Congresso do PSD, em outubro de 2024. Recordo-me que acusou o Moedas de ter um discurso de extrema-direita, sendo muito mais severa com ele do que com o governo. No entanto, só encontrei isto no site do PS:
«Questionada sobre os anúncios feitos na área da segurança, Alexandra Leitão defendeu que “a aliança que apoia o Governo está a tentar apropriar-se do discurso da extrema-direita e uma das áreas em que o está a fazer é na segurança, a outra é na imigração”.»
O PS é o partido social-democrata por excelência. A Alexandra Leitão não se encaixa no PS que Soares e outros criaram. Ideologicamente, está algures entre o BE e o PS. Tem espaço para ser deputada, militante, etc., mas líder? Seria um enorme erro.
Quanto ao Moedas: não sei o que disse em relação aos dados provisórios da polícia que saíram este ano, mas conforme analisei aqui, qualquer conclusão que se possa retirar das estatísticas - seja a favor do aumento da insegurança, seja a favor do aumento da segurança - é errada. Se Moedas os usou para reafirmar um aumento da insegurança, então esteve inequivocamente errado.
Bom, mas essas declarações não se encontram de todo deslocadas da realidade. Tem havido um empolamento desses temas por parte do próprio governo/partidos da coligação, imagino que com a pretensão de obter ganhos políticos relativamente ao Chega. Usando o conceito que entretanto se popularizou, pelo menos é essa a percepção que tenho. ... o mesmo acontece noutros países, a direita tradicional pisca o olho ou adapta mesmo a forma ou o conteúdo das direitas radicais. Não é particularmente inovador, apenas não me agrada.
Não sei se seria um enorme erro. O sistema político português encontra-se inclinado para a direita, seguindo muitos outros congéneres. Facilmente se acusam políticos de esquerda ou de centro-esquerda de tenebrosos extremismos. Quais são, afinal, as posições políticas radicais de Alexandre Leitão? ... que não cabem num partido como o PS. Poderíamos notar, quanto à evolução dos partidos, que o PSD actual não é o de Sá Carneiro. O que diria Sá Carneiro do líder Passos Coelho e do seu PSD?... bem, seja como for, não sei até que ponto o centrão, ou a timidez política, se adequará ao dias que correm. Olhe-se para França, Itália, ... não me fiaria totalmente nas virtudes da dita e imaginada moderação, que sem manifestações concretas pouco ou nenhum significado tem.
Congratulo-me com a existência de diferentes vozes e graduações de esquerda, pois encontramo-nos num tempo em que elas são necessárias. De há décadas para cá, a economia global assenta em princípios de direita. Vivemos agora a ascensão da extrema direita. ... precisamos urgentemente de outras perspectivas e actores políticos.
Moedas rebateu a informação. Mas enfim, são questões laterais.