morte. O ponto, porém, é o seguinte: NUNCA enfrentarei uma situação dessas, portanto a minha opinião particular é irrelevante, posso no máximo recomendar e apoiar.
E não confundo o meu entender pessoal com o meu entender em geral, que é ser a favor da IVG até às 14 semanas.
Eu vou ser pai em breve, portanto sei perfeitamente o que é colocar a mão na barriga e sentir algo. Isso não é um argumento, é um apelo à emoção que deve ser completamente destruído numa discussão destas.
Baseado em direito? Queres algo mais moral do que uma obrigação de alimentos em favor do filho? Que o filho não tem culpa das querelas entre pais, que é a parte mais frágil entre os três e merece que os seus interesses sejam acautelados? Que raio de direito tem um pai ou uma mãe a não pagar a pensão de alimentos? O interesse é do filho, a criança precisa.