Continuando nesse exemplo.
Vamos imaginar que o Porto é uma casa de francesinhas.
De facto, é uma casa de francesinhas que já foi das melhores do mundo, embora desde há alguns anos para cá tenha perdido esse estatuto.
O antigo dono deixou a casa falida, contratou empregados ladrões e comprava produtos de baixa qualidade, que só davam para o desenrasque, para manter a clientela fiel.
Entretanto, chegou um novo dono, realmente interessado no bem do restaurante. Estabilizou as contas, impedindo que fosse à falência.
Infelizmente, para o lugar do antigo Chef, que também já não estava a ter os melhores resultados, contrata o ajudante de cozinha. Falha, como é óbvio.
Para o lugar do ajudante de cozinha, contudo, contrata um cozinheiro que estava na lista do IEFP.
O cozinheiro do IEFP não tem os melhores produtos. Com efeito, o molho da casa não é grande coisa: tem caldos Knorr, vinho de pacote do Pingo Doce, molho inglês da Makro, polpa de tomate da Compal, etc.
Enfim, ninguém pode esperar que o cozinheiro do IEFP tenha grandes resultados.
Não obstante, o cozinheiro tem esses ingredientes todos e resolve inovar: mete na receita uma mistura de ketchup com vinagre.
Toda a gente diz ao cozinheiro que essa merda não vale nada, que conseguiu piorar o que já não era bom, mas ele continua a insistir no seu "toque secreto".
A qualidade da casa de francesinhas vai caindo cada vez mais, ao ponto de uma tasca letã, com inúmeros processos de contraordenação da ASAE, conseguir ultrapassá-la no que toca aos rankings.
Entrementes, a meia-dúzia de clientes que ainda acham que a casa de francesinhas tem qualidade acusam sistematicamente os antigos clientes de serem uns traidores ou histéricos.