É uma questão de evolução, também. 10 mil anos atrás andávamos todos à batatada e a morar em grutas. Mas o ser humano evolui e até evoluiu bem rápido se pensarmos que essa evolução tem sido exponencial ao longo do tempo, cada vez mais rápida.
Porque o ser humano e a sua natureza alterou-se bastante num curto espaço de tempo se atendermos às centenas de milhares de anos de evolução da espécie. Faz parte da natureza do ser humano matar, por exemplo, mas aprendemos a reprimir esse instinto, como outros. Como era normal a mulher ficar em casa ou levar porrada. As coisas mudam e podem mudar num sentido que se considere melhor.
Apenas essa a minha ideia. Pode ser considerada ideologia e até utópico, acreditar numa convivência saudável ou num mundo mais justo para todos, mas sem acreditar e sem caminhar, não se chega a lado nenhum, mesmo que às vezes se faça um caminho e não se veja algo. é necessário pelo menos caminhar nalgum sentido.
Isto para chegar à ideia de que não tenho certeza que se viva melhor do que alguma vez hoje em dia.
E ai o capitalismo sobrevive da exploração, seja do ser humano, seja do meio ambiente. Senão nem discutíamos a sustentabilidade do planeta, por exemplo. Ou então que em muitos lados é mais barato ter um trabalhador do que um escravo. Pois o escravo tens que pelo menos manter durante alguns anos, o investimento feito. Agora o trabalhador assalariado, quando se lhe acabam as pilhas, arranjas outro. Ou quando fica velho, trocas por um fresquinho.
E a questão dos recursos. Metade do que se produz é lixo, desnecessário e consome recursos que nunca mais serão repostos, por exemplo.
Além de que falamos sempre na perspectiva de ocidentais privilegiados. Em vez de sermos um puto do Bangladesh que trabalha para a Zara por um dólar ao dia. engraçado o mais pobre de todos a produzir a riqueza do mais rico do planeta. Se isto é aceitável e vangloriado vou ali e já venho.
Depois quando falava em ir mais atrás no tempo, falava em se perceber a evolução dos continentes e dos países, dentro da sua estrutura sócio-politico ao longo de séculos, pelo menos. Porque se chegamos a África e dizemos que estão como estão pelas burocracias e elites déspotas que os conduzem, devemos meter a mão na consciência porque lá as deixamos, ou porque criamos países com 50 anos onde juntamos tensões e culturas muito diferentes que existiam à séculos ou milénios já.
Se vemos essa tensão em países como Espanha, Bélgica, Balcãs... muito mais em países estruturados e alvo de desleixo ao longo dos séculos de exploração. Quer dizer tivemos 500 anos em África, saímos em 75. Quantas escolas lá deixamos? Meia dúzia que frequentavam os brancos. Quantos hospitais? etc...
O mundo tem caminhado no sentido da desigualdade, nunca foi tão desigual como hoje, esse é o melhor caminho. Querem-me dizer que não existe alternativa a isto? Não existe alternativa à concentração de riqueza pornográfica?
Vejo o capitalismo e a sociedade capitalista e seus valores como vejo uma religião, onde existe um dogma, neste caso o dogma do dinheiro e da sua importância sobreposta a tudo. Vivemos num mundo onde esse é o valor que interessa, não existe mais nada. Um homem é visto pelo que tem no bolso, na carteira, no banco ou na offshore.
É a sociedade do espectáculo que o capitalismo moldou. Em todas as áreas, até podia recorrer ao futebol. Ou aos reality shows, aos putos youtubers... uma produção exponencial de merda hoje em dia e isso é o fruto da sociedade capitalista. Não aceito pessoalmente que se diga que este estado das coisas seja perpétuo, como uma religião mais uma vez.
Vou voltar ao Galeano e dizer... o caminho faz-se caminhando, por isso é que ainda acredito em utopias. É necessário acreditar em algo superior para manter a sanidade e o movimento. Isso faz-se faz-se de Thomas More. E eu continuo a fazer hoje em dia. Às vezes mais como forma de manter a sanidade, num mundo que considero desprovido de valores tão simples.
https://www.youtube.com/watch?v=e_71Dle6Q6o
Talvez um comunista, extremista de esquerda ou utópico que destruiu o Uruguai.