Ok, e já agora, estas pessoas que dizes que contribuem mais para segurança social do que gastam em apoios, achas que vão ter direito a reforma um dia?
Com base nas previsões atuais, a Segurança Social portuguesa tem sustentabilidade garantida até 2070, e tens, ou deverias ter, o FEFSS precisamente para estabilizar o sistema em períodos mais conturbados. Sendo que o aumento das remunerações só viria reforçar o próprio sistema, por via de descontos maiores. Naturalmente, tens de encontrar formas de aumentar também as pensões, mas aqui também batemos num outro ponto que acho crucial e que tem a ver com os rendimentos e a falta de literacia financeira da população: considero absolutamente impensável alguém trabalhar durante 35 anos e chegar à reforma sem poupanças, sem investimentos financeiros, sem nada. Por muito que tenhas direito à tua pensão, não devia ser só ela a garantir a tua sobrevivência pós-laboral.
Parece fácil, a diferença é que Espanha entre outras coisas é o segundo maior produtor de automóveis da Europa sensivelmente a partir do ano que referes, e falar da industria Sueca, bem dessa nem é preciso falar.
Imagina reproduzir o modelo de jogo dos galaticos com os jogadores do Aves, é mais ou menos a mesma coisa.
Tens é que arranjar exemplos de países que não produz nada de valor acrescentado, e que apostam forte em mais industria de baixo valor, e que aumentou os salários.
E a questão não é só o ordenado minimo, quase 56% recebe menos de 1000 euros( brutos), que é muito poroximo.
Nos dois posts em que me citaste, referi repetidamente que Portugal precisa de crescer e repensar o seu modelo. E isso passa por setores de maior valor agregado e a digitalização e a aplicação de IA em setores primários para melhorar a sustentabilidade desses setores que não devem desaparecer, mas que devem empregar menos pessoas.
Repara em números básicos dos setores: Tens 15 mil pescadores em Portugal com quotas a diminuírem e um volume de negócios de 335 milhões. 22 mil euros de produtividade por trabalhador direto. Nunca conseguirás pagar um salário decente, até porque esse trabalhador não está a trabalhar o ano inteiro. Reduzes o número de pescadores, garantes trabalho permanente e um salário adequado. O mesmo se passa na agricultura, e em muitos outros setores onde tens simplesmente demasiados recursos afetados que deveriam transitar para áreas mais qualificadas. Essa redução de postos de trabalho em setores não sustentáveis não deve ser encarada como uma perda, como os sindicatos referem, mas sim como uma evolução, sendo que o país tem de dar passos concretos rumo a outro modelo e requalificar estes trabalhadores. Numa escala mais pequena, os Açores estão a fazê-lo muito bem e os trabalhadores que estão a ser requalificados não acabam sequer a formação e já estão contratados, quer pelo mercado interno, como pelo estrangeiro.
Isso é uma questão de semântica, os trabalhos que os Portugueses não querem, e as industrias que absorvem a maior parte dos imigrantes são salario mínimo, alias como se sabe alguns menos que o salario mínimo até.
Se limitas o desenvolvimento económico desses setores, claro que sim. Mas não há razão específica para insistir num sistema onde predomine o salário mínimo. Espanha é exemplo, porque tem um ambiente económico semelhante a Portugal, tem um rácio de dívida semelhante (até superior atualmente) a Portugal, tinha precisamente o mesmo problema de remunerações baixas que Portugal há uma década atrás. E está a aproximar-se do resto da Europa, apesar do seu estatuto periférico, porque assumiu essa remodelação. A indústria automóvel não cresceu só porque sim. Madrid não se tornou um centro digital só porque sim. Portugal não muda nada, mas quer que os resultados apareçam. Esperem sentados.