Entrevista de Moncho ao Zerozero.
Alguns destaques para quem não quiser ler tudo
- Tivemos acordo fechado com o Nevels mas ele "roeu a corda"
- Fizeram uma boa proposta de renovação ao Larry Gordon, mas mesmo assim não foi suficiente para o convencer a não se reformar já.
- Convidámos o Diogo Brito, mas perceberam que é mais aliciante para ele, neste momento, continuar noutros campeonatos.
Pré-época: «Ganhar ou perder jogos de pré-época deveria ser irrelevante, porque é um período de construção do jogo no qual experimentas muitas coisas, desde estratégias até jogadores a atuar em diferentes posições mesmo no próprio jogo. É por este motivo que não valorizo nunca uma pré-época desde o ponto de vista do resultado, mas sim desde a subjetividade das sensações que transmite o grupo, como se relacionam os atletas e como essas relações são transferíveis ao campo de jogo, e também dados objetivos que são sempre indicadores de evolução coletiva, assistências, ressalto defensivo após segundo esforço, etc. Dito isto, o meu balanço é que estamos ainda longe do que podemos vir a fazer pelo potencial que o grupo tem; eu como todos os treinadores sempre acho que mais uma semana, mais uns treinos com todos, são necessários para poder competir ao nível desejado quando começarem as provas oficiais. Não termos recuperado ao Max Landis ao nível que esperamos (não participou nos dois últimos jogos de preparação) ou a recente lesão do Mus Barro, que se perderá a semana de preparação da fase de qualificação da Fiba Europe Cup, são sempre handicaps que impedem podermos dizer que a pré-época foi perfeita.»
Reforços: «Acho que para ninguém é uma surpresa o nível mostrado pelo Charlon Kloof e, infelizmente, a opinião pública dá mais valor a highlights com um ou dous afundanços que a ações técnico-táticas bem mais extraordinárias feitas pelo Kloof e outros colegas. Acho coerente salientar também a atuação do Francisco Amarante contra o Burgos da liga ACB e outras equipas espanholas, demonstrando que pode jogar a “aquele nível” e que foi muito comentado por aqueles lados. Também o Vlad Voytso, que está a atirar com elevadas percentagens e a contribuir cada vez em mais aspetos do jogo; a sua exibição contra o Valladolid foi merecedora de grandes elogios por parte do treinador adversário. Se falamos dos novos, também o Rashard Odomes está a mostrar algo muito importante, consistências e regularidade nas suas exibições, contribuindo com pontos desde diferentes distâncias e muita versatilidade na defesa. Outro atleta que tem vindo a subir o nível e está a dar sinais muito positivos é o Danjel Purifoy como todos pedimos observar no torneio de Albufeira.»
Plantel: «Estamos satisfeitos, dadas as circunstâncias de mercado e como é difícil ainda convencer a alguns atletas para participar neste campeonato. Sendo sinceros, fomos obrigados a alterar o nosso plano quando o Nevels depois de ter acordo fechado “roeu a corda” para rumar a outro país. Também fizemos uma boa proposta de renovação ao Larry Gordon, merecida depois da sua boa época, e infelizmente não foi suficiente para o convencer de continuar a jogar em vez de ser reformar. Entre os jogadores nacionais, fizemos questão de convidar ao Diogo Brito antes do início dos trabalhos da seleção nacional; depois de conversar com ele e o seu agente percebemos que neste momento para ele é mais aliciante jogar noutros campeonatos, e depois das exibições com a Seleção retomamos o contato com o seu agente, mas o atleta se manteve firme e decidiu continuar a jogar em Espanha. O que estou a contar é o “normal” num processo de contratação e configuração de plantel, é por este motivo que mesmo alterando ideias inicias, a equipa foi feita consoante as ideias traçadas conjuntamente com o Afonso Barros, Diretor Desportivo, e quero agradecer publicamente o seu trabalho porque só os que estamos dentro sabemos como é difícil tomar decisões e trabalhar com plano A, B, C, D… quando a opinião pública acha que é muito fácil recrutar e compor uma equipa que deve lutar por vencer todas as provas nacionais.»
Objetivos: «Um clube como o FC Porto, independentemente de todas as circunstâncias e variáveis, será sempre obrigado a jogar para vencer todas as provas nacionais. Essa é a nossa responsabilidade e vamos trabalhar imenso para estar à altura de essa exigência. Também queremos aceder à fase de grupos da Fiba Europe Cup, sabendo que nesta prova há uma componente importante de sorte ou azar ao termos que jogar uma qualificação; estamos convictos que podemos conseguir o apuramento, mas também com os pés assentes no chão porque o sorteio foi de tudo menos favorável.»
Liga: «A LPB tem vindo a crescer e melhorar as exibições das equipas nos últimos anos, mas muito pelo trabalho feito pelos treinadores e em menor medida do que se diz pelo aumento de estrangeiros ou a redução de equipas. Que um dos melhores treinadores do país, José Ricardo Rodrigues, coloque um projeto como o CD Póvoa na primeira liga merece a admiração de toda a gente do basquetebol e devemos estar felizes pelo seu regresso à LPB. Há outros colegas que nos últimos anos implementaram conceitos e ideias muito interessantes. Gostava de salientar o Norberto Alves pela maneira em como as suas equipas jogam em transição ou a utilização dos jogadores fora do 2x2 no jogo de pick and roll; são conceitos que estamos habituados a ver apenas na liga ACB e é muito bom para o basquetebol português irmos dando estes passos em frente. Treinadores jovens como Ivo Rego e o seu jogo de bloqueios indiretos, os ataques de opção múltipla que o Nuno Manarte utilizou na Ovarense e agora provavelmente no Illiabum, a maneira de atacar com um Stretch 5 como Carlos Fechas mostrou em Guimarães na utilização do Ricardo Monteiro, o “ar fresco” que o Nuno Rodrigues veio trazer na época passada no Lusitânia, e entre todos, a capacidade competitiva na qual o Luís Modesto consegue colocar o Imortal. Estes são apenas alguns exemplos, mas há mais, e tenho a certeza que nesta época que se inicia veremos como os treinadores da LPB continuam a mostrar que o que nos afasta de outros patamares não é o nosso trabalho, mas sim circunstâncias que tem a ver com a gestão de clubes e federação: visibilidade da liga, regulamento de contratação, calendarização das provas, etc.»
Alguns destaques para quem não quiser ler tudo
- Tivemos acordo fechado com o Nevels mas ele "roeu a corda"
- Fizeram uma boa proposta de renovação ao Larry Gordon, mas mesmo assim não foi suficiente para o convencer a não se reformar já.
- Convidámos o Diogo Brito, mas perceberam que é mais aliciante para ele, neste momento, continuar noutros campeonatos.
Pré-época: «Ganhar ou perder jogos de pré-época deveria ser irrelevante, porque é um período de construção do jogo no qual experimentas muitas coisas, desde estratégias até jogadores a atuar em diferentes posições mesmo no próprio jogo. É por este motivo que não valorizo nunca uma pré-época desde o ponto de vista do resultado, mas sim desde a subjetividade das sensações que transmite o grupo, como se relacionam os atletas e como essas relações são transferíveis ao campo de jogo, e também dados objetivos que são sempre indicadores de evolução coletiva, assistências, ressalto defensivo após segundo esforço, etc. Dito isto, o meu balanço é que estamos ainda longe do que podemos vir a fazer pelo potencial que o grupo tem; eu como todos os treinadores sempre acho que mais uma semana, mais uns treinos com todos, são necessários para poder competir ao nível desejado quando começarem as provas oficiais. Não termos recuperado ao Max Landis ao nível que esperamos (não participou nos dois últimos jogos de preparação) ou a recente lesão do Mus Barro, que se perderá a semana de preparação da fase de qualificação da Fiba Europe Cup, são sempre handicaps que impedem podermos dizer que a pré-época foi perfeita.»
Reforços: «Acho que para ninguém é uma surpresa o nível mostrado pelo Charlon Kloof e, infelizmente, a opinião pública dá mais valor a highlights com um ou dous afundanços que a ações técnico-táticas bem mais extraordinárias feitas pelo Kloof e outros colegas. Acho coerente salientar também a atuação do Francisco Amarante contra o Burgos da liga ACB e outras equipas espanholas, demonstrando que pode jogar a “aquele nível” e que foi muito comentado por aqueles lados. Também o Vlad Voytso, que está a atirar com elevadas percentagens e a contribuir cada vez em mais aspetos do jogo; a sua exibição contra o Valladolid foi merecedora de grandes elogios por parte do treinador adversário. Se falamos dos novos, também o Rashard Odomes está a mostrar algo muito importante, consistências e regularidade nas suas exibições, contribuindo com pontos desde diferentes distâncias e muita versatilidade na defesa. Outro atleta que tem vindo a subir o nível e está a dar sinais muito positivos é o Danjel Purifoy como todos pedimos observar no torneio de Albufeira.»
Plantel: «Estamos satisfeitos, dadas as circunstâncias de mercado e como é difícil ainda convencer a alguns atletas para participar neste campeonato. Sendo sinceros, fomos obrigados a alterar o nosso plano quando o Nevels depois de ter acordo fechado “roeu a corda” para rumar a outro país. Também fizemos uma boa proposta de renovação ao Larry Gordon, merecida depois da sua boa época, e infelizmente não foi suficiente para o convencer de continuar a jogar em vez de ser reformar. Entre os jogadores nacionais, fizemos questão de convidar ao Diogo Brito antes do início dos trabalhos da seleção nacional; depois de conversar com ele e o seu agente percebemos que neste momento para ele é mais aliciante jogar noutros campeonatos, e depois das exibições com a Seleção retomamos o contato com o seu agente, mas o atleta se manteve firme e decidiu continuar a jogar em Espanha. O que estou a contar é o “normal” num processo de contratação e configuração de plantel, é por este motivo que mesmo alterando ideias inicias, a equipa foi feita consoante as ideias traçadas conjuntamente com o Afonso Barros, Diretor Desportivo, e quero agradecer publicamente o seu trabalho porque só os que estamos dentro sabemos como é difícil tomar decisões e trabalhar com plano A, B, C, D… quando a opinião pública acha que é muito fácil recrutar e compor uma equipa que deve lutar por vencer todas as provas nacionais.»
Objetivos: «Um clube como o FC Porto, independentemente de todas as circunstâncias e variáveis, será sempre obrigado a jogar para vencer todas as provas nacionais. Essa é a nossa responsabilidade e vamos trabalhar imenso para estar à altura de essa exigência. Também queremos aceder à fase de grupos da Fiba Europe Cup, sabendo que nesta prova há uma componente importante de sorte ou azar ao termos que jogar uma qualificação; estamos convictos que podemos conseguir o apuramento, mas também com os pés assentes no chão porque o sorteio foi de tudo menos favorável.»
Liga: «A LPB tem vindo a crescer e melhorar as exibições das equipas nos últimos anos, mas muito pelo trabalho feito pelos treinadores e em menor medida do que se diz pelo aumento de estrangeiros ou a redução de equipas. Que um dos melhores treinadores do país, José Ricardo Rodrigues, coloque um projeto como o CD Póvoa na primeira liga merece a admiração de toda a gente do basquetebol e devemos estar felizes pelo seu regresso à LPB. Há outros colegas que nos últimos anos implementaram conceitos e ideias muito interessantes. Gostava de salientar o Norberto Alves pela maneira em como as suas equipas jogam em transição ou a utilização dos jogadores fora do 2x2 no jogo de pick and roll; são conceitos que estamos habituados a ver apenas na liga ACB e é muito bom para o basquetebol português irmos dando estes passos em frente. Treinadores jovens como Ivo Rego e o seu jogo de bloqueios indiretos, os ataques de opção múltipla que o Nuno Manarte utilizou na Ovarense e agora provavelmente no Illiabum, a maneira de atacar com um Stretch 5 como Carlos Fechas mostrou em Guimarães na utilização do Ricardo Monteiro, o “ar fresco” que o Nuno Rodrigues veio trazer na época passada no Lusitânia, e entre todos, a capacidade competitiva na qual o Luís Modesto consegue colocar o Imortal. Estes são apenas alguns exemplos, mas há mais, e tenho a certeza que nesta época que se inicia veremos como os treinadores da LPB continuam a mostrar que o que nos afasta de outros patamares não é o nosso trabalho, mas sim circunstâncias que tem a ver com a gestão de clubes e federação: visibilidade da liga, regulamento de contratação, calendarização das provas, etc.»