Ao dia de hoje passa mais um ano que o 25 de Abril de 1974 derrubou o Estado Novo e abriu caminho para que a liberdade e a democracia fossem uma realidade em Portugal e fora dele.
Tenho 39 anos e já nasci depois do 25 de Abril. Não vivi na ditadura nem vivi na pele os males que esta infligiu ao povo até ao eclodir da revolução. No entanto fui criado por três pessoas (pai, mãe e avó) que passaram por ela. Os sentimentos são muitos fortes e atravessam o corpo. Estórias dum tempo em que a miséria rural era normalizada e até glorificada como um bem moral da nação. Onde por um par de trocos se "chibava" o vizinho para os calabouços e para um país que vivia num permanente estado de negação em relação à situação na guerra onde jovens eram atirados para a morte no ultramar. Onde gente saía em debanda para França e onde se receava aprovar nas escolas as notas dos pobres não fosse de repente haver gente demais a quererer ser doutor.
Cresci num ambiente em que Abril é visto quase de forma mágica. De fim do pesadelo e início do sonho. E como tal a minha obrigação moral é e será transmitir aquilo que não pode nem nunca poderá sair da memória colectiva do Povo português. Nisto tudo dei por mim numa troca de mensagens com um amigo a dizer o seguinte:
"A cada dia que passa eu sinto mais o peso dessa responsabilidade. Não podemos deixar que o 25 de Abril se transforme numa coisa amorfa como o 5 de Outubro. Que está no calendário mas que não tem um significado maior do que um amontoado de motes cujo o seu significado foi erodido pelo tempo.
Para muita gente significou o fim da guerra onde iriam ser empurrados para morrer, significou o facto de não estar numa esplanada com medo de falar e significou para uma geração inteira a possibilidade real de transformar o mundo (por muito infantil e megalómano que pareça) para algo que será conduzido pelos sonhos do povo e não pelos interesses do império.
É imperativo que Abril viva e que a memória e aquilo que foi continue a ser um símbolo de esperança. Aquilo que foi a luta e o sacrifício de tantos terá não só que viver na memória mas também nas emoções daqueles que vivem em liberdade 51 anos depois da revolução."
Dado o meu curto momento de inspiração não posso deixar de partilha-lo.
Abril sempre!
Tenho 39 anos e já nasci depois do 25 de Abril. Não vivi na ditadura nem vivi na pele os males que esta infligiu ao povo até ao eclodir da revolução. No entanto fui criado por três pessoas (pai, mãe e avó) que passaram por ela. Os sentimentos são muitos fortes e atravessam o corpo. Estórias dum tempo em que a miséria rural era normalizada e até glorificada como um bem moral da nação. Onde por um par de trocos se "chibava" o vizinho para os calabouços e para um país que vivia num permanente estado de negação em relação à situação na guerra onde jovens eram atirados para a morte no ultramar. Onde gente saía em debanda para França e onde se receava aprovar nas escolas as notas dos pobres não fosse de repente haver gente demais a quererer ser doutor.
Cresci num ambiente em que Abril é visto quase de forma mágica. De fim do pesadelo e início do sonho. E como tal a minha obrigação moral é e será transmitir aquilo que não pode nem nunca poderá sair da memória colectiva do Povo português. Nisto tudo dei por mim numa troca de mensagens com um amigo a dizer o seguinte:
"A cada dia que passa eu sinto mais o peso dessa responsabilidade. Não podemos deixar que o 25 de Abril se transforme numa coisa amorfa como o 5 de Outubro. Que está no calendário mas que não tem um significado maior do que um amontoado de motes cujo o seu significado foi erodido pelo tempo.
Para muita gente significou o fim da guerra onde iriam ser empurrados para morrer, significou o facto de não estar numa esplanada com medo de falar e significou para uma geração inteira a possibilidade real de transformar o mundo (por muito infantil e megalómano que pareça) para algo que será conduzido pelos sonhos do povo e não pelos interesses do império.
É imperativo que Abril viva e que a memória e aquilo que foi continue a ser um símbolo de esperança. Aquilo que foi a luta e o sacrifício de tantos terá não só que viver na memória mas também nas emoções daqueles que vivem em liberdade 51 anos depois da revolução."
Dado o meu curto momento de inspiração não posso deixar de partilha-lo.
Abril sempre!