@Manageiro de futból ,
indiscutível, ao país falta um rumo e uma visão clara sobre o que pretende ser. E como se um mal não bastasse, esse plano estratégico terá de ser agora pensado num momento sombrio da Europa (... do Ocidente e do planeta), tornando-se mais difícil alcançar qualquer coisa que se assemelhe com desenvolvimento sustentável. O debate político passa ao lado de questões de tamanha importância e aos cidadãos falta interesse e acção.
Para mais, e para lá da necessidade desse melhor desempenho interno, encontramo-nos constrangidos por uma arquitectura comunitária e uma união monetária disfuncionais, incompletas, às quais faltam instrumentos políticos e institucionais que facilitem a convergência e um certo equilíbrio entre os estados-membros. Para mais do para mais, a Alemanha, o motor europeu e principal vencedor da união monetária, contribuiu para emperrar esta pseudo-federação ao não transformar as suas políticas económicas e ao pretender propagar aos parceiros a sua própria visão. Acumularam excedentes sem fazer investimentos, focados na disciplina orçamental e no controlo dos défices, e exortaram os outros a seguir esse mesmo trajecto. Mas nem todos podem ser alemães, e é estranho que se considere razoável um modelo de desenvolvimento ancorado em balanças comerciais positivas num bloco económico que, preferencialmente, realiza trocas entre si. A Ásia exporta, o Europa também... está tudo a contar com o ovo no c* da galinha americana. Com a diferença que americanos e asiáticos são polos de inovação tecnológica e dominam sectores fundamentais. Será interessante ver o que farão os alemães, e por extensão os parceiros europeus que lhe alimentam a cadeia de produção, quanto à sua indústria automóvel. Os chineses e os americanos a transitar para a mobilidade verde e os europeus a fechar fábricas...
Falta uma visão continental para o projecto. Cada vez mais distante, sendo mais profundas as divisões e a maior a desconfiança quanto à integração.
A Irlanda beneficiou e beneficia ainda de uma forma de distinção altamente questionável, a da competitividade fiscal, compreendendo que este é um termo excessivamente suave. A ponto de ser sancionada pela justiça europeia. Os seus indicadores económicos, em virtude disto, estarão também empolados. Lá está, uma união económica e monetária sem fiscalidade comum, sem orçamento próprio (tem orçamento, mas algo mais substancial), com um banco central que hesita em assumir todas as funções de um banco central... não é fácil.
O mercado não se preocupa com a redistribuição de riqueza nem com funções que tendem a ser deficitárias ou não-lucrativas (numa perspectiva imediatista, pois providenciar infraestruturas, educação, saúde... são óptimos investimentos). Aliás, não é estranho depararmo-nos com notícias de grandes empresas, com grandes lucros, a cortar pessoal. Como se vê até pelo caso alemão, não é claro que deter capital, obter lucros, tenha como consequência o investimento. Os mercados financeiros possibilitam retornos extraordinários, à margem da economia real. Terá de ser o estado a assumir esse tipo de preocupação, directa ou indirectamente. Culpa nossa também, que vemos o estado como uma coisa exterior aos cidadãos.
@Czarli9 ,
vou lendo, vou dando uma vista de olhos de vez em quando. Mas a profundidade com que se discute os mais diferentes temas assusta a participação. Isto mal parece um fórum de bola. Bem haja ao e aos colegas portistas.