Cada vez mais me acredito naquelas teorias que dizem que estamos a mando dum grupo restrito de pessoas e que não passamos de meros fantoches à sua mercê.
É incrível como numa altura em que a extrema direita cavalga em velocidade cruzeiro, a esquerda esteja entregue a estes catraios sem capacidade intelectual para gerir um condomínio.
Não há uma alma que surja da esquerda e que renove a esperança do país e mesmo do mundo visto ser transversal a outros países.
O PCP, que sempre teve um papel na defesa do proletariado, está mais preocupado em defender o Putin e o Irão do que os interesses dos trabalhadores. Líder com o carisma duma placa de gesso cartonado que perde votos de dia para dia, discurso gasto e cada vez menos ao encontro das reais preocupações do país.
O PRT (partido Rui Tavares a que gentilmente chamou-o de Livre) é outro que não sabe se é um apêndice do PS ou uma amígdala do Bloco. Mas tal como esses dois órgãos, são dispensáveis pois só damos conta da sua existência quando nos dão dores de cabeça.
O Bloco entregou a liderança a uma lapa que continua completamente alheada das reais necessidades do país.
Acha que vai conquistar votos com um lenço ao pescoço e a abanar uma bandeira multicolor.
O PS aburguesou-se de tal forma que achavam que iam recuperar eleitorado com um sujeito que nasceu para ser IL mas que toda a vida lutou para ser trotskista.
Se o Mário Soares fosse vivo tinha pegado numa G3 e tinha entrado no Rato montado numa chaimite.
A direita moderada anda às aranhas para não perder as próximas eleições para os fascistas. Não sabe se adopta as ideias do chega para conquistar eleitorado à extrema direita e esvaziar a bolha do Ventura ou se olha para o PS e corre o risco de entrar em auto consumação.
Se isto não está tudo planeado pelo menos parece.
O Mario Soares nunca colocou partidos de extrema esquerda no mesmo grupo do PS, e andar a colocar os livres BE no mesmo grupo do PS destrói a esquerda em Portugal, e no caso o PS ao eleger o PNS que sempre foi visto como alguém que podia estar num Livre ou num BE foi uma machadada muito grande na esquerda em Portugal.
O PSD não anda as aranhas, e teve um contributo muito grande do PNS que andou a ajudar o PSD a separar-se da extrema direita enquanto ele próprio deixava a extrema esquerda colar-se ao PS, e houve uma parte do eleitorado que naturalmente migrou para o PSD.
O PS de resto acho que tem um problema muito grande e não me admira nada que faça uma travessia no deserto porque:
O PS teve uma votação muito fraca nas camadas mais jovens e há mais tendência aos jovens migrarem para a direita do que para a esquerda.
Quando os jovens que votam na extrema esquerda ou extrema direita crescem tendem a migrar para o centro, mas como há muito mais a votar na extrema direita que na extrema esquerda, para o PS é muito mais difícil ir buscar esse voto, até porque se deixa confundir como sendo um partido do mesmo grupo do livre ou do be.
Depois há a mudança radical operada em Portugal, que ditou o inicio do desmantelamento do estado social como se conhecia, e vai obrigar a ser pensado outro modelo, que vai passar obrigatoriamente por um sistema com maior intervenção de privados e mais no base do utilizador pagador, e aqui estamos mais no terreno do PSD porque é um modelo mais próximo do que defendeu no passado.
Alem disso a coesão social vai baixando a cada dia que passa, e sem ela a social democracia tambem não tem futuro, o modelo tem que ser mais individualista.