André Villas-Boas ficou exasperado com a péssima exibição do FC Porto perante o Benfica, que redundou numa goleada que já não acontecia há 60 anos. O desfecho foi péssimo, mas o líder dos dragões encontrou razões mais profundas para preocupação do que a já de si grave expressão numérica, assentes na falta de atitude, intensidade e agressividade perante um rival direto à conquista do título e em casa do qual os azuis e brancos se tinham habituado a obter bons resultados no historial recente.
Como ficou claro perto do final do encontro, quando Villas-Boas foi filmado pela BTV já de pé, prestes a abandonar a tribuna da Luz segundos antes do apito final de João Pinheiro, o presidente eleito a 27 de abril estava revoltado pelo que tinha acabado de assistir e ansioso por descer ao balneário, sentindo que não podia deixar passar em claro o que se tinha passado no clássico. Estados de alma reveladores de descontentamento que já se fizeram sentir noutros momentos da temporada.
Ao que Record apurou, AVB foi muito duro e não poupou nas palavras. Disse com todas as letras, aos jogadores, que o que se tinha passado em campo "foi uma vergonha" e realçou que a equipa "faltou ao respeito aos sócios e adeptos do FC Porto", nomeadamente os que se deslocaram à Luz e que durante longos períodos se tinham feito ouvir em força antes do descalabro se acentuar. O presidente ainda reclamou uma reação imediata nos próximos jogos, deixando claro que será inadmissível que o plantel, que tem os salários em dia fruto do grande esforço realizado pela SAD devido à conhecida crise financeira, não demonstre "uma atitude completamente diferente" após esta mancha histórica, isto sempre num tom de grande agastamento e com a garantia inequívoca de que a exigência no clube continuará sempre a ser máxima.
Uma reação sentida de um líder desapontado por não estar a ver correspondida a confiança depositada num grupo pelo qual se atravessou publicamente, acreditando ter qualidade tanto para ser candidato à conquista da Liga Europa, como para chegar ao título de campeão logo no seu primeiro ano como presidente do FC Porto. Tudo menos um cenário de uma derrocada que os azuis e brancos não experimentavam há seis décadas no reduto do Benfica, local onde o próprio Villas-Boas fez estragos como técnico dos portistas em 2010/11, tanto no campeonato como na Taça de Portugal.
O murro da mesa de André Villas-Boas ocorreu na presença de Vítor Bruno que, segundo apurámos, não teve qualquer intervenção, cabendo ao líder do clube assumir em exclusivo as despesas do discurso, estando ainda presente o diretor Jorge Costa.
Na sequência da exigência de uma redenção perante os sócios, um dos capitães e figura da casa, Diogo Costa, foi designado para comparecer na zona mista, verbalizando para o exterior essa mensagem, numa decisão sem precedentes por parte dos azuis e brancos, que no passado, e em caso de mau resultado, normalmente enviavam o capitão Pepe para tomar a palavra logo na entrevista rápida oficial, arrumando aí o assunto, missão que após a derrota com o Benfica coube a Alan Varela.
Todavia, face às críticas tecidas internamente por Villas-Boas, foi considerado que era necessário deixar uma mensagem para o exterior que desse conta do reconhecimento por parte do grupo de que tinha falhado redondamente, mas com uma nota de esperança para o futuro. Não tendo sido entendido o momento como ideal para o próprio AVB se pronunciar ante a comunicação social, o que poderá acontecer em breve, coube ao guarda-redes, um líder natural no balneário, dar a cara por todo o coletivo.
Note-se que o FC Porto, após a paragem das seleções, visita o Moreirense para a Taça de Portugal, desloca-se ao Anderlecht procurando corrigir a trajetória na Liga Europa, e recebe o Casa Pia para o campeonato.
Depois de ter partido a loiça no balneário da Luz, Villas-Boas não regressou ao Porto com a equipa. No passado portista, não era hábito de Pinto da Costa intervir diretamente perante o grupo no final das partidas, optando por fazer sentir a sua presença na zona técnica e comparecendo posteriormente no Olival, sendo ainda comum que se deixasse ver ao lado do treinador, e até no autocarro do clube, quando por algum motivo este era tido como estando fragilizado. Neste caso, e até porque boa parte do plantel se irá ausentar para representar as seleções nacionais, AVB optou por não perder tempo e deixou desde logo uma mensagem forte e um aviso à navegação para ser tido em conta por todo o grupo de trabalho.
Record revela-lhe o que se passou na intervenção dura do presidente do FC Porto perante o grupo
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