As Contas da(s) SAD(s)

MarcioTeixeira

Tribuna Presidencial
27 Novembro 2013
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Conquistas
7
  • André Villas-Boas
  • Jardel
  • Sérgio Conceição
  • Alfredo Quintana
8 Fevereiro 2023
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"MÚSCULO FINANCEIRO 🔵⚪

Um tema caro a todos os Portistas.

Aproveitando uma notícia d’O Jogo, achei por bem escrever sobre um tema que devia ser caro a todos nós: as finanças do FC Porto.

Durante os anos de Sérgio Conceição vimos quase um bilião em vendas e pouco menos de 300 milhões em compras, e mesmo assim o clube afundado em dívidas, sem dinheiro para mandar cantar um cego e a pedir milhões a agiotas disfarçados de bancos.

Foi a era do improviso: vendia-se por desespero, gastava-se sem plano, e a corda ia apertando cada vez mais o pescoço do Dragão.

Mas hoje, finalmente, a conversa é outra.

➡ Vender bem não chega, é preciso saber o que se faz ao dinheiro

Nico por 60 milhões. Galeno por 50. No total, 172 milhões a entrar em duas janelas. O velho Porto teria torrado quase tudo em tiros no escuro, a distribuir milhões por “Famalicões” e “Portimonenses” desta vida, clubes que nos devem alta devoção por termos pago fortunas por mancos.

O investimento total do Porto neste mercado, somando bónus e tranches finais, chegou aos 111,35 milhões de euros. Mas aqui está o ponto: ao contrário do passado, não se gastou porque sim. Este Porto escolheu onde meter as fichas, Froholdt (20M€, já a mostrar que não treme), Gabri Veiga, Alberto Costa, Borja Sáinz…. e concentrou a artilharia em posições-chave.

A diferença é esta: não foi espalhar milhões por “mancos” em Famalicões e Portimonenses da vida, foi gastar muito… mas gastar bem em jogadores bons para o presente, e ainda com grande margem de progressão.

Ainda hoje me belisco para perceber se isto é mesmo o FC Porto que estou a ver. Mas é. E essa é a maior revolução de todas: isto é gestão e os resultados voltarão a partir disto.

➡ O negócio do Dragão: de mau contrato a músculo financeiro

Outro ponto decisivo foi a renegociação com a Ithaka. A exploração comercial do Estádio, antes avaliada em 65M€, saltou para os 100M€, com 50 logo pagos à cabeça. A isto juntou-se a emissão das Dragon Notes: 115M€, juro a 5,6%, prazo de 25 anos, com maturidade longa e rating internacional.

Traduzindo em portuês de bancada: o Porto deixou de andar a pedir dinheiro a agiotas da esquina para tapar buracos e passou a negociar crédito estruturado, em condições aceitáveis. Hoje paga menos juros, alonga prazos e ganha margem.

Pode não soar sexy, não dá manchetes como um golo no último minuto, mas é isto que separa quem manda de quem pede esmola.

➡ Cortar na gordura: até a administração levou tesoura

A nova direção cortou onde parecia intocável: salários da equipa principal, mordomias de dirigentes, fornecedores com contas gordas, até direitos de imagem inflacionados. Resultado? Menos 8% em custos operacionais. E aqui está o choque: sem Champions, a casa não ruiu. Pelo contrário, quem olhasse apenas para esta janela nem acreditaria que o FC Porto não estava na Champions.

Há poucos meses alguns berravam “sem Champions não há dinheiro”, como se o clube estivesse condenado a mendigar. Pois agora que o Porto mostra músculo, elas, incapazes de aceitar que existe gente que lê a realidade sem estar comprada, talvez por medirem os outros com a sua própria régua, só conseguem disparar a maior das idiotices: “o Porto paga-vos para dizer isso”.

➡ Dívida ainda pesada, mas já não sufoca

A dívida líquida do FC Porto está nos 251 milhões de euros. Para a nossa dimensão, e na minha opinião, continua a ser um valor pesado, porque as receitas “fixas” andam na casa dos 100 a 120 milhões anuais (sem contar com vendas de jogadores). A diferença é que agora a corda já não está tão apertada: os prazos foram esticados, os juros baixaram (média abaixo de 6%, quando antes se pagava 8, 10 ou até 12%), e a tesouraria respira.

O choque está no curto prazo: o diferencial entre ativo e passivo corrente melhorou em cerca de 165 milhões de euros em apenas seis meses. Antes tínhamos 58 milhões para enfrentar 301M de dívidas de curto prazo, hoje temos 160M para 238M. Continua desequilibrado? Sim. Mas deixou de ser a catástrofe de junho.

E há outro detalhe que mostra o caminho: os capitais próprios, que em 2023 estavam afundados em -176M€, agora estão “só” em -47,4M€. Antes era como tentar tapar buracos com a água a entrar pelo tecto; hoje, pelo menos, o balde já tem tampa.

Em bom português: antes o Porto tinha de pagar 301 milhões quase de imediato e só tinha 58 milhões à mão. Era como ter de pagar uma reforma completa na casa inteira e ter apenas dinheiro do café no bolso. Agora, com 160 milhões disponíveis para enfrentar 238 de curto prazo, o cenário continua apertado, mas já não é aquele sufoco de “fim de mês sem dinheiro para a renda”.

Quanto aos capitais próprios, pensem nisto como o “balanço da casa”: antes era como uma família atolada em dívidas por todo o lado, sem margem nem para respirar. Hoje ainda estamos no vermelho, sim, mas já não é aquela tragédia de ter credores à porta todos os dias.

➡ O Dragão voltou a encher

28 mil lugares anuais vendidos, +22% face ao ano passado. Jogos esgotados. Bilheteira a subir 33%. Até os treinos abertos bateram recordes. A receita operacional cresceu 8,5 milhões, puxada pela bilheteira e pelo regresso do sócio às bancadas.

Na primeira semana de vendas, os Lugares Anuais dispararam para quatro vezes mais do que no ano anterior, e pela primeira vez esgotaram. Sinal claro: o adepto voltou a acreditar. E quando a bancada enche, o músculo financeiro sente-se. Esta resposta dos portistas foi a verdadeira “injeção de capital” que também ajuda a compensar a falta de Champions.

➡ Conclusão: isto é voltar a jogar à Porto

Ninguém se iluda: a herança ainda é pesada. Mas a grande diferença é que hoje o Porto tem margem, critério e futuro. Passámos de vender por desespero a contratar por convicção. De pedir dinheiro a agiotas a negociar em Wall Street. De tapar buracos com fita-cola a construir base sólida.

Agora falta o resto: transformar músculo financeiro em títulos. Porque contas certas sem vitórias não aquecem, mas vitórias sem contas certas não duram.

E este equilíbrio, meus amigos, é o verdadeiro regresso ao espírito do Dragão.

Isto é voltar a jogar à Porto."

🖋 BestOfFutebol
 

Panda Azul e Branco

Bancada central
14 Janeiro 2025
2,344
3,663
"MÚSCULO FINANCEIRO 🔵⚪

Um tema caro a todos os Portistas.

Aproveitando uma notícia d’O Jogo, achei por bem escrever sobre um tema que devia ser caro a todos nós: as finanças do FC Porto.

Durante os anos de Sérgio Conceição vimos quase um bilião em vendas e pouco menos de 300 milhões em compras, e mesmo assim o clube afundado em dívidas, sem dinheiro para mandar cantar um cego e a pedir milhões a agiotas disfarçados de bancos.

Foi a era do improviso: vendia-se por desespero, gastava-se sem plano, e a corda ia apertando cada vez mais o pescoço do Dragão.

Mas hoje, finalmente, a conversa é outra.

➡ Vender bem não chega, é preciso saber o que se faz ao dinheiro

Nico por 60 milhões. Galeno por 50. No total, 172 milhões a entrar em duas janelas. O velho Porto teria torrado quase tudo em tiros no escuro, a distribuir milhões por “Famalicões” e “Portimonenses” desta vida, clubes que nos devem alta devoção por termos pago fortunas por mancos.

O investimento total do Porto neste mercado, somando bónus e tranches finais, chegou aos 111,35 milhões de euros. Mas aqui está o ponto: ao contrário do passado, não se gastou porque sim. Este Porto escolheu onde meter as fichas, Froholdt (20M€, já a mostrar que não treme), Gabri Veiga, Alberto Costa, Borja Sáinz…. e concentrou a artilharia em posições-chave.

A diferença é esta: não foi espalhar milhões por “mancos” em Famalicões e Portimonenses da vida, foi gastar muito… mas gastar bem em jogadores bons para o presente, e ainda com grande margem de progressão.

Ainda hoje me belisco para perceber se isto é mesmo o FC Porto que estou a ver. Mas é. E essa é a maior revolução de todas: isto é gestão e os resultados voltarão a partir disto.

➡ O negócio do Dragão: de mau contrato a músculo financeiro

Outro ponto decisivo foi a renegociação com a Ithaka. A exploração comercial do Estádio, antes avaliada em 65M€, saltou para os 100M€, com 50 logo pagos à cabeça. A isto juntou-se a emissão das Dragon Notes: 115M€, juro a 5,6%, prazo de 25 anos, com maturidade longa e rating internacional.

Traduzindo em portuês de bancada: o Porto deixou de andar a pedir dinheiro a agiotas da esquina para tapar buracos e passou a negociar crédito estruturado, em condições aceitáveis. Hoje paga menos juros, alonga prazos e ganha margem.

Pode não soar sexy, não dá manchetes como um golo no último minuto, mas é isto que separa quem manda de quem pede esmola.

➡ Cortar na gordura: até a administração levou tesoura

A nova direção cortou onde parecia intocável: salários da equipa principal, mordomias de dirigentes, fornecedores com contas gordas, até direitos de imagem inflacionados. Resultado? Menos 8% em custos operacionais. E aqui está o choque: sem Champions, a casa não ruiu. Pelo contrário, quem olhasse apenas para esta janela nem acreditaria que o FC Porto não estava na Champions.

Há poucos meses alguns berravam “sem Champions não há dinheiro”, como se o clube estivesse condenado a mendigar. Pois agora que o Porto mostra músculo, elas, incapazes de aceitar que existe gente que lê a realidade sem estar comprada, talvez por medirem os outros com a sua própria régua, só conseguem disparar a maior das idiotices: “o Porto paga-vos para dizer isso”.

➡ Dívida ainda pesada, mas já não sufoca

A dívida líquida do FC Porto está nos 251 milhões de euros. Para a nossa dimensão, e na minha opinião, continua a ser um valor pesado, porque as receitas “fixas” andam na casa dos 100 a 120 milhões anuais (sem contar com vendas de jogadores). A diferença é que agora a corda já não está tão apertada: os prazos foram esticados, os juros baixaram (média abaixo de 6%, quando antes se pagava 8, 10 ou até 12%), e a tesouraria respira.

O choque está no curto prazo: o diferencial entre ativo e passivo corrente melhorou em cerca de 165 milhões de euros em apenas seis meses. Antes tínhamos 58 milhões para enfrentar 301M de dívidas de curto prazo, hoje temos 160M para 238M. Continua desequilibrado? Sim. Mas deixou de ser a catástrofe de junho.

E há outro detalhe que mostra o caminho: os capitais próprios, que em 2023 estavam afundados em -176M€, agora estão “só” em -47,4M€. Antes era como tentar tapar buracos com a água a entrar pelo tecto; hoje, pelo menos, o balde já tem tampa.

Em bom português: antes o Porto tinha de pagar 301 milhões quase de imediato e só tinha 58 milhões à mão. Era como ter de pagar uma reforma completa na casa inteira e ter apenas dinheiro do café no bolso. Agora, com 160 milhões disponíveis para enfrentar 238 de curto prazo, o cenário continua apertado, mas já não é aquele sufoco de “fim de mês sem dinheiro para a renda”.

Quanto aos capitais próprios, pensem nisto como o “balanço da casa”: antes era como uma família atolada em dívidas por todo o lado, sem margem nem para respirar. Hoje ainda estamos no vermelho, sim, mas já não é aquela tragédia de ter credores à porta todos os dias.

➡ O Dragão voltou a encher

28 mil lugares anuais vendidos, +22% face ao ano passado. Jogos esgotados. Bilheteira a subir 33%. Até os treinos abertos bateram recordes. A receita operacional cresceu 8,5 milhões, puxada pela bilheteira e pelo regresso do sócio às bancadas.

Na primeira semana de vendas, os Lugares Anuais dispararam para quatro vezes mais do que no ano anterior, e pela primeira vez esgotaram. Sinal claro: o adepto voltou a acreditar. E quando a bancada enche, o músculo financeiro sente-se. Esta resposta dos portistas foi a verdadeira “injeção de capital” que também ajuda a compensar a falta de Champions.

➡ Conclusão: isto é voltar a jogar à Porto

Ninguém se iluda: a herança ainda é pesada. Mas a grande diferença é que hoje o Porto tem margem, critério e futuro. Passámos de vender por desespero a contratar por convicção. De pedir dinheiro a agiotas a negociar em Wall Street. De tapar buracos com fita-cola a construir base sólida.

Agora falta o resto: transformar músculo financeiro em títulos. Porque contas certas sem vitórias não aquecem, mas vitórias sem contas certas não duram.

E este equilíbrio, meus amigos, é o verdadeiro regresso ao espírito do Dragão.

Isto é voltar a jogar à Porto."

🖋 BestOfFutebol
É o início de uma bela história de encantar... mas que vai ser real:
E era uma vez, o Porto outra vez, de longe o melhor clube português.
E os portistas viveram felizes para sempre, com muitos títulos para festejar ano após ano e com o prazer suplementar de verem os repulsivos mostrengos Orcs e Osgas cuspirem baba e ranho sem parar e contorcerem-se com horríveis dores sob o poder da chama do bom Dragão FCP.