Ela estava a falar do caso tutti fruti e confundiu arguidos com acusados, os gajos são acusados e não arguidos e a Maria estava a falar em arguidos o tempo todo.
O SSP estava em modo chato. Não queria falar de nada. Justicialismo? Não. Futuros cenários? Também não. Incoerências do Montenegro? Estou farto dessa conversa. Queria falar de política, o que quer que isso seja.
mas também não vi tudo. Vi uns 20 minutos.
Os gajos são acusados e arguidos. Agora, já eram arguidos antes de ser acusados. Assim costuma ser na maioria dos casos.
Quando as pessoas são constituídas como arguidos, normalmente (porque pode surgir apenas aquando da acusação) existe tão só uma suspeita fundada de crime, que ainda não se concretiza num crime, é uma mera hipótese.
Quando o arguido é acusado, o Ministério Público (em crimes públicos e semipúblicos) tem indícios fortes da prática de um crime. Não é somente uma suspeita, é uma certeza, no entendimento do MP, de que o indivíduo ou indivíduos em questão praticaram um crime, baseando-se em inúmeros fatores. Nas seguintes fases processuais, verificar-se-á se esse entendimento é correto.
Ou seja, aquilo que a Maria Castello Branco fez não foi trocar as palavras, porquanto:
1. Não sabe que o estatuto de arguido é uma posição de defesa, muito protegida e de cunho garantístico. Não é algo negativo nem diz nada sobre o sujeito. Com esse estatuto, surgem vários direitos, pelo que não raro são os próprios indivíduos a pedi-lo. Uma boa parte das pessoas olha para isto como quase sinónimo de culpa, e se fosse só esse o erro da Maria Castello Branco, não existiria qualquer problema. De todo o modo, é uma comentadora político, tendo necessariamente de saber isto, é mesmo o grau zero do que se exige a um influenciador de opinião; e, além disso, com a sua formação académica, ainda mais exigível se torna reconhecê-lo.
2. Ademais, faz a afirmação que sabemos, o que revela que não percebe bem a distinção entre acusado e arguido. Aí já é mais grave, porque até o Zé comum consegue, nem que seja por pura lógica, chegar lá.
3. Sem contar também com o circunstancialismo da conversa: normalmente, se fosse um engano, com a confrontação do SSP ela perceberia que se enganou e das duas uma - ou se calaria, ou corrigiria imediatamente. Não o fez, repetindo a mesma coisa duas ou três vezes e insistindo no seu ponto.
Enfim, concordo com o que dizes sobre o modo chato do SSP, mas isso foi em relação ao tema da conversa. Quanto à MCB, não vejo qualquer erro, até tenho a sua intervenção como demasiado branda, não passando de uma piada inofensiva.