Encontrei uma entrevista que está também noutro tópico mas que encaixa aqui muito bem porque tem pontos de vista que já aqui defendi, nomeadamente da perda de controlo do clube sobre os passes dos atletas, enquanto assistimos ao assalto dos empresarios e fundos. Aqui vai:
Em entrevista ao portal Desporto ao Minuto, Pippo Russo, jornalista italiano autor do livro "L'orgia del potere", aborda as consequências do "fenómeno Jorge Mendes" no futebol português.
O jornalista e sociólogo italiano explica o que o leva a concluir que as relações com o superagente muitas vezes acabam por ser mais nocivas do que benéficas, especialmente, no caso dos clubes portugueses
"Há a opinião geral de que Jorge Mendes ajuda os clubes a fazer boas vendas, mas temos de perceber para onde vai o dinheiro. Essa é a verdadeira questão. Por exemplo, o Sporting, sob a presidência de Bruno de Carvalho, descobriu que a relação com Jorge Mendes e com outros atores, como a Doyen Sports ou Pini Zahavi, não eram tão convenientes para o clube. O clube perde controlo sobre os seus jogadores. Perde soberania no que toca a decidir o seu próprio destino", começou por dizer antes de explicar a teoria.
"Em primeiro lugar, se os clubes não são donos da totalidade dos direitos económicos dos seus jogadores, parte do dinheiro das vendas não vai para o clube, vai para os agentes, para os fundos de investimento e para os outros atores que estão fora do futebol. No entanto, há outras situações em que o dinheiro não vai totalmente para o clube. Por exemplo, no último verão, o Benfica vendeu Renato Sanches ao Bayern Munique por 35 milhões de euros, podendo chegar aos 80 milhões com bónus. Tudo bem, grande venda. Mas, se depois o Benfica gasta 12 milhões de euros para comprar os restantes 50% de Raúl Jiménez, quando já tinha gasto dez milhões nos primeiros 50%, e gasta outros 16 milhões de euros para comprar Rafa... Estou a falar de dois jogadores controlados por Jorge Mendes. A soma da compra desses dois jogadores é superior ao dinheiro recebido com a venda de Renato Sanches. O resultado é negativo, onde está a conveniência para os clubes?", explicou deixando de seguida elogios a Bruno de Carvalho, a quem teve a oportunidade de entrevistar.
"O que Bruno de Carvalho me disse foi que, quando foi eleito, encontrou uma situação em que o clube quase não tinha controlo sobre os seus jogadores. Por isso, a decisão de mudar completamente a estratégia económica e das relações com superagentes, entre os quais Jorge Mendes, foi a natural consequência da mudança de política do próprio clube. Na minha opinião, foi a escolha certa. Sonho com o dia em que o futebol internacional seja livre da presença desses atores, como Jorge Mendes, Mino Raiola, Pini Zahavi ou Doyen. Não sei se é uma utopia, talvez seja. Mas, quando vejo um clube a decidir cortar relações com Jorge Mendes, ou outro ator como ele, fico realmente feliz", concluiu.