Actualidade Internacional

Cheue

12 Maio 2016
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Olha que o Descartes discorda de ti quanto à parte de ninguém nascer religioso. Não partilho da posição dele.

Imagina que eu inicio uma discussão com esta afirmação: «O Zezé Camarinha não é heterossexual». Visto que a primeira asserção foi minha, terei de comprovar o que disse; o ónus da prova recai sobre mim.

O resultado prático do debate sobre a existência ou não de Deus assenta no facto de a ciência não querer ter nada que ver com isso. O método científico é incompatível.

E os religiosos têm argumentos demasiado vigorosos para serem comparados a um defensor do monstro do Loch Ness.
mas o ZeZé ser ou não heterossexual é algo normal, dentro da realidade.

quando se discute religião é muito difícil argumentar sem usar algo de sobrenatural ou que desafie a ciência...
é inventar uma realidade e depois pedir para eu argumentar contra ela.
só porque é algo que passa de geração em geração e que tem milhares de milhões de seguidores não lhe dá mais credibilidade imo...

as aparições da nossa senhora não ganham credibilidade só porque existem muitas pessoas que acreditam nesse fenómeno
...e não acho que tenha que ser eu provar que não aconteceram.

não acho que quem não acredite no sobrenatural seja quem tem que se explicar...
 

Zeus

Tribuna Presidencial
1 Agosto 2015
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Olimpo
mas o ZeZé ser ou não heterossexual é algo normal, dentro da realidade.

quando se discute religião é muito difícil argumentar sem usar algo de sobrenatural ou que desafie a ciência...
é inventar uma realidade e depois pedir para eu argumentar contra ela.
só porque é algo que passa de geração em geração e que tem milhares de milhões de seguidores não lhe dá mais credibilidade imo...

as aparições da nossa senhora não ganham credibilidade só porque existem muitas pessoas que acreditam nesse fenómeno
...e não acho que tenha que ser eu provar que não aconteceram.

não acho que quem não acredite no sobrenatural seja quem tem que se explicar...
Um ateu médio acredita que do nada se fez tudo, há algo mais sobrenatural do que isso? Em nenhum momento da história a ciência concluiu que do nada pode-se criar algo.

É preciso ter muito mais fé para acreditar nisso do que acreditar num criador que não está preso às limitações do tempo e do espaço.
 

Mike_Walsh

Tribuna
4 Janeiro 2024
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Todos nos deparamos com o paradoxo de Epicuro.

Quando o velho da tasca pergunta «por qual razão Deus deixou uma criança com cancro morrer? Qual a razão de permitir tanta miséria e morte?" está numa reflexão ativa sobre as suas crenças - que por hipótese vamos assumir que possuem índole religiosa -, ou seja, está a questionar a sua própria religião, independentemente de saber disso ou não.

A resposta a essas perguntas normalmente coincide com um apelo à fé ou aos mistérios de Deus.

Não concordo que a extrema maioria precise de Deus para viver, ou, pelo menos, do conceito predominante de Deus; tenho para mim, isso sim, que todos nós precisamos de ter fé em algo, e que a espiritualidade (entendida aqui em sentido lato) é inerente ao Homem, a despeito de qualquer conexão do indivíduo a uma religião.
Conheço casos de pessoas que, de ateias, passaram a ser profundamente religiosas por causa da morte de um filho (um medo que me tolhe toda a existência).
Sem criticar - sei o que faria, mas isso sou eu - como é que se explica isto?
 

Cheue

12 Maio 2016
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Um ateu médio acredita que do nada se fez tudo, há algo mais sobrenatural do que isso? Em nenhum momento da história a ciência concluiu que do nada pode-se criar algo.

É preciso ter muito mais fé para acreditar nisso do que acreditar num criador que não está preso às limitações do tempo e do espaço.
a teoria do criador não adianta nada em relação a isso...

o criador existe desde quando? desde sempre? o que é isso? não teve inicio? como é que algo sempre existiu?

e antes da criação o que existia? nada? o que é nada? a pergunta é a mesma...
 

Devenish

Tribuna Presidencial
11 Outubro 2006
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  • Reinaldo Teles
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Conheço casos de pessoas que, de ateias, passaram a ser profundamente religiosas por causa da morte de um filho (um medo que me tolhe toda a existência).
Sem criticar - sei o que faria, mas isso sou eu - como é que se explica isto?
Ou um desastre que o filho esteve às portas da morte e se salvou.
Exemplo?
Maria Soares.
Mas isso não explica a existência de deus. Ela teve uma "luz" (como outros e outras em circunstâncias iguais ou diferentes) mas foi uma situação pessoal.
 
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Zeus

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1 Agosto 2015
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Olimpo
a teoria do criador não adianta nada em relação a isso...

o criador existe desde quando? desde sempre? o que é isso? não teve inicio? como é que algo sempre existiu?

e antes da criação o que existia? nada? o que é nada? a pergunta é a mesma...
No limite somos uma simulação. 😎

Alguém disse aí atrás que a posição mais fácil de defender é para quem é ateu, não podia discordar mais, só se for para os preguiçosos. Na minha opinião é a posição mais difícil de defender porque têm que me explicar muito bem como é que do nada se fez tudo.

Nao estamos aqui por acaso, é a minha posição, não somos obra de reações químicas e mera evolução, se assim fosse porque é entre as quase infinitas espécies que existem e já existiram mais nenhuma desenvolveu capacidade de raciocínio, de amar, odiar, etc… como o ser humano?

Tudo é demasiado complexo mas ao mesmo tempo perfeito para ser obra do “acaso”.
 
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Zeus

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1 Agosto 2015
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Olimpo
Fazendo uma declaração de interesses, eu sou crente, acredito no Deus da Bíblia e não é por isso que deixo de ter um carinho quase paternal por ateus, até porque já fui um deles. Ler “Metafísica” de Aristoteles foi decisivo para a minha conversão. No dia que alguém refutar os argumentos apresentados por Aristoteles com uma linha de raciocínio lógica, eu converto-me de novo a ateu (porque ser ateu também é um religião), até hoje ninguém conseguiu. Depois de ler “Metafísica” e aceitar a existência de um criador peguei na Bíblia e li de seguida os evangelhos da Bíblia, só mais tarde peguei no resto, e foi o clique, tudo começou a fazer sentido. Todo o ateu está a um clique de ser crente, por preguiça ou desinteresse, nunca alcançam esse clique, não sei, e também por isso tenho pena de ver a forma como alguns crentes tratam os ateus, separando-os ainda mais de Deus, quando o objetivo é aproximar essas pessoas de Deus.
 

MiguelDeco

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  • Alfredo Quintana
Fazendo uma declaração de interesses, eu sou crente, acredito no Deus da Bíblia e não é por isso que deixo de ter um carinho quase paternal por ateus, até porque já fui um deles. Ler “Metafísica” de Aristoteles foi decisivo para a minha conversão. No dia que alguém refutar os argumentos apresentados por Aristoteles com uma linha de raciocínio lógica, eu converto-me de novo a ateu (porque ser ateu também é um religião), até hoje ninguém conseguiu. Depois de ler “Metafísica” e aceitar a existência de um criador peguei na Bíblia e li de seguida os evangelhos da Bíblia, só mais tarde peguei no resto, e foi o clique, tudo começou a fazer sentido. Todo o ateu está a um clique de ser crente, por preguiça ou desinteresse, nunca alcançam esse clique, não sei, e também por isso tenho pena de ver a forma como alguns crentes tratam os ateus, separando-os ainda mais de Deus, quando o objetivo é aproximar essas pessoas de Deus.
Faz-me um resumo s.f.f que eu sou um bocado malandro..😅
 

Cheue

12 Maio 2016
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Fazendo uma declaração de interesses, eu sou crente, acredito no Deus da Bíblia e não é por isso que deixo de ter um carinho quase paternal por ateus, até porque já fui um deles. Ler “Metafísica” de Aristoteles foi decisivo para a minha conversão. No dia que alguém refutar os argumentos apresentados por Aristoteles com uma linha de raciocínio lógica, eu converto-me de novo a ateu (porque ser ateu também é um religião), até hoje ninguém conseguiu. Depois de ler “Metafísica” e aceitar a existência de um criador peguei na Bíblia e li de seguida os evangelhos da Bíblia, só mais tarde peguei no resto, e foi o clique, tudo começou a fazer sentido. Todo o ateu está a um clique de ser crente, por preguiça ou desinteresse, nunca alcançam esse clique, não sei, e também por isso tenho pena de ver a forma como alguns crentes tratam os ateus, separando-os ainda mais de Deus, quando o objetivo é aproximar essas pessoas de Deus.
perguntem ao Aristóteles de onde veio o motor imóvel...
e quando.

se sempre existiu mas nunca em qualquer lugar fisico...voltamos ao mesmo.
 

Zeus

Tribuna Presidencial
1 Agosto 2015
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Olimpo
Faz-me um resumo s.f.f que eu sou um bocado malandro..😅
Creio que te estejas a referir a Aristoteles.

Aristoteles apresenta o Criador como o Motor Primeiro, porque tudo o que se move é movido por outra coisa. Os ateus acreditam na sequência “p.a” (potencial de ação -> ação), Aristoteles apresenta-nos a sequência completa “a.p.a” (ação -> potencial de ação -> ação).

Ou seja, um copo em cima da mesa pode cair no chão (potencial de ação)? Sim, acaba por cair mesmo no chão (ação). O que falta aqui? O “motor primeiro”, a ação que vem sempre antes do potencial de ação, a causa primeira, alguém empurrou o copo para o chão, alguém abanou a mesa e o copo caiu, o vento, não interessa qual a causa, interessa sim que teve que haver alguma ação primeira.

Ora, aceitando isto como uma verdade universal, que se aplica em TUDO ao nosso redor, é aplicar o mesmo raciocínio à criação do universo.

Outro exemplo que gosto muito é o do copo partido em cacos no chão, depois do copo cair no chão e ter ficado em cacos, segundo o raciocínio de um ateu aquele copo por espontaneidade e sem que ninguém lhe tocasse voltaria ao seu estado físico original, um crente diria que não, alguém inteligente pegou nos cacos e colou os cacos do copo. O raciocínio aplica-se à criação do universo, um ateu acredita que foi por espontaneidade, um crente acredita que houve uma mente inteligente por trás. Quando um ateu me mostrar um copo partido no chão, sem que ninguém lhe toque a voltar ao seu estado físico original eu deixo de acreditar num criador, até lá…
 

Vlk

Tribuna Presidencial
3 Junho 2014
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Lisboa
Ou um desastre que o filho esteve às portas da morte e se salvou.
Exemplo?
Maria Soares.
Mas isso não explica a existência de deus. Ela teve uma "luz" (como outros e outras em circunstâncias iguais ou diferentes) mas foi uma situação pessoal.
Disclaimer: sou agnóstico. Racionalmente é-me evidente que não existe nada para além disto mas emocionalmente, não sei se pela educação que tive, temho sempre a sensação de que existe mais alguma coisa. Numa conversa destas só posso usar argumentos lógicos por isso vou estar sempre próximo dos que não acreditam.

Em relação à tua questão das experiências dramáticas com filhos ou pessoas próximas, aquilo que eu acho é que o medo da perda se aproxima muito áquilo que eu acho que é a origem antropológica da religião, que também é o medo. O medo das catástrofes, do desconhecido, da destruição e das proporções"sobre-humanas" que podem tomar (tremores de terra, tempestades, trovoadas, epidemias,...). Por sua vez este medo protegeu-nos durante milénios e tornou-se uma vantagem evidente na selecção natural.
 
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Vlk

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3 Junho 2014
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Creio que te estejas a referir a Aristoteles.

Aristoteles apresenta o Criador como o Motor Primeiro, porque tudo o que se move é movido por outra coisa. Os ateus acreditam na sequência “p.a” (potencial de ação -> ação), Aristoteles apresenta-nos a sequência completa “a.p.a” (ação -> potencial de ação -> ação).

Ou seja, um copo em cima da mesa pode cair no chão (potencial de ação)? Sim, acaba por cair mesmo no chão (ação). O que falta aqui? O “motor primeiro”, a ação que vem sempre antes do potencial de ação, a causa primeira, alguém empurrou o copo para o chão, alguém abanou a mesa e o copo caiu, o vento, não interessa qual a causa, interessa sim que teve que haver alguma ação primeira.

Ora, aceitando isto como uma verdade universal, que se aplica em TUDO ao nosso redor, é aplicar o mesmo raciocínio à criação do universo.

Outro exemplo que gosto muito é o do copo partido em cacos no chão, depois do copo cair no chão e ter ficado em cacos, segundo o raciocínio de um ateu aquele copo por espontaneidade e sem que ninguém lhe tocasse voltaria ao seu estado físico original, um crente diria que não, alguém inteligente pegou nos cacos e colou os cacos do copo. O raciocínio aplica-se à criação do universo, um ateu acredita que foi por espontaneidade, um crente acredita que houve uma mente inteligente por trás. Quando um ateu me mostrar um copo partido no chão, sem que ninguém lhe toque a voltar ao seu estado físico original eu deixo de acreditar num criador, até lá…
Cuirioso. Nesse raciocínio, como vês por exemplo a radioactividade. Qual seria o motor primeiro na tua interpretação? Pergunto porque não existe nada que despolete um decaimento radioactivo.

E já agora em relação ao nada que existia antes. Acreditas na teoria do Big-bang? É que é intrínseco à teoria, que não existia tempo "antes" dele.

Em relação à questão do copo, porque é que um ateu acharia que se voltaria a juntar espontaneamente?
 
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Zeus

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1 Agosto 2015
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Cuirioso. Nesse raciocínio, como vês por exemplo a radioactividade. Qual seria o motor primeiro na tua interpretação? Pergunto porque não existe nada que despolete nem capaz de impedir um decaimento radioactivo.

E já agora em relação ao nada que existia antes. Acreditas na teoria do Big-bang? É que é intrínseco à teoria, que não existia tempo "antes" dele.
Agora é que me lixaste, não sei como funciona um decaimento radioativo, por isso não te consigo dizer qual seria o motor primeiro, irei investigar.

Quanto ao segundo parágrafo, creio que já existe relativo consenso científico que conclui que o universo teve um início e com ele iniciou-se o tempo e o espaço. Um criador a existir teríamos sempre de olhar para ele como algo fora do tempo e do espaço, vai para além da nossa compreensão e da nossa lógica, estamos limitados ao nosso tempo e espaço.
 
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Mike_Walsh

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Ou um desastre que o filho esteve às portas da morte e se salvou.
Exemplo?
Maria Soares.
Mas isso não explica a existência de deus. Ela teve uma "luz" (como outros e outras em circunstâncias iguais ou diferentes) mas foi uma situação pessoal.
Mas tornar-se religioso porque o filho se salvou é mais compreensível do que tornar-se religioso porque o filho morreu.
Ou se calhar não. Não sei.