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ELOGIOS A MAIS ADORMECEM A MOTIVAÇÃO
Em entrevista à Dragões, Cabestany classificou a sua equipa com uma nota globalmente positiva, mas não excelente
?Por Rui Cesário Sousa
A época vai sensivelmente a meio e ninguém melhor do que o treinador do FC Porto Fidelidade para fazer um balanço do que já foi jogado até agora. A DRAGÕES foi ao encontro de Guillem Cabestany, que, com a sua a frontalidade habitual, falou sobre os momentos mais marcantes da primeira metade da temporada portista, que o próprio classificou de globalmente positiva, mas não excelente. Os motivos estão todos nas linhas que se seguem.
Depois da conquista da Taça de Portugal a fechar a temporada passada, para Guillem Cabestany foi muito importante entrar a vencer na nova época. Foi a conquista da Supertaça António Livramento (com uma vitória por 13-7 sobre o Benfica), um título importante, que, segundo o treinador, ajudou, como ajudam todos, a solidificar o processo de crescimento de um projeto novo. Ainda assim, o técnico alerta que, mesmo ganhando, a equipa precisa de tranquilidade e sobretudo de tempo para poder recolher os frutos do trabalho e do crescimento.
Após a vitória na Supertaça, o FC Porto contou por vitórias os oito primeiros jogos do campeonato, mas ainda assim o seu discurso focou-se muitas vezes na confiança e na atitude da equipa. Sentia a equipa demasiado confiante?
Penso que as oito vitórias criaram a sensação de que tínhamos maturado o suficiente para controlar os momentos mais difíceis de cada jogo. Oito vitórias consecutivas são difíceis de conseguir em qualquer campeonato, mas a verdade é que nem sempre tínhamos o melhor nível, ou no trabalho semanal a equipa se desfocava um bocado do objetivo principal, que é crescer em todos os âmbitos. E a verdade é que só crescendo conseguimos ser mais fortes a cada jogo.
É importante que uma equipa jovem como a do FC Porto perceba que ter qualidade não basta?
A verdade é que esta equipa já sentiu isso e devemos ter essa lição muito presente. Por momentos sentimos que já estamos ao nível das equipas que têm conquistado os grandes títulos europeus ou os principais campeonatos e esse é um erro que se comete, até mesmo dentro do balneário. Quando pensamos assim, a probabilidade de dar um passo atrás é maior.
Exemplo perfeito disso foi a estreia pouco feliz na Liga Europeia frente ao Mérignac, com um empate (1-1) no Dragão Caixa?
É verdade. Muitas vezes diz-se que trabalhar sobre vitórias dá mais confiança e eu penso um pouco ao contrário. Elogios a mais, individuais e coletivos, adormecem a motivação, a ambição e a capacidade de trabalho. Num clube grande como este, em que felizmente se fala constantemente da equipa, dos jogadores e dos resultados, os elogios devem ser postos de parte e devemos estar conscientes de que queremos sempre mais, sabendo crescer com as vitórias.
Este texto é um excerto da entrevista com Guillem Cabestany publicada na edição de janeiro de 2017 da Dragões