Actualidade Internacional

Mike_Walsh

Tribuna
4 Janeiro 2024
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Um tema que domino mais é a obrigação das escolas adotarem medidas conexas com o direito à autodeterminação da identidade de género.

A Lei n.º 38 / 2018, de 7 de agosto (que não está totalmente em vigor), no seu artigo 12.º, estipula o seguinte:



Em primeiro lugar, cumpre desde já dizer que os números 1 e 3 deste artigo não estão em vigor por conferirem ao governo matérias de reserva parlamentar.

Depois, temos aqui vários problemas:

1. A lei obriga o Estado a adotar medidas no sistema educativo. O estudo por detrás desta lei diz-nos que «o masculino e o feminino são apresentados como criações de uma maioria cultural dominante que, através de um discurso hegemónico, perpetua desigualdades sociais e promove a opressão de uma classe sexual por outra» e que o «masculino e feminino tornam -se “artifícios à deriva”, sujeitos a tantas interpretações e significados quantos os indivíduos que existem» e não têm outro sustentáculo senão a vontade de cada indivíduo».

1.1. Ou seja, pressupõe que o único requisito é a vontade do titular deste direito, sem necessidade de qualquer diagnóstico prévio. Quer isto dizer que assenta na conceção do género enquanto construção social.

1.2. Neste sentido, temos uma violação flagrante do número 2 ,do artigo 43.º da Constituição, que preconiza o seguinte: «O Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas».

1.3. Ora, resulta claro que, de facto, temos uma adesão a uma visão ideológica, sem qualquer coincidência com algo objetivo que lhe possa atribuir autoridade. Conforme decidiu o TC, «[A] Essa mesma visão está necessariamente subjacente a ideia, repetidas vezes afirmada na Lei n.º 38/2018, de que a identidade de género simplesmente se «manifesta» [cf. artigos 3.º, n.º 2, 5.º, 7.º, n.º 3, 12.º, n.º 1, alínea b), e n.º 2], sem qualquer substrato objetivo que a suporte.»

2. Outra questão controversa é o facto de prever a obrigação aos estabelecimentos de ensino privados de garantirem "as condições necessárias para que as crianças e jovens se sintam respeitados de acordo com a identidade de género e expressão de género".

2.1. Para este efeito, talvez seja relevante resgatar o número 5, do artigo 41.º da Constituição: «É garantida a liberdade de ensino de qualquer religião praticado no âmbito da respetiva confissão, bem como a utilização de meios de comunicação social próprios para o prosseguimento das suas atividades.»

2.2. Neste sentido, tal como o Estado não pode impor um ensino confessional no sistema público, também não pode impedir um ensino confessional no sistema privado.

2.3. O mesmo será dizer que, quaisquer que sejam as medidas adotadas - e convém enfatizar que a fórmula "condições necessárias" confere enorme discricionariedade ao órgão executivo para promover o que quer que seja -, tais não poderão vincular os estabelecimentos de ensino privados.


Este é, ademais, o entendimento do Tribunal Constitucional.
Mas uma escola privada não está preparada para aceitar que "as crianças e jovens se sintam respeitados de acordo com a identidade de género e expressão de género"?
São assim tão formatadas que não concebem o respeito pela autodeterminacão das crianças e jovens?
No fundo, é como a igualdade salarial entre homens e mulheres. O Estado cumpre a lei, mas já os privados não são obrigados a cumpri-la.
 
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Mas uma escola privada não está preparada para aceitar que "as crianças e jovens se sintam respeitados de acordo com a identidade de género e expressão de género"?
São assim tão formatadas que não concebem o respeito pela autodeterminacão das crianças e jovens?
No fundo, é como a igualdade salarial entre homens e mulheres. O Estado cumpre a lei, mas já os privados não são obrigados a cumpri-la.
Está, e os direitos fundamentais aplicam-se aos privados como bem disseste, mas omitiste a parte importante: "Os estabelecimentos do sistema educativo, independentemente da sua natureza pública ou privada, devem garantir as condições necessárias [...]".

A parte do respeito nem merecia ser mencionada, porquanto já está contemplada nos artigos 13° (Princípio da igualdade) e 26° da Constituição, além do princípio basilar do nosso sistema - o da dignidade da Pessoa Humana. Quer isto dizer que as entidades públicas e privadas (ex vi artigo 12°) devem abster-se de qualquer discriminação, é um dever geral de respeito, um direito negativo.

O que está em causa no "garantir as condições necessárias" é um direito positivo, um facere, uma conduta a adotar para "se sentirem respeitados".

Este é um conceito indeterminado, que necessita de preenchimento valorativo da Administração, é dizer, do governo. Ou seja: confere grande margem de manobra ao governo para interpretar essa disposição, podendo assentar, por exemplo, na obrigatoriedade do estudo da identidade de género e da expressão de género tal qual aparece no programa de Cidadania. Ou então de casas de banho mistas nos privados, medida em si dúbia no que concerne à sua imposição a qualquer privado, quanto mais quando essa seria diametralmente oposta às convicções da maioria das religiões.

Ora, esse é um limite inviolável: o Estado não pode impor isso aos estabelecimentos de ensino privados, por força do número 5 do artigo 41° da Constituição, seja qual for a matéria em questão.

Se entendermos, como entendeu o Tribunal Constitucional, que a forma como é dada a Identidade de Género nas escolas é ideológica (o que não é equivalente a dizer que a identidade de género é, de per si, ideológica), então temos mais uma violação flagrante de uma norma constitucional, desta feita do número 2 do artigo 43°.
 
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é exagerado dizer que este gajo é fascista?
já sei que coiso e tal chamam fascista a toda a gente etc...
mas...fds?

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Devenish

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Israel já está a atacar Irão - notícia dada agora SIC-Notícias,
Nuno Rogeiro no Guerra Fria na SIC no final já tinha dito que estava para breve esse ataque e o Irão atacar também Israel.
Vamos saber breve o desemvolvimento.
 
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joaovilasboas

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é exagerado dizer que este gajo é fascista?
já sei que coiso e tal chamam fascista a toda a gente etc...
mas...fds?

Visualizar anexo 31755
Esta é a coisa que mais me preocupa neste momento: existe uma séria hipótese do Trump ganhar.

Os mais reputados pollsters colocam-no à frente da Kamala nos swing states, e a ganhar momentum no que toca ao voto popular - praticamente empatado.

Esta é a previsão de um estatístico que acompanho, cujo modelo agrega polls e lhes atribui influência distinta no resultado final conforme vários critérios. Acertou em várias eleições desde 2008.

Voto popular: KAMALA 48.5%, Trump 47.2%

Swing states:
Pennsylvania: TRUMP (48.2%), Kamala (48%)
Michigan: KAMALA (48.1%), Trump (47.3%)
North Carolina: TRUMP (48.8%), Kamala (47.6%)
Arizona: TRUMP (49.3%), Kamala (47.3%)
Nevada: KAMALA (47.9%), Trump (47.8%)
Wisconsin: KAMALA (48.5%), Trump (47.9%)
Georgia: TRUMP (49%), Kamala (47.6%)

Previsões do modelo: por cada 100 simulações da eleição, o Trump ganha 53; a Kamala 47.

Cenário mais comum: Trump com mais de 300 EV.

83% de probabilidade do Trump ganhar um estado que não ganhou em 2020.

Outro grande problema é este: em 2020, mesmo com a vitória do Biden, as sondagens falharam, em média, o resultado do Trump entre 7 a 8 pontos percentuais abaixo. Quer isto dizer o quê? Bom, não sabemos se as sondagens deste ano já refletem essa tendência do Trump de obter mais do que as sondagens lhe dão ou se as sondagens ainda não conseguiram corrigir esse imbróglio.
 

Mike_Walsh

Tribuna
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Está, e os direitos fundamentais aplicam-se aos privados como bem disseste, mas omitiste a parte importante: "Os estabelecimentos do sistema educativo, independentemente da sua natureza pública ou privada, devem garantir as condições necessárias [...]".

A parte do respeito nem merecia ser mencionada, porquanto já está contemplada nos artigos 13° (Princípio da igualdade) e 26° da Constituição, além do princípio basilar do nosso sistema - o da dignidade da Pessoa Humana. Quer isto dizer que as entidades públicas e privadas (ex vi artigo 12°) devem abster-se de qualquer discriminação, é um dever geral de respeito, um direito negativo.

O que está em causa no "garantir as condições necessárias" é um direito positivo, um facere, uma conduta a adotar para "se sentirem respeitados".

Este é um conceito indeterminado, que necessita de preenchimento valorativo da Administração, é dizer, do governo. Ou seja: confere grande margem de manobra ao governo para interpretar essa disposição, podendo assentar, por exemplo, na obrigatoriedade do estudo da identidade de género e da expressão de género tal qual aparece no programa de Cidadania. Ou então de casas de banho mistas nos privados, medida em si dúbia no que concerne à sua imposição a qualquer privado, quanto mais quando essa seria diametralmente oposta às convicções da maioria das religiões.

Ora, esse é um limite inviolável: o Estado não pode impor isso aos estabelecimentos de ensino privados, por força do número 5 do artigo 41° da Constituição, seja qual for a matéria em questão.

Se entendermos, como entendeu o Tribunal Constitucional, que a forma como é dada a Identidade de Género nas escolas é ideológica (o que não é equivalente a dizer que a identidade de género é, de per si, ideológica), então temos mais uma violação flagrante de uma norma constitucional, desta feita do número 2 do artigo 43°.
O Estado não tem coragem de avançar com as casas de banho mistas nas escolas públicas, quanto mais nas escolas privadas.
Casas de banho mistas só nos tascos.
De resto, em Cidadania, é dada a Igualdade de Género.
"A Educação para a Igualdade de Género pretende incentivar os/as alunos/as conhecer o Conceito Igualdade de Género. Com isso, procura promover igualmente os direitos das mulheres e das raparigas e a igualdade de género em vários planos – político, económico, social e cultural –, contribuindo para a eliminação de estereótipos."
Isto é inconstitucional? E como é que é dada a Igualdade de Género nas escolas? Eles sabem lá como é que é dada...
 
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Filipe Mendes

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O Estado não tem coragem de avançar com as casas de banho mistas nas escolas públicas, quanto mais nas escolas privadas.
Casas de banho mistas só nos tascos.
De resto, em Cidadania, é dada a Igualdade de Género.
"A Educação para a Igualdade de Género pretende incentivar os/as alunos/as conhecer o Conceito Igualdade de Género. Com isso, procura promover igualmente os direitos das mulheres e das raparigas e a igualdade de género em vários planos – político, económico, social e cultural –, contribuindo para a eliminação de estereótipos."
Isto é inconstitucional? E como é que é dada a Igualdade de Género nas escolas? Eles sabem lá como é que é dada...
Vocês concordam com isso das casas de banho mistas nas escolas?
 

Vlk

Tribuna Presidencial
3 Junho 2014
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Lisboa
Vocês concordam com isso das casas de banho mistas nas escolas?
Sim, mas não é mistas, é unissexo, obviamente com espaço que garanta a privacidade individual. É a solução mais racional que evitaria os problemas levantados pelos dois lados da discussão.
 
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D10s

Tribuna
21 Novembro 2013
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Esta é a coisa que mais me preocupa neste momento: existe uma séria hipótese do Trump ganhar.

Os mais reputados pollsters colocam-no à frente da Kamala nos swing states, e a ganhar momentum no que toca ao voto popular - praticamente empatado.

Esta é a previsão de um estatístico que acompanho, cujo modelo agrega polls e lhes atribui influência distinta no resultado final conforme vários critérios. Acertou em várias eleições desde 2008.

Voto popular: KAMALA 48.5%, Trump 47.2%

Swing states:
Pennsylvania: TRUMP (48.2%), Kamala (48%)
Michigan: KAMALA (48.1%), Trump (47.3%)
North Carolina: TRUMP (48.8%), Kamala (47.6%)
Arizona: TRUMP (49.3%), Kamala (47.3%)
Nevada: KAMALA (47.9%), Trump (47.8%)
Wisconsin: KAMALA (48.5%), Trump (47.9%)
Georgia: TRUMP (49%), Kamala (47.6%)

Previsões do modelo: por cada 100 simulações da eleição, o Trump ganha 53; a Kamala 47.

Cenário mais comum: Trump com mais de 300 EV.

83% de probabilidade do Trump ganhar um estado que não ganhou em 2020.

Outro grande problema é este: em 2020, mesmo com a vitória do Biden, as sondagens falharam, em média, o resultado do Trump entre 7 a 8 pontos percentuais abaixo. Quer isto dizer o quê? Bom, não sabemos se as sondagens deste ano já refletem essa tendência do Trump de obter mais do que as sondagens lhe dão ou se as sondagens ainda não conseguiram corrigir esse imbróglio.
Lendo as entrelinhas das sondagens, esta eleição (early voting) tem tido muito mais participação de mulheres, algo que os polsters nao podem prever como ira correr.

Mais os polsters devido ao não conseguirem prever o efeito trump, fazem uns ajustes para cima nas previsões de votos, algo que tb usaram e que levava toda a gente a pensar numa red wave nas eleições intercalares e que foi um massacre para os republicanos.

Nao tou a dizer que vai ser Kamala seguro, mas acho que cada vez mais temos de ignorar sondagens, para mais quem é que ainda atende o telefone para responder a este tipo questões?
 

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Esta é a coisa que mais me preocupa neste momento: existe uma séria hipótese do Trump ganhar.

Os mais reputados pollsters colocam-no à frente da Kamala nos swing states, e a ganhar momentum no que toca ao voto popular - praticamente empatado.

Esta é a previsão de um estatístico que acompanho, cujo modelo agrega polls e lhes atribui influência distinta no resultado final conforme vários critérios. Acertou em várias eleições desde 2008.

Voto popular: KAMALA 48.5%, Trump 47.2%

Swing states:
Pennsylvania: TRUMP (48.2%), Kamala (48%)
Michigan: KAMALA (48.1%), Trump (47.3%)
North Carolina: TRUMP (48.8%), Kamala (47.6%)
Arizona: TRUMP (49.3%), Kamala (47.3%)
Nevada: KAMALA (47.9%), Trump (47.8%)
Wisconsin: KAMALA (48.5%), Trump (47.9%)
Georgia: TRUMP (49%), Kamala (47.6%)

Previsões do modelo: por cada 100 simulações da eleição, o Trump ganha 53; a Kamala 47.

Cenário mais comum: Trump com mais de 300 EV.

83% de probabilidade do Trump ganhar um estado que não ganhou em 2020.

Outro grande problema é este: em 2020, mesmo com a vitória do Biden, as sondagens falharam, em média, o resultado do Trump entre 7 a 8 pontos percentuais abaixo. Quer isto dizer o quê? Bom, não sabemos se as sondagens deste ano já refletem essa tendência do Trump de obter mais do que as sondagens lhe dão ou se as sondagens ainda não conseguiram corrigir esse imbróglio.
parece-me que vai ganhar.
só espero que os checks & balances do país se aguentem porque ele está cada vez mais autoritário.
e se tentam mesmo implentar aquele project 2025...grande desgraça de programa.
 

Vlk

Tribuna Presidencial
3 Junho 2014
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Lisboa
parece-me que vai ganhar.
só espero que os checks & balances do país se aguentem porque ele está cada vez mais autoritário.
e se tentam mesmo implentar aquele project 2025...grande desgraça de programa.
Não é só isso. Embora improvável deixa ver até onde se vai estender o poder do psico do musk.
E para a Europa os checks and balances servem de pouco.
 

joaovilasboas

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Lendo as entrelinhas das sondagens, esta eleição (early voting) tem tido muito mais participação de mulheres, algo que os polsters nao podem prever como ira correr.

Mais os polsters devido ao não conseguirem prever o efeito trump, fazem uns ajustes para cima nas previsões de votos, algo que tb usaram e que levava toda a gente a pensar numa red wave nas eleições intercalares e que foi um massacre para os republicanos.

Nao tou a dizer que vai ser Kamala seguro, mas acho que cada vez mais temos de ignorar sondagens, para mais quem é que ainda atende o telefone para responder a este tipo questões?
Os pollsters têm de facto feito previsões para cima, mas nada comparável aos 7 pp / 8 pp da eleição anterior. Eu sinceramente espero que desta vez acertem, mas não consigo ter confiança nisso.

Nas intercalares, os republicanos têm o costume de votar mais. Não obstante, tal não acontece com os eleitores do Trump - parece que estes focam-se tão só nas Presidenciais.

Certo é que as sondagens não são 100% fiáveis, mas nos últimos 8 anos o prejudicado tem sido o Trump, que puxa sempre muito mais. A última vez que isso aconteceu com os democratas foi em 2012, com o Obama - muitos davam a vitória ao Romney.

Resta saber se isto é 2012 ou 2020.
 
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