Julgo que se está a desvalorizar excessivamente a importância do poder militar (e do exército). O país tem de ter mecanismos de defesa que não se limitem à marinha e a pequenas equipas especiais, ou ficará dependente dos seus aliados em matéria de defesa mais ainda , perdendo autonomia e capacidade de intervir no sistema internacional. A restante comunidade possui exércitos, forças armadas, quer Portugal os tenha ou não. Se outros países decidissem seguir esse caminho, o actual ordem mundial, criada pelos Estados Unidos, que pagaram e pagam o preço da sua manutenção, seria livremente reconfigurada à imagem dos interesses das grandes potências, sem obstáculos de maior. Não será por acaso que os países bálticos, por exemplo, querem as forças da NATO nas fronteiras com a Rússia. Os interesses dos estados continuam a existir, tal como os projectos expansionistas, não obstante a sua relativa contenção nas últimas décadas, através de acordos de defesa e cooperação e de outros enquadramentos institucionais.
Os Estados Unidos são o nosso principal aliado não europeu, atlântico, desde o pós-segunda guerra mundial. Uma hipotética saída da NATO poderia implicar, não seria assim tão improvável, uma revisão das relações bilaterais luso-americanas, com as consequências que daí possam advir deterioração das relações com os parceiros europeus, enfraquecimento da capacidade de defesa do país, isolamento, irrelevância diplomática,
Não tenho nada a obstar ao reequacionamento das questões das forças armadas e do exército, muito pelo contrário. Faria todo o sentido, a meu ver, que os militares tivessem mais preponderância em funções de protecção civil e segurança pública. E há certamente uma cultura militar típica, e perversa, de despersonalização e dessensibilização que se revela não só em episódios extremos como o do curso de comandos como no mero relacionamento interpessoal. No entanto o problema não é exclusivo das instituições militares, tem que ver também com a formação cívica, moral, política
dos cidadãos.
Sou pacifista, por mim não havia armamentos nem guerras. Mas o mundo em que vivemos não está para idealismos do género. Compreendo o que foi escrito, apenas acrescento que a questão tem alguma densidade e certamente muitas implicações.
e, provavelmente, há legitimidade suficiente para defender a necessidade de Portugal possuir submarinos. Encontramo-nos em processo de alargamento da nossa plataforma continental, que poderá vir a ter uma extensão brutal. Não precisamos é de negociatas manhosas nesta área.