Montenegro devia ter apresentado a sua demissão. No mínimo, deveria ter anunciado a apresentação de uma moção de confiança. Temos um primeiro-ministro que, ao longo de meses, foi pago por empresas privadas. Estando em exercício de funções. A empresa era dele e não meramente da família (nem a cedência aos filhos é solução satisfatória). Isto gera demasiadas dúvidas e suspeição. Montenegro passou a sua participação à esposa por algum motivo, numa operação nula. E sendo formado em direito... não sabia ele em que posição se colocava? A opacidade com que tratou o problema adensa as dúvidas. Não houvesse investigação, seria o próprio a anunciar o seu conflito de interesses em matérias relacionadas com a Solverde?... e os restantes clientes, quem são? O problema não desaparecerá, havendo muito por esclarecer. Caso o governo se perpetue, seguir-se-ão mais investigações, notícias, revelações, comissão de inquérito... Montenegro não se verá livre disto.
O resto é a intriga política comezinha dos partidos. O primeiro-ministro não tem coragem para se demitir nem afirma claramente que apresenta uma moção de confiança, o partido socialista chumbaria a tal moção mas não aprova uma de censura... e, de um caso grave, todos passam rapidamente para calculismos políticos, pois o interesse em eleições é incerto e os partidos não sabem que força têm neste momento.