Tendo a concordar que há sociedades que não querem ou melhor não sabem, nem estão habilitadas culturalmente ou em dimensionamento, para a democracia como nós a conhecemos.
E como tal o melhor que têm a fazer é ir tentando contruir melhores instituições e sim, não desistir e ir tentando que alguns elementos das suas tomadas de decisões sejam mais democráticas para que um dia a tenham democracia num sentido mais amplo.
Quanto à questão de que a "cultura deles" pode não dar para a democracia é daquelas afirmações que eu simplesmente não concordo por n motivos. Para além do factor de resignação e fatalismo têm um certo toque de "coitados eles são atrasados" ou pior, parece que há algo intrínseco na sua humanidade e na sua cultura de malévolo que rejeita algo que não seja a tirania.
Isso já foi dito sobre Portugal e desculpem, não é por ouvirmos fado ou comermos batatas a murro, ou termos tido reis e um catolicismo pudico e retragrado, uma sociedade em que o papel da mulher era o que era por séculos que não houve revoluções liberais, queda da monarquia ou o 25 de Abril. Rejeito esse retrato absurdo que se alguém rezar ao Cristo pode ser democrático mas se rezar ao Buda ou acreditar no Zodiaco do Maomé já não pode.
A democracia tem premissas terrivelmente exigentes para ser posta em prática. Necessita de uma imprensa livre e relativamente equilibrada, actores políticos que vejam o lado oposto como adversários e não como inimigos, um modelo rotativo e que dê a possibilidade de quem tem o poder possa sair com dignidade, divisão de funções e responsabilidades, um processo eleitoral transparente e que seja aceite por todos, etc. Nada disto me parece que seja contrário a qualquer texto divino ou a qualquer prática cultural. E se o é teremos que aceitar que a religião tem que ser vista num plano diferente e separar as águas como nós próprios as tivemos que separar da igreja.
Há exemplos de ditaduras e democracias de todos os credos e culturas e não, uma coisa não impede a outra.