Encontra-se numa posição extremamente ingrata. Tem pela frente o trabalho de reerguer financeiramente o clube e, em simultâneo, corresponder às expectativas desportivas do adeptos. Ainda que se deva melhorar o desempenho desportivo, dificilmente será possível satisfazer o desejo da massa adepta. Os desequilíbrios financeiros não se resolvem em duas janelas de transferências, não ficam soluccionados num ano de mandato... continuaremos a ter dificuldade em igualar de forma consistente os gastos dos rivais... alcançar sucesso continuará a ser um grande desafio. E, no entanto, esse trabalho de recuperação do clube terá de ser feito. Por Villas-Boas ou por outro presidente qualquer. Não ajudará a escolha errada de treinadores, os maus resultados das equipas profissionais de futebol... mas será necessário definir o que se quer e o que é realista esperar. Não bastará substituir dívida antiga por dívida nova com melhores condições de pagamento. Será necessário pagá-la, reduzi-la sem recorrer a novos empréstimos. Caso contrário continuaremos a empurrar com a barriga. Nunca foi tão necessário superar em competência os concorrentes. Continuará, em todo o caso, a ser improvável um desempenho desportivo que agrade à maioria dos portistas.
O clube precisa de alguém que, neste momento de dificuldade, consiga dar-lhe um outro rumo. E é isso que Villas-Boas deve fazer, mesmo que lhe custe o cargo. Pelo menos, que consiga deixar o Porto em melhor situação. O caminho tem necessariamente de ser feito.