Andar a trabalhar não é fazer.
Deixaram andar porque se a Rússia não tivesse invadido a Ucrânia ainda agora andavam todos a mamar do gás barato e "tratol" deles.
Pouco me importa quem foram as forças de bloqueio e quais eram as suas orientações políticas e ideológicas.
Só uns imbecis saem de uma guerra como a II Guerra Mundial com o Mundo partido ao meio e acham que poderia viver para sempre dos meios quase ilimitados dos EUA.
Só na cabeça de merda dos dirigentes europeus que achavam que está merda era sustentável.
Andar a desenvolver estado social, SNS, direitos adquiridos à pala do liberalismo econômico que tanto se abomina que financiava as armas.
Quem sabotou a Europa foram todos os seus dirigentes, uns por omissão outros por conveniência e outros por uma questão puramente económica.
Os conflitos e a guerra é cíclica está documentada na Historia.
Períodos de prosperidade alternam com períodos de guerra.
Está na hora de mais uma.
PS: Já compraste o bilhete para a NZ?
Falas muito de história, mas desconheces grande parte dela.
A Europa construiu, nos últimos 30 anos, a sociedade mais próspera e pacífica da história. Falas como se metade da Europa não fizesse parte da URSS até o início dos anos 90. E aquilo que defendes, de ter promovido o armamento em prol de crescimento económico, avanços sociais e inovação tecnológica foi precisamente o que levou à queda da URSS. Não deixa de ser irónico, se tivéssemos substituído os “líderes burgueses” por ti, esta guerra teria começado há décadas.
Quem alienou a Rússia foram os próprios EUA, que entraram numa guerra fria com a qual a Europa não teve escolha senão ser um dos palcos ideológicos. O próprio Khrushchev condenou o regime de Stalin, e tiveste vários líderes comunistas que, apesar da rivalidade com os EUA, tentaram uma aproximação à Europa. Tu defendes o isolacionismo que Trump está agora a fazer. Não negociavas com a Rússia, certamente não com o Médio Oriente ou com a China, não quererias depender dos EUA, a África ainda pior, especialmente o norte islâmico. Fechavas as portas ao comércio internacional. Genial.
Qual era a alternativa à energia russa há 50 anos atrás? Não existia tecnologia para renováveis a uma eficiência e custo minimamente viáveis. Novamente, importavas fósseis ao Médio Oriente que abominas? Os EUA que abominas? Ditaduras africanas? Tens uma visão tão preto ou branc que nem paras para pensar que não existiam alternativas e, desde que passaram a existir, mesmo quando era demasiado caro, a Europa começou a fazer esse investimento, apesar dos grupos conservadores chorarem sobre isso. Só foi possível aplicar sanções (e não boicotes, continuas a ter países europeus a importar da Rússia, cof cof Hungria), exatamente porque essa transição já tinha começado. E não precisas de ir muito longe, puxas este tópico para trás e terás quem se tenha oposto a fazê-la.
Novamente, preto ou branco. Ignorar dinâmicas políticas e ideológicas é desconsiderar o contexto em que as decisões foram tomadas. As decisões são resultado das dinâmicas de poder que existem. Os conservadores não quiseram exércitos supranacionais. Os conservadores não quiseram a transição energética. Os conservadores sempre defenderam a dependência nos EUA, hostilizando a suposta ameaça que não o era, a Rússia. Os conservadores continuam a minar o projeto da UE e a tentar travar os avanços que tu agora criticas não terem sido feitos a tempo. Compra um espelho, o teu voto influenciou a Europa mais negativamente do que os tais líderes que criticas.
Ninguém é perfeito e foram cometidos erros ao longo do tempo. O que recuso é esse moralismo de quem joga totobola à segunda-feira, ainda por cima com propostas que só lançariam caos. És contra a estabilidade social que garantiu paz nos últimos 80 anos, o maior período sem conflitos armados na história do continente. És contra o comércio internacional que permitiu aos europeus beneficiarem do estilo de vida que têm atualmente. Já há dias tinhas proposto imprimir moeda para ultrapassar esta crise, que levaria ao descontrolo da inflação, à desvalorização do Euro e à redução do investimento - o Trump, pelo menos, tem consciência que não pode desvalorizar o dólar ao mesmo tempo que isola a sua economia. E defendes isso numa altura em que temos de redefinir cadeias de valor e estabelecer novas parcerias.
Enfim, sempre que propões alguma coisa, mais respeito ganho pelos tais “líderes burgueses”. E se estamos nesta situação, é porque um lunático decidiu desvalorizar os aliados e dar novamente palco a uma Rússia afundada em défice estrutural, com um orçamento completamente virado para a defesa, com inflação galopante e que apenas por ser um regime autoritário repressivo ainda não implodiu. Um agente da KGB a liderar os EUA não faria pior.
PS. Já percebi que tens um fascínio qualquer com guerras e extermínios. Mas não, as guerras não são inevitáveis e a história medieval não deve ser exemplo para a história moderna, a menos que admitamos não sermos capazes de evoluir. E da mesma forma, esclareço-te que a Rússia perderia em confronto direto com a NATO num conflito armado convencional.
Fala-se muito sobre a Europa adormecer e ser fraquinha. A NATO europeia, na sua suposta fraqueza, investe historicamente quatro vezes mais do que a Rússia em defesa, mesmo destinando uma percentagem inferior do PIB. Simplesmente porque tem um PIB dez vezes maior, graças à tal estabilidade social e prosperidade que sacrificarias e à qual não dás valor.
A NATO, sem os EUA, tem mais e (muito) melhor equipamento militar terrestre, naval e aéreo. As frotas nem sequer são comparáveis, tal é a disparidade tecnológica e numérica. A Rússia tem um efetivo militar maior, mas se há algo que aprendemos na Ucrânia é que têm problemas logísticos imensos para abastecer e coordenar as tropas no terreno. A Rússia luta mal longe das suas fronteiras. Uma lição que podiam ter aprendido com Napoleão. A logística da NATO é muito superior e as suas infraestruturas militares estão completamente interligadas.
E tens ainda a questão da resiliência económica em cenário de guerra. A invasão à Ucrânia destruiu a economia russa. O esforço de guerra atual já é insustentável a médio prazo, quanto mais se tivesse de enfrentar toda a Europa ao mesmo tempo. Se a NATO entrasse em conflito direto agora, teria toda uma economia para reconverter e escalar em produção militar.
Portanto, retirando o fator nuclear - que duvido que fosse utilizado, porque a NATO, mesmo com um arsenal inferior, tem a capacidade para destruir completamente a Rússia - e um fallout seria game over para o mundo inteiro, uma guerra destas acaba com a queda de Moscovo.
Agora, eu não sou apologista de guerras. Famílias que se separam, pessoas que morrem, infraestruturas arrasadas, economias colapsadas, sem sequer entrar em questões de crimes de guerra, fome, pilhagens, etc. O meu problema com uma hipotética guerra não é perdê-la. É ela acontecer. Faço parte do grupo de pessoas que trabalham para construir algo. Há quem simplesmente encare o mundo real como um jogo de computador.