E só para que fique claro e não ser mal interpretado, até porque tivemos uma discussão interessante. Eu não sou a favor de criar uma revolução em Portugal ou qualquer outro país e aplicar uma sociedade de acordo a teoria política, social e económica anarquista, diminuir profundamente o estado ou tão pouco abolir o capitalismo, até porque isto acarretaria obrigatoriamente consequências catastróficas. Mas sou a favor de reformas, mudanças profundas, nestas sociedades cada vez mais desiguais, superficiais, vazias e materialistas que estamos a construir, especialmente no ocidente.
Também não gosto dos argumentos de que um determinado sistema político ou económico não poder ser aplicado por ser utópico. Será que isto tem assim tanto sentido? Nem o capitalismo nem as democracias são aplicadas, ponto por ponto, na forma como foram idealizadas. Tudo é adaptável e moldável às circunstâncias. O mesmo princípio da utopia poderia ser aplicado ao capitalismo, até porque não existem mercados livres e existem distorções e deturpações da própria teoria por fenómenos externos ao mercados. Tudo deve ser moldável e adaptável à realidade.
Mas esta sociedade em que vivemos, para mim pouco mais é que um jogo viciado, uma espécie de esquema Ponzi, e desde cedo somos condicionados e formatados para o jogar de forma obrigatória.