A meu ver, apontar a existência de práticas de escravatura locais e de colaboração com o tráfico massivo de escravos entre continentes não tem qualquer relevância para a discussão. Discuto processos sucessivos de expansão territorial e imperial, escravatura e subjugação de povos, colonialismo e exploração de recursos naturais e mão-de-obra, relações económicas e financeiras penalizadoras das áreas exploradas e demais práticas associadas ao que se cunhou de neocolonialismo. Seja como for, não creio que valha a pena insistir no ponto, pois já repito a repetição do que escrevera primeiramente.Ninguém aqui quer camuflar qualquer responsabilidade sobre a escala a que foi dotada a escravatura.
Eu estou apenas a dizer que efectivamente o fenômeno não começou nas potências dominantes na altura mas sim na próprias sociedades de onde eram oriundos os escravos.
Outra situação é a cooperaçao entre esses estados antes colonizados e dominados e os antigos colonizadores.
Tu sabes como eu sei e todos nós sabemos que essas tentativas de cooperação e desenvolvimento econômico esbarram nos líderes desses mesmos países, que fazem com que todos os benefícios que deveriam chegar a população( nomeadamente empregos, saúde, habitaçao) são acumulados pelos líderes em troca das suas riquezas naturais, mantendo um ciclo vicioso de uma estratificação social que perdura a séculos
Há mais de 70 anos que funciona assim.
Esse é um onus que os ex colonizadores não carregam.
Mais uma vez convenientemente ou não se ignora culturas e funcionamentos de sociedades para continuar a flagelar o mundo desenvolvido.
Ainda hoje a escravatura tem na sua causa a oferta porque até a data que iniciou a " economia de escala" da escravatura não existia procura.
A procura passou a existir quando começou a existir a oferta que foi criada pelas elites desses próprios povos.
Está provado que a esmagadora maioria das portes dos povos nativos da América morreram por doenças que os europeus trouxeram com eles e não em disputas armadas
A cooperação e a solidariedade não podem estar dependentes de condições locais óptimas, ausência de corrupção, governação sem falhas... terão de contemplar essas circunstâncias onde elas se verificam. As relações entre países, comunidades políticas, económicas... acontecem apesar de. Tão pouco se tratará de uma realidade homogénea no continente.
Questão curiosa. As populações nativas índias foram severamente afectadas por doenças às quais não tinham exposição, introduzidas pelos colonizadores. Qual é a causa? ... de quem é a responsabilidade? Dos próprios microorganismos? Falava-se atrás da mudança de critérios éticos e morais. Compreenda-se que as relações de causalidade existem independentemente das suas dimensões subjectivas, éticas e morais. Não se pode alegar não se ser a causa de algo por ausência de intencionalidade ou julgamento ético e moral. Seja como for, houve guerras, massacres, perseguições, deslocações forçadas... e não terão sido os agentes patogénicos a arrebanhar a terra.