A nível financeiro acho que não se pode apontar nada ao que o André Villas Boas e a sua equipa têm feito neste primeiro ano. O FC Porto está no caminho certo para se tornar num clube financeiramente equilibrado e sustentável.
Aquilo que tem gerado preocupação na massa associativa e nos adeptos prende-se mais a nível desportivo.
Esta foi uma época marcada por um fraco desempenho desportivo, mas era algo que já se adivinhava até pelos sucessivos erros na construção dos plantéis dos últimos anos que foram retirando qualidade à equipa. Seria um ano sempre muito complicado para o FC Porto, independentemente de quem tivesse ganho as eleições.
Terminado este pequeno preâmbulo, talvez o André Villas-Boas tenha cometido alguns erros que acabaram por interferir negativamente no desempenho desportivo.
Muitos questionam a escolha inicial de Vítor Bruno para treinador principal. Sim, de facto, este poderá ter sido o primeiro erro de AVB, talvez porque o FC Porto precisasse de um corte com o passado recente e iniciar de imediato um novo ciclo com um treinador para um projeto mais longo. Ainda por cima geraram-se conflitos desnecessários com o Sérgio Conceição que poderão ter deixado a sua marca em alguns jogadores que tinham um relacionamento mais próximo este e o filho.
A demissão de Vítor Bruno e o conflito com Pepê - para mim este foi o erro mais importante da gestão desportiva de AVB. O momento da demissão de Vítor Bruno foi o errado, isto porque ocorreu na mesma altura em que se gerou um conflito entre este e o Pepê. O despedimento poderia ter sido antes ou depois, mas provavelmente nunca após este jogo. Quem saiu por cima foi o Pepê e isto pode gerar precedentes graves.
A venda de Galeno e Nico - a meu ver inevitáveis, no lugar do André venderia ambos sem hesitar. Pelos valores que pagaram pelos jogadores as duas transferências seriam sempre inevitáveis. Naturalmente, a equipa ficou mais fraca, mas muito dificilmente iríamos além do 3º lugar. Desta forma, acho que o André tomou a melhor decisão a pensar talvez nos graus de liberdade que estas duas transferências dariam ao FC Porto para se mexer no mercado de verão e construir um plantel significativamente melhor.
A contratação de Anselmi - muitos estariam à espera que a chegada de Martin Anselmi tivesse de imediato um efeito positivo na equipa. Na minha opinião, é preciso considerar a subjetividade da chegada de um treinador a meio da temporada. Nem sempre há um impacto imediato e isto depende de diversos fatores, como as ideias do próprio treinador, a qualidade do plantel, o ambiente que se vivia no momento da chegada, entre outros. Há treinadores que não têm marcadamente preferência por um determinado sistema e modelo jogo, adaptam-se com maior facilidade ao que têm, e criam um impacto positivo imediato nas equipas. Outros, são mais inflexíveis, têm marcadamente uma ideia de jogo da qual não abdicam. Consequentemente, precisam de mais tempo e de moldar a equipa à sua imagem. Faz sentido a escolha por um treinador deste tipo num momento em que o FC Porto necessita de reconstruir o seu plantel. Seria importante trazer jogadores com mais qualidade e com uma capacidade mais elevada de interpretarem diferentes sistemas e modelos.
Como escrevi no tópico da apresentação, tenho a certeza que melhores dias virão e que na próxima época já estaremos mais próximos do FC Porto que todos desejamos. Queria apenas relembrar que tudo aquilo que todo o bom trabalho exige tempo e uma profunda reflexão. Sei que vivemos numa sociedade cada vez mais imediatista, consumista, materialista, que quer resultados para ontem, mas resistam a estes ímpetos, nada de bom surge com este tipo de mentalidade.