Acabado de ver o jogo com o Rio Ave, devo dizer que não estou surpreendido nem desiludido com o que vi. No fundo, o trabalho do NES já é conhecido e no FC Porto não me parece que vá fugir muito ao que mostrou no passado.
O seu grande objectivo é a segurança, com e sem bola, o que para um FC Porto é pouco, então para um FC Porto que precisa de ser imediatamente Campeão Nacional ainda menos.
Não tenho dúvidas que não é o único a procurar esse futebol mais resultadista, a própria SAD ao contrário de outros anos, de tão desesperada que está por resultados imediatos acha que o melhor caminho é cortar nos erros que tão bem espelharam o FC Porto nos últimos três anos. O que parecem não perceber é que quanto maior o caminho para o lado conservador do jogo, maior será a distância para o sucesso em meados de Maio. Tanto Sporting como Benfica apresentam modelos mais positivos para 2016/2017, o que acrescentando a maior competência técnica nos bancos e a qualidade individual evidente, fica-me difícil perceber o que se pretende para o futuro portista.
A inclusão do novo central, Filipe, que algumas vezes colocou a equipa em perigo por estar habituado a defender com referências individuais, com Marcano, poderá ser um dos problemas, visto que o espanhol já mostrou várias vezes que não garante a segurança necessária. Ora, com dois centrais com este perfil, não será fácil, mas é um trabalho que se aceita que ainda esteja nestes moldes nesta fase.
O mesmo não se pode dizer da linha média sem bola, onde para mim a opção por Danilo/Herrera tem tudo para correr mal. Ambos os jogadores apesar do vigor físico revelam permanentemente dificuldade em entender as zonas que devem ocupar e são constantemente lentos na recuperação e interpretação do jogo. André André como apoio tão adiantado também não deverá conferir qualquer tipo de equilíbrio, pelo que não entendo como NES pretende manter a segurança com a falta de agressividade posicional destes jogadores no corredor central.
Com bola, é o que já esperava, não se arrisca particularmente nada. Como já disse várias vezes, as dinâmicas e os resultados podem demorar a aparecer, mas as intenções vêem-se depressa. E no caso do FC Porto, a primeira fase de construção mostra que não vamos ser minimamento ofensivos nem vamos procurar envolvimento de modo a bater a pressão adversária com maior ou menor dificuldade. Vamos sim circular à largura, até Corona desatar a correr na profundidade a explorar a desatenção ou mau posicionamento da linha defensiva adversária. Ou então vamos voltar a jogar num movimento de um dos médios e fazer tudo all over again.
André André em zonas tão adiantadas também me faz imensa confusão. É um jogador esforçado, que ninguém discute o trabalho e a entrega, mas a nível imaginativo é praticamente nulo. Procura sempre as mesmas soluções e os próprios adversários sabem disso, pelo que não será de estranhar que a dinâmica de André Silva e Otávio saia afectada por perto deles estar um jogador que não tem a mesma capacidade criativa e técnica de ambos.
Chegando a zonas mais adiantadas através do passe longo ou por insistência pelos corredores, vê-se muitos poucos movimentos de aproximação e imenso afastamento para zonas de finalização. Mesmo André Silva, que é fortíssimo a baixar, vê-se que só o faz porque o contexto assim o exige e não por ordem clara do treinador, onde a profundidade é quase sempre o padrão colectivo exigido. Nesta zona do terreno, com os jogadores tão estáticos e poucas linhas de passe, ficará sempre complicado de fazer golo a praticamente 90% das equipas da liga, que não têm problema nenhum em permanecer encostadas à sua baliza. Em vários casos vamos acabar por fazer golo porque a qualidade individual face aos adversários acaba por pesar, mas contra equipas que revelem maior qualidade colectiva ou qualidade individual superior, será sempre um problema...
Basicamente, nada de novo, fazendo todo o sentido a apatia dos adeptos portistas, pois o que parece provável tanto no banco como na SAD é que não se está a trabalhar no caminho certo.