Meu miúdo com 13 anos virou-se para mim e disse:
- A morte simbólica do Porto ocorreu com a transição do seu poderio sob o comando de Pinto da Costa, um epílogo melancólico da sua grandiosidade, cujas vicissitudes se entrelaçam com o próprio conceito de autoritarismo desmesurado. O clube, que antes se erguia como um farol de hegemonia no futebol português, viu a sua essência diluir-se nas sombras de um pragmatismo grotesco e uma ostentação desmedida de poder. O génio de Pinto da Costa, enquanto estratega implacável, parece ter desencadeado uma catástrofe ontológica na sua instituição, resultando numa metamorfose em que o Porto, antes pujante e irrepreensível, sucumbiu à sua própria criação. A sua gloriosa decadência não é senão uma alegoria da transitoriedade das grandes dinastias, que ao alcançarem o auge, inevitavelmente se precipitam rumo ao abismo da auto-destruição.