O futebol não surgiu de associados. Surgiu em Inglaterra de empresas, faculdades, igrejas. Clubes de proprietário.
O futebol espalhou-se pela Europa e aí sim começou a assumir a figura associativa.
Eu quero ser o "dono" do FC Porto. Quero ser eu, na minha condição de associado, a escolher o caminho do meu clube elegendo uma equipa entre os meus pares que leve o clube ao sucesso. Não quero que isso passe para as mãos duma pessoa ou empresa. Por muito tentador que seja ter um árabe a injectar dinheiro e a fazer de nós um colosso europeu.
E com isto não quero dizer que quem segue esse caminho está a ir por maus caminhos. São opções que apenas não me revejo.
O Real Madrid, Barcelona são Sads? Não são.
A partir da altura que o FCP na década de 90 criaram as SADs, e quase todos os clubes portugueses de nomeada e nos últimos anos até pequenos clubes, caminharam para a possibilidade de fundos comprarem ações e se tornarem acionistas maioritários ou de referência e influenciarem de forma diversa a vida desses clubes.
Temos exemplos ruinosos e desastrosos em Portugal, exemplos Belenenses, Vitória Setúbal e muitos outros de menor nomeada tais como o Vilaverdense que se tornou Lank e agora é Vilaverdense outra vez e entrou na insignificância. Temos casos de sucesso em pequenas agremiações, exemplo Casa Pia mas não sabemos o futuro desse Clube ainda nos próximos anos e existe um AFS que esteve em VFXira e agora está em Aves e nem sabemos se aquilo é um Clube ou uma empresa.
Até agora FCP, SLB e SCP têm resistido a isso porque os estatutos dos clubes não permitem que investidores comprem ações que os tornem donos dos Clubes.
Mas falando do nosso Clube o antigo Presidente nunca mais foi o mesmo que era antes quando criou a SAD e meados da década de 90, passou a ser remunerado (e pornográficamente remunerado diga-se) e "aquilo" passou a ser um negócio para ele, um Conselho de Administração com salários excessivamente altos (e com a SAD a dar prejuízos ano após ano) e o Clube nas diversas modalidades com dirigentes a trabalhar por carolice como era antes no futebol.
Existe a hipótese de um dia seguirmos o caminho de vários Red Bulls, de PSG, Manchester City e outros?
Existir existe mas não estou a ver que um multimilionário qualquer seja árabe ou não queira investir 200 a 300 milhões de euros no futebol português porque se tem visibilidade a nível de seleção não o tem a nível de clubes.
Portanto para já isso não é um problema, e para o ser tinha que haver antes uma AG do Clube que aprovasse a venda de 50% das ações detidas pelo Clube.
Mas a situação atual não é brilhante, e já vem de trás, e não estou a ver como o Clube vai superar esse problema se para ter competividade precisa de gastar mais do que arrecada. Não é pessimismo mas sim a realidade.