A última época do SC não é exemplo para nada, foi uma época atípica e que assinalou um final de ciclo.
O Sérgio, por mais que tenha dado ao clube no passado, já não era solução para o FC Porto. A sua abordagem, que em tempos foi eficaz e marcou momentos importantes da nossa história recente, tornou-se previsível. O desgaste foi evidente e, embora a sua saída tenha sido inevitável, a solução encontrada para o suceder não tem mostrado ser a mais acertada. E uma nota, a diferença no Sérgio é que ele tinha uma aura que escondia alguns problemas, mas a realidade é que a estrutura coletiva já deixava a desejar nas últimas épocas.
O que o FC Porto precisa agora não é de um "Guardiola" ou de um treinador com um cartel estratosférico. O que se exige é alguém que tenha uma capacidade mínima de ler os jogos, que seja capaz de identificar o que está a correr mal em tempo real e de ajustar a equipa, tanto no plano tático como no mental, para enfrentar os desafios que surgem ao longo dos 90 minutos.
Quando vemos declarações como "até ao intervalo jogo dividido" depois de termos sido completamente dominados na Luz – sem qualquer capacidade de construção, a correr atrás do jogo e a perder praticamente todos os duelos – é impossível não sentir frustração. É precisamente essa falta de leitura clara e objetiva que nos coloca em apuros repetidamente, porque quem está no banco parece alheio ao que se passa em campo. Nem vou falar do que aconteceu no pós jogo no balneário.
Um treinador capaz de ver a equipa a ser dominada e reconhecer que algo precisa de mudar – seja no momento ou no intervalo – é o mínimo que se pode pedir. Não se trata de exigir milagres ou futebol de outro mundo, mas de ter um plano. Reconhecer fraquezas, ajustar o posicionamento, reforçar setores vulneráveis, e, acima de tudo, dar à equipa um rumo quando as coisas não estão a correr bem. Isso é o básico para qualquer clube de topo, e é algo que, no atual contexto, não estamos a ter.
Reforçando: o que precisamos é de trabalho, organização, e clareza. Alguém que saiba criar processos defensivos e ofensivos que suportem a equipa contra adversários de qualquer nível, e não alguém que se esconda atrás de clichés para justificar a falta de soluções. O Porto não exige Guardiolas; exige um líder que saiba ver, corrigir e, sobretudo, fazer a equipa competir.
A ideia de que, com um novo treinador, se pode melhorar é um cenário lógico. Há razões objetivas para acreditar que corrigir os problemas defensivos teria impacto positivo. Hoje, mesmo nos jogos de nível baixo, estamos a vencer porque temos superioridade ofensiva e técnica, mas com um trabalho defensivo adequado, evitaríamos as aflições e correríamos menos riscos de tropeçar – algo que pode acontecer a qualquer momento.
Por outro lado, ao resolver essas questões estruturais, estaríamos também a criar uma base sólida para competir em jogos de maior exigência e para crescer. Isso não é fé, mas a natureza do futebol: equipas bem organizadas, que sabem reagir à perda de bola e manter equilíbrios, têm melhores hipóteses de sucesso.
O ponto-chave aqui não é comparar os dois treinadores diretamente (SC e VB), mas sim perceber que o atual treinador não tem mostrado capacidade de corrigir problemas evidentes, e isso é o que faz com que a mudança pareça necessária. A ideia não é acreditar que qualquer substituto será milagroso, mas sim que alguém com competências claras para organizar a equipa pode trazer melhorias – algo que, objetivamente, Vítor Bruno ainda não conseguiu demonstrar. Aliás basta olhar para aquilo que é o nosso nível de jogo para perceber a pouca evolução desde o inicio da época.
Em resumo: não é fé, é reconhecer que um trabalho mal feito neste momento será sempre inferior a um trabalho bem feito, e a mudança pode proporcionar a oportunidade para essa melhoria, especialmente quando se parte de uma base que "até já ganha as equipas pequenas".