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"CRESCI MUITO COMO PESSOA E COMO JOGADOR"
É com o stick na mão e os patins calçados que Gonçalo Alves tem brilhado no Dragão Caixa e deliciado os adeptos azuis e brancos, com golos atrás de golos
A arte de saber marcar não é para qualquer um. É preciso ter faro, querer, garra e acreditar. É esta imagem que Gonçalo Alves deixa em todos os jogos, espírito de luta, sacrifício, mas sempre com o olhar na baliza adversária. Agora, quase quatro anos depois de ingressar no FC Porto, o avançado sente-se um jogador mais completo, com mais propensão para o trabalho em equipa. Talvez porque desenvolveu as capacidades como hoquista, ou talvez com receio de não levar tanto na cabeça, mas uma coisa é certa: o internacional português é um jogador à Porto, tal como tantos outros que fizeram do clube um dos mais respeitados no mundo do hóquei.
Nascido e criado entre hoquistas, o avançado demorou pouco tempo a aproximar-se da modalidade. Em casa todos jogavam, por isso era normal eu seguir o mesmo caminho. Comecei a gostar de ter os patins nos pés, o stick na mão e de marcar golos. Curiosamente, a primeira memória do desporto é relembrada pelo jogador com humor, ainda que, na altura, a situação não lhe tenha sido muito favorável: Levei com a bola num olho. Era pequenino na altura. Eu ia treinar com os meninos que o meu pai treinava. Eram cinco ou seis anos mais velhos do que eu e, numa brincadeira, a bola acertou-me no olho. Um pequeno acidente que arrancou com a ligação entre Gonçalo e os patins, que se tornou numa paixão e muito mais que um simples trabalho: É algo que gosto muito de fazer, divirto-me dentro da pista.
Gonçalo Alves nomeia a adrenalina como o principal fator que permite distinguir o hóquei em patins das outras modalidades: Sabemos que podemos marcar um golo e sofrer outro dez segundos depois. Os jogos são rápidos, muitos contra-ataques, o que traz sempre uma incerteza ao espetador. Dentro de campo, ninguém está parado, há sempre ação, o que permite aos adeptos sofrer com a equipa.
Em 2015, o avançado vestiu pela primeira vez a camisola azul e branca. Depois das passagens pelo Sporting e pela Oliveirense, o hoquista chegava ao clube onde sempre quis estar, no qual também jogou o tio Paulo Alves, entre 1998 e 2003. Quase quatro temporadas depois, o atleta de 25 anos sente-se uma pessoa diferente: Cresci muito, como pessoa e como jogador. Quando cheguei, era muito dotado para marcar golos, mas por vezes esquecia-me de defender. Neste momento isso já não acontece tanto, porque sabia que aqui me iam dar muito na cabeça para defender, e isso ajudou-me imenso a evoluir o meu jogo.
A viver um dos melhores momentos da carreira, ao destacar-se como o melhor marcador do campeonato e do FC Porto em todas as competições, o golo sempre foi muito especial para o hoquista, uma vez que é o finalizar de uma jogada em que todos trabalharam. Gosto muito de marcar golos, sou avançado e tenho sempre essa motivação de marcar. No entanto, fico extremamente satisfeito quando são os meus colegas a marcar, indicou, acrescentando que o significado de marcar pode ser diferente de jogador para jogador, mas não há ninguém que não se sinta bem quando marca.
Com a temporada a caminhar para os meses finais, o FC Porto alcançou o tão desejado primeiro lugar no campeonato. É sempre melhor estar em primeiro, começou por referir, ainda que traga mais responsabilidades para o grupo: Quando estávamos atrás, encarávamos todos os jogos como finais, mas agora, esse sentimento ainda é mais vincado, porque sabemos que temos de trabalhar mais para manter este lugar.
Na Liga Europeia, Gonçalo Alves acredita que a taça voltará a ser dos Dragões: Também temos de ser felizes nessa competição. Vamos continuar a trabalhar para chegar à final e, depois, como se costuma dizer, as finais são feitas para se jogar e para se ganhar. Nós queremos a taça no nosso museu e faremos de tudo para concretizar esse objetivo.
Parte da entrevista publicada na edição n.º 387 da revista Dragões, cuja versão digital pode consultar gratuitamente em
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