Estive a ponderar há já alguns meses em criar um tópico sobre este tema com o propósito de transmitir algum do meu conhecimento na área e procurar desmistificar muitos dos mitos urbanos que se foram criando. Felizmente já existe um com esse propósito por isso aproveito o embalo
Ora bem eu já faço ginásio há quase 13 anos ininterruptos e a juntar a isso sou Licenciado em Educação Física e Desporto, precisamente na área de saúde e exercício físico. Portanto este tópico chamou a minha especial atenção para partilhar alguma da informação fidedigna sobre a área que é leccionada nas Universidades e não no Google.
Para começar quero divulgar as
3 únicas
metodologias de treino na musculação: adaptações neurais,
força resistente e
hipertrofia.
Adaptações neurais (a tal metodologia de treino que o pessoal gosta de apelidar de treino de força)
O que não está incorrecto dado que é um treino de força, mas os outros 2 também o são
só que particularizar só este como "treino de força" é que em si está incorrecto
Hipertrofia
Força resistente
Tudo o que ouviram sobre
drop-sets, up-sets, super-séries, rotinas divididas e pirâmides são apenas formas de organizar e estruturar uma sessão de treino. Não são metodologias de treino. As metodologias são estas 3 apenas. Caso excepcional são os treinos de reabilitação que não seguem exactamente as mesmas directrizes destas 3 metodologias derivado de limitações mecânicas.
Qual é a diferença de cada metodologia?
Essencialmente está na % de RM. Embora também haja claras variações de séries e tempos de intervalo entre as mesmas derivado da intensidade do esforço. Pois quanto mais intenso for, mais tempo os músculos precisarão de repousar até atingir a supercompensação para iniciar nova série.
O que é a % de RM?
RM é a denominação de «repetição máxima» e é uma variável que serve para medir a intensidade da carga comparativamente ao esforço realizado. Também o método dos METS e da própria frequência cardíaca são outras variáveis de esforço para medir a intensidade.
O teste de RM's é logo das primeiras coisas que se faz quando vamos iniciar a nossa jornada na musculação. Com a frequência de treino + as adaptações musculares + a evolução que resultará do incremento de força posteriores, esta irá alterar-se e o que antes correspondia ao teu 100% de RM passarão a % RM inferiores.
Como sei qual é o meu 100% de RM, ou seja, a carga máxima que consigo fazer num determinado exercício?
Muito simples. O teu instrutor irá submeter-te a um teste onde te pedirá para fazeres um determinado exercício, supino plano por exemplo, onde tens de fazer 10 repetições. Se com a carga que usares conseguires fazer mais do que 10 repetições então essa carga está aquém do teu 100% de RM. Se não conseguires chegar às 10 repetições então é porque estás acima do teu 100% de RM. Se conseguires fazer 10 e não 9 ou 11 repetições então é porque estás no teu 100% de RM, ou seja, é a tua carga máxima naquele exercício. Este método aplica-se para qualquer exercício da musculação. Com o tempo e prática vamos percebendo quais as nossas percentagens de RM de modo a facilitar a selecção da carga para cada uma das metodologias de treino.
Qual a diferença entre % de RM e 1RM?
Percentagem de RM como expliquei anteriormente visa procurar as cargas correspondentes a cada % de intensidade num contexto de
1 série completa com repetições, sejam para séries de
6, 8, 10 ou 12 repetições. Deste modo poderás adequar a carga relativamente a cada metodologia de treino.
1RM serve única e exclusivamente para encontrar a tua
força máxima executando apenas 1 repetição num determinado exercício.
Exemplo: Vou dar o meu caso no exercício de supino. O meu 100% de RM neste exercício são 95 Kgs, mas o 1RM são 150 Kgs. Nunca 95 kgs são a carga máxima que consigo para uma repetição só, da mesma forma que 150 kgs nunca será uma carga da qual consiga executar 10 repetições
Como selecionar exercícios?
Aqui reside um grande problema (da qual eu próprio me incluía durante muitos anos), pois o pessoal tende a pensar que os exercícios a realizar são escolhidos mediante os músculos que ativa . O grande problema é que em cada movimento que realizamos, os músculos são activados de várias formas: agonista, antagonista e sinergista. Por isso é que quando estamos, por exemplo, a fazer squat (agachamento) sentimos grande contracção no core (corpo intermédio). No entanto essa contração que sentimos é suficiente para afirmarmos que se trata de um exercício específico para abdominal e lombar?
Não. E porquê? Porque o core está a ser contraído na condição de músculos sinergistas, ou seja, apenas desempenham a função de estabilização do movimento. Pois os músculos agonistas são os das pernas como os quadricipes, gluteos, sóleos (na fase agachada - flexão da coxo-femoral) extensor do hálux e os erectores da coluna.
A selecção dos exercícios passará por reproduzir os movimentos que todas as nossas 6 articulações executam mas com a adição de carga externa, ou seja, pesos.
Cada articulação executa um movimento diferente mediante cada plano anatómico, por exemplo no plano frontal temos aduções e abduções, no plano horizontal aduções e abduções, no plano sagital flexões e extensões e no plano transversal as rotações (interna e externa).
As articulaçãoes são:
. escápulo-umeral: movimentos de adução e abdução no plano frontal e horizontal, movimentos de flexão e extensão no plano sagital e movimentos de rotação interna e externa no plano transversal. É a única articulação do nosso corpo capaz de executar ainda o movimento de circundação dado que esta articulação é do tipo esferóide.
. cotovelo: movimentos de flexão e extensão no plano sagital, frontal (por exemplo no lat pulldown e deltoide press) e horizontal (por exemplo nos supinos, crucifixos e remadas). Articulação do tipo troclear.
. pulso: movimentos de flexão e extensão no plano sagital através dos exercícios específicos de antebraço como extensão e flexão de punhos e ainda um ligeiro movimento de rotação. Articulação do tipo troclear.
. coxo-femoral: movimentos de flexão e extensão no plano sagital e de rotação interna e externa. Articulação do tipo esferóide, porém incapaz de executar o movimento de circundação derivado dos curtos graus de liberdade.
. joelho: movimentos de extensão e flexão no plano sagital. Articulação troclear.
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tíbio-társica: movimentos de extensão e flexão no plano sagital. Articulação troclear.