Compromisso
As palavras de Anselmi “O FC Porto que queremos construir não aceita faltas de compromisso” não são apenas uma frase forte. São uma declaração de identidade, um manifesto que aponta para um novo ciclo onde a exigência começa no mais elementar: o profissionalismo e a entrega total à camisola.
Esta afirmação ganha ainda mais força quando dita por um treinador que acaba de chegar, que não escolheu o plantel que hoje orienta, e que mesmo assim assume com coragem a responsabilidade de liderar o grupo e de impor uma cultura de trabalho clara e inegociável. Anselmi não pediu tempo nem desculpas. Pediu compromisso.
E é precisamente essa atitude que merece ser destacada.
Numa fase de transição tão sensível como a que o FC Porto atravessa, é vital reconhecer o contexto em que Anselmi assume o comando técnico da equipa principal: herda um plantel que não foi desenhado por si, com desequilíbrios identificados, lacunas claras e alguns jogadores que já estavam em fim de ciclo. Ainda assim, escolheu não se escudar nessas limitações. Preferiu olhar os jogadores nos olhos e dizer-lhes, com a frontalidade que define os líderes, que o futuro se constrói com empenho diário ou não se constrói de todo.
É evidente que nenhum treinador pode ser avaliado com justiça sem antes ter a possibilidade de formar um grupo à sua imagem. O futebol moderno exige tempo para consolidar ideias, mas exige também matéria-prima adequada à visão de jogo do treinador. A cultura, a intensidade, a dinâmica coletiva, tudo isso depende de uma construção cuidada e coerente. E Anselmi merece esse direito: o de liderar um ciclo com base nas suas escolhas e nas suas convicções.
As suas palavras são uma mensagem para fora: para os adeptos, que querem voltar a sentir orgulho na atitude da equipa, para a estrutura, que tem de apoiar este novo ciclo com decisões firmes e para os jogadores, que sabem agora que o grau de exigência voltou a subir.
Por isso, mais do que elogiar o conteúdo da frase de Anselmi, importa reconhecer o que ela representa: o primeiro tijolo de um edifício novo, que se quer mais coeso, mais competitivo e mais fiel ao seu ADN.
Anselmi não promete milagres. Mas promete compromisso. E isso, no FC Porto, é sempre o melhor começo.

@JoeldeSousa1893