O santo
O santo do futebol português falou e Portugal parou para o ouvir.
Na maior parte dos casos, pelo tempo que se perde a encontrar o canal, o telespectador falha o apito inicial, no entanto como o jogo é em casa e em diferido o controle da posse é total e o santo como foi “bem recebido” avalia os lances com uma estranha imparcialidade.
O santo, que tenta controlar a todo o custo o futebol português num desejo de benefício próprio, emite opinião de árbitros, de conselhos de arbitragem, de lances duvidosos e menos duvidosos, mas sempre com a “clareza e transparência” que lhe é reconhecida - como se de um atributo seu e único se tratasse.
O santo acusa os outros de manipulação, condicionamento, jogos de bastidores e descidas aos túneis. Sim, o mesmo santo, que semanalmente aparenta colocar através dos seus discípulos, comentadores afiliados e ex-presidentes do Grupo Stromp, a seriedade de árbitros internacionais em causa, como o próprio já o tinha feito anteriormente.
Lance aqui e lance ali convenientemente esqueceu-se o santo de rever os lances que têm beneficiado a sua própria equipa, entre cotoveladas, expulsões, uma permanente agressividade verbal e desafiar de decisões arbitrais em campo, desobediências dos regulamentos da Liga com treinadores não qualificados, esquecendo-se também que, ainda esta época, um jogador seu colocou em risco de vida um espectador na bancada tendo posteriormente cumprido castigo enquanto esteve lesionado, ou que outro obteve uma redução de pena através de recurso ao Conselho de Disciplina transformando uma agressão escrita em relatório do árbitro num mero encosto de cabeça.
O santo que se em realidade quisesse ser imparcial e se preocupasse com o futuro do futebol português, e em concreto da área da arbitragem que tantas considerações e atenção lhe merece, saberia e denunciaria que a tecnologia VAR não opera a 100% das suas capacidades em Portugal ou que o árbitro VAR é obrigado a avaliar lances com uma qualidade de imagem exponencialmente inferior à que os adeptos recebem nas televisões de suas casas, em vez de lançar uma onda de suspeição sobre os demais profissionais numa tentativa desesperada de obter “favorecimentos” para o seu clube na reta final do campeonato.
Ao santo, o FC Porto quer dizer o seguinte: deixe-se de hipocrisias, não torça a sua coluna, ganhe o respeito do seu povo mas não lance suspeições sobre os demais.
Para obter um clima de paz no futebol português preocupe-se consigo exclusivamente e respeite o trabalho dos outros.
O FC Porto pauta-se pelos seus valores, seus princípios e pelo desejo de fazer avançar a marca e a indústria do futebol português. Respeite-o para que seja também respeitado.
O FC Porto aguardará serenamente a posição do Conselho de Disciplina e Conselho de Arbitragem da FPF e da APAF sobre as suspeitas lançadas ontem por um Presidente de um clube sobre a seriedade e idoneidade dos Árbitros e espera um castigo exemplar pelo bem do futebol português.
