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sirmister

Tribuna Presidencial
21 Março 2008
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Fazer de guerrilheiro sozinho e desapoiado sabendo que a morte seria o mais provável só o faria por Portugal mesmo. Mas não, a questão não é essa.

O que nos está a ser pedido pela Ucrânia nem sequer é a colocação de homens do nosso lado. É dar apoio logístico, económico e de material militar. E se acreditas que faze-lo é estar por fora a alimentar a morte alheia embora eu entenda o raciocínio eu tenho um ângulo de visão diferente.

Dar um sistema anti-aereo à Ucrânia pode até matar vidas russas... mas pode salvar também vidas ucrânianas dado que podem interceptar um missil russo. E este raciocínio estende-se para outro tipo de apoios. Além do mais no início da guerra havia uma enorme relutância em dar certo tipo de armas mais ofensivas do que defensivas à Ucrânia. Mesmo não estando a 100% com estas cautelas numa situação tão dramática saúdo a ética de ao menos se reflectir nestas coisas.

Eu não quero mandar ninguém para a morte. Nem portugueses, nem de outra nacionalidade qualquer. Mas desculpa sirmister, novamente, não fomos nós que levamos a morte e destruição para a Ucrânia. Foi a Russia.

O ponto é que é facil dizer que eles não devem negociar, e devem lutar até ganhar a guerra, quando não se tem que ir para lá.
 

tocoolant

Bancada central
7 Abril 2016
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Virá o tempo em que os próprios ucranianos pressionarão Zelensky para a capitulação. O arrebatamento inicial pela defesa da pátria esmorece com o tempo e a realidade da guerra. De que adiantará lutar até ao último homem se se acabar sem território nem população?... O cenário actual é desencorajador, os ucranianos perdem terreno diariamente e não se vislumbra capacidade para o recuperar. Quanto mais tempo passa, menos Ucrânia existe. ... chegará um ponto em que, por mais armas que se envie, faltarão soldados para lutar. O que se fará então? O acordo de paz futuro será mais penalizador. Esta é uma perspectiva possível.

Os ucranianos estão sós no campo de batalha e não se adivinha coisa diferente. Números da tal aliança europeia a favor da Ucrânia: EU spends more on Russian oil and gas than financial aid to Ukraine – report | Russia | The Guardian . Os europeus gastavam até há pouco tempo mais dinheiro com importações de energia russa do que em apoio financeiro à Ucrânia, ignorando se o continuam a fazer. A Rússia não está nem ficará isolada por mais sanções que se lhe imponham, pois há mais mundo além do bloco ocidental. Colapsará com o tempo? Com a degradação das condições de vida?... há muito que se especula isso, soando mais a desejo que a possibilidade real ou próxima. A Ucrânia está a perder e parece caminhar para a derrota. E o derrotado não prevalecerá nas negociações de paz, naturalmente.
As nuvens estão negras e a derrota é uma possibilidade real. Não nego esse facto. Assim como não nego que se estivermos num ponto de impossibilidade de vitória a rendição é o único caminho e não um suicídio colectivo em prol da honra.

O tempo dirá se há ou não há esperança. Talvez não haja. Mas mesmo que o exército ucraniano baixasse as armas e a Russia tomasse tudo não seria paz o que se seguiria. A Russia ficaria com um país com dezenas de milhões de pessoas a rejeitarem a autoridade vigente e, consequentemente, teria que lidar com actos de subversão e quiçá terrorismo interno. Esta é uma realidade possível (senão provável) dum pós vitória russa que muita gente não está a considerar.

Eu não tenho dúvida que há um wishful thinking do bloco ocidental a hiperbolizar o efeito das sanções económicas à Russia entre outras coisas que revelam pouca isenção ou desconhecimento. Mas também tenho algumas dúvidas que o stress colocado na sociedade russa com esta guerra seja irrelevante e que as baixas no exército russo seja algo que esteja a ser ignorado pelo povo russo e/ou que não crie sinceras preocupações nas elites russas.

O ponto sem retorno da rendição da Ucrânia caberá à Ucrânia decidir. Duvido que estejamos nesse ponto. Até lá... e esperemos que esse dia não chegue... o caminho certo é apoiar.